Ator, pastor e youtuber: Bozos seguem rumos diferentes e criticam "Bingo"

Quem cresceu nos anos 80 e assistiu ao Bozo na TV nem imaginava que havia mais de um intérprete por baixo do figurino e da maquiagem do palhaço. Pois há muito mais. Existem tantos artistas que deram vida ao personagem no SBT que daria para formar um time de futebol só de Bozos!

Pelo menos 15 Bozos já passaram pela televisão brasileira desde 1980, quando o programa estreou. Wanderley Tribeck, Luis Ricardo, Arlindo Barreto, Marcos Pajé e Décio Roberto foram os principais intérpretes do Bozo no SBT, mas eles tinham substitutos: Edilson Oliveira, Luiz Leandro e Paulo Seyssel Neto.

No Rio de Janeiro, Charles Myara e Nanni Souza se revezaram como Bozo. Jonas Santos e Evandro Antunes atuaram em Minas Gerais e Cau Alves foi o palhaço na Bahia. Além deles, dois artistas interpretaram Bozo nos anos 2000: André Luiz (em eventos especiais do SBT) e Jean Santos, na retomada do programa, em 2013.

Os Bozos seguiram caminhos diferentes após o fim do programa. A maioria virou pastor evangélico (Wanderley Tribeck, Arlindo Barreto e Nanni Souza), mas outros intérpretes continuaram na carreira artística. Luiz Ricardo ainda está no SBT, Charles Myara atuou em novelas da Globo e Edilson Oliveira tem um canal no YouTube de Chiquinho, um de seus personagens mais famosos.

"'Bingo' é fantasioso"

A rotatividade de palhaços não é mostrada no filme "Bingo, o Rei das Manhãs", que mostra a história de Arlindo Barreto, intérprete que se viciou em cocaína e se salvou na igreja. Os Bozos procurados pelo UOL até elogiam o longa-metragem, mas criticam "exageros" e não se veem representados na produção estrelada por Vladimir Brichta.

"['Bingo'] é uma coisa fantasiosa. Você imagina o Silvio Santos pensando: 'Luis Ricardo era tão louco assim?'. Quando eu saio na rua, perguntam se eu parei de cheirar", conta Luis Ricardo, intérprete de Bozo durante oito anos.

"Saíamos juntos, cheirávamos juntos e bebíamos juntos. Tive muita ligação com ele. O importante é que ele teve um final feliz, como o Wandeko e eu. O filme deveria ter colocado que os três Bozos estão hoje libertos pela misericórdia de Deus. Ficou muito superficial, 'viagem' mesmo", analisa Marcos Pajé, que também livrou-se das drogas após virar evangélico.

"Achei exageradas as cenas do Bingo usando drogas e recebendo prostitutas no camarim da TV. Mas o filme é bom e, como diz, é baseado na vida de Arlindo Barreto. A única coisa [comum] de todos nós é sobre o contrato de sigilo absoluto em relação à revelação pública do ator atrás da máscara", avalia Evandro Antunes, o Bozo mineiro.

"[O filme é] baseado na vida pessoal dele [Arlindo Barreto] e envolveu o personagem que não tem nada a ver com a história", critica Edilson Oliveira, que além de Bozo interpretou Tereuteuteu no programa infantil.