Topo

Xodó de Chacrinha e Silvio, Gilliard canta com o filho e prepara 1º DVD

Gilliard se apresenta com o filho, Sylvinho Marinho - Reprodução/Rede Vida
Gilliard se apresenta com o filho, Sylvinho Marinho Imagem: Reprodução/Rede Vida

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

02/10/2017 04h00

Por onde anda Gilliard? Famoso nos anos 80, o cantor, que tinha cadeira cativa nos programas de Chacrinha e Silvio Santos, não virou "aquela nuvem que passa", como o verso de seu primeiro hit. Mesmo distante do sucesso de antigamente, ele continua fazendo shows, principalmente no Nordeste e na África, e aparecendo na TV. Recentemente, foi ao "Ding Dong", quadro de Faustão, e ao "Programa do Ratinho".

Hoje, aos 59 anos, o cantor tem um parceiro no palco, o filho Sylvio Marinho, que aposta no sertanejo e cuida das redes sociais do pai. Apesar dos estilos diferentes, o cantor romântico gosta de se apresentar com o caçula e acredita que ele pode seguir seus passos na música, como fez ao sair da casa dos pais, em Natal (RN), e se mudar para o Rio de Janeiro com apenas 13 anos.

Gilliard se apresenta com o filho, Sylvio Marinho - Reprodução/Instagram/gilliardoficial - Reprodução/Instagram/gilliardoficial
Gilliard se apresenta com o filho, Sylvio Marinho
Imagem: Reprodução/Instagram/gilliardoficial
"Eu o levava na TV com a irmã, Bruna, mas ela virou médica. Ele gostava, fazia imitações. Cantou samba no colégio e formou-se em Rádio em TV, mas queria cantar. Falei para ele fazer o que quisesse, porque quando avisei meus pais e peguei a estrada eles não disseram nada. Estou contente, até onde ele quiser estarei do lado dele, porque sou pai coruja", afirma ao UOL.

Além de ver seu filho cantar, Gilliard está prestes a realizar seu outro sonho: lançar o primeiro DVD. O cantor planeja registrar seu show desde 2012, ano em que gravou seu CD mais recente, "Um Convite à Minha Voz", com regravações. Desta vez, ele prepara um trabalho "autobiográfico", contando sua história por meio das músicas que marcaram sua carreira.

"Minha meta é lançar o DVD cantando e contando a minha história, desde o início, como foram feitas as músicas, como eu comecei, quando eu cantava nas serenatas com os adultos. Nos shows, as pessoas estão adorando esse tipo de trabalho", antecipa ele, que pretende anunciar o novo trabalho até o início de 2018, quando completará 40 anos do primeiro álbum.

Gilliard no "Cassino do Chacrinha" - Reprodução/Viva - Reprodução/Viva
Gilliard no "Cassino do Chacrinha"
Imagem: Reprodução/Viva

Chacrinha e a "sacanagem"

Gilliard virou "queridinho" dos apresentadores a partir de 1979, ano de lançamento de "Aquela Nuvem", o primeiro álbum de sucesso. Chacrinha foi um dos primeiros a mostrar o cantor na TV, já que, por uma estratégia da gravadora RGE, que queria tornar primeiro sua voz famosa, ele não podia exibir o rosto. O cantor potiguar logo virou figurinha carimbada do "Cassino", ganhou troféu de "rei da juventude" e teve o apoio do Velho Guerreiro para cantar "sacanagem".

"Quando Chacrinha me anunciou como 'rei da juventude romântica do Brasil', entrei tremendo, sempre ficava nervoso, mas ele deu muita força. Por contrato, eu tinha que fazer no mínimo oito Chacrinhas por ano. Tinha uma frase na música 'Não Diga Nada' que dizia: 'Deixa que eu te coma com os olhos', e as mulheres gritavam! Chacrinha falava: 'O povo brasileiro gosta de sacanagem! Quando você fala 'Deixa que eu te coma', a mulherada fica louca! É por isso que eu digo, tem que gravar música de sacanagem!'", relembra.

Silvio Santos no Qual É a Música? - Divulgação - Divulgação
Marcelo de Nóbrega, Silvio Santos e Gilliard no "Qual É a Música?"
Imagem: Divulgação

Silvio Santos, a pulga e o percevejo

Em 1983, Gilliard deu uma guinada na carreira e trocou o romântico pelo infantil. "A Festa dos Insetos", do refrão "Torce, retorce, procuro mas não vejo, não sei se era a pulga ou se era o percevejo", é a música mais famosa do cantor e a mais pedida nos shows e na TV. "É impressionante como o pessoal pede, o Faustão adora", comemora. A fábula, por incrível que pareça, quase não foi lançada, mas um conselho de Silvio Santos o ajudou a desafiar a gravadora.

"Não entendia por que as crianças gostavam de música romântica e decidi homenageá-las, mas a gravadora proibiu. Foi uma briga! Minha mulher estava grávida e eu queria lançar. Falavam: 'Isso vai acabar com sua carreira!'. Contei ao Silvio, porque eu vivia lá no SBT. Ele falou: 'Gilliard, ponha uma coisa na sua cabeça: se eu fosse cantor, para fazer sucesso eu cantava até 'Mamãe, Eu Quero!'. Peitei a gravadora e vendi 1 milhão de cópias", recorda.

Com Silvio, Gilliard batia ponto no "Qual É a Música" e obteve 21 vitórias. O dono do SBT não engoliu a derrota do cantor para a argentina Julia Graciela, mas ele garante que não perdeu de propósito.

"Ele veio atrás de mim e falou: 'Você perdeu porque quis!'. Mas me deu branco. Eu pedi sete notas e ela acertou 'Tatuagem', do Chico Buarque, e ganhou. O programa me consumia muito, ficava nervoso porque não sabia quem eu iria enfrentar. Ele queria me contratar para fazer 'Show de Calouros', 'Porta da Esperança'. Não saí do SBT durante dez anos. Aprendi muito com Silvio", relembra.