Topo

Vigia e jardineiro de casa de Belo acusam: "Quer dar calote em todo mundo"

Belo é acusado por funcionários da rua onde mora, em São Paulo, de dar calote - Reprodução/Instagram/cantorbelo
Belo é acusado por funcionários da rua onde mora, em São Paulo, de dar calote Imagem: Reprodução/Instagram/cantorbelo

Felipe Pinheiro

Do UOL, em São Paulo

11/10/2017 04h00

Um vigia e um jardineiro acusam o pagodeiro Belo de não pagar por serviços prestados na casa onde o cantor vive com a mulher, Gracyanne Barbosa, e seus vários cachorros no Jardim Paulista, em São Paulo. O cantor responde a um processo na Justiça movido pela proprietária do imóvel, que o acusa de dever R$ 500 mil em aluguéis atrasados.

Manoel Apolinário, 53, todos os dias sai da região do Jardim Almeida Prado, próximo ao Grajaú, para assumir o turno da tarde da guarita que fica na rua, num dos bairros mais caros da capital. É assim há 20 anos, desde que ele se tornou vigia no endereço.

Ele conta que sempre teve uma boa relação com os moradores, mas algo mudou com a chegada dos vizinhos famosos para a casa de portões pretos e muro alto que estava vazia após a proprietária Márcia Gomes se mudar para os Estados Unidos. "Ela foi embora do Brasil, olhávamos a casa dela e todo mês ela depositava o dinheiro na nossa conta. Mesmo sem morar aqui ela pagava. Depois é que ela alugou a casa e veio morar o Belo", contou ele durante visita do UOL ao endereço, na semana passada.

Segundo o vigia, os problemas não demoraram a aparecer: "Ele veio morar aí e disse que iria colaborar com a gente. Passou o primeiro, o segundo mês e ele acertou com a gente -- mas menos do que ela [a proprietária] pagava. A gente aceitou. Daí pra frente, não pagou mais".

Casa do cantor Belo em São Paulo; proprietária vive em Miami e processa o pagodeiro por não pagar o aluguel - Felipe Pinheiro/UOL - Felipe Pinheiro/UOL
Casa do cantor Belo em São Paulo; proprietária vive em Miami e processa o pagodeiro por não pagar o aluguel
Imagem: Felipe Pinheiro/UOL
 

Apolinário é casado e tem uma filha de 23 anos. O que ele gosta mesmo é de música sertaneja, mas tinha apreço pelo cantor que explodiu com o grupo Soweto nos anos 90 antes de se lançar em carreira solo. "Eu vim saber que era ele morando aqui quando o vi. Os meninos da rua comentaram: 'É o Belo, é o Belo!' Eu pensei: 'Que legal, inclusive minha filha é fã dele.' Ele conversava com a gente", lembra.

O vigia diz que Belo, no trato pessoal, é "tranquilo e simpático", mas considera a experiência de prestar serviços a ele como "desagradável". Ele conta que foi atrás do cantor para receber seu pagamento, sem sucesso: "Eu comecei a falar com ele: 'E aí Belo, acabou o mês. Ele dizia: 'Vou acertar... É porque estou me mudando'. Isso faz mais de seis meses. Daí, nunca mais colaborou com a gente", diz ele, referindo-se a outros dois colegas que se revezam nos turnos.

"Estou sabendo que ele está para sair da casa e é uma pena. A gente fica meio que transtornado com a situação e não podemos fazer nada. Paciência. É desagradável. Até porque, de qualquer forma, estamos cuidando da casa onde ele está morando. É a consciência dele", lamenta Apolinário, que diz ter recebido do cantor R$ 1 mil reais apenas pelos dois primeiros meses dele na residência. "O cara quer dar calote em todo mundo. Assim não dá."

Detalhe da casa que Belo aluga em bairro nobre de São Paulo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Detalhe da casa que Belo aluga em bairro nobre de São Paulo
Imagem: Arquivo pessoal
 

Jardineiro: "Cobrei, mas não recebi"

José Carlos, de 50 anos, 35 deles fazendo a manutenção dos jardins da vizinhança, também acusa o pagodeiro de ter contratado seus serviços e não ter pago. "Eu estava fazendo o serviço em uma casa na frente e ele me chamou. O cara gente fina e faz uma dessas, né?", diz sobre o calote que afirma ter levado. "A gente ia até reformar o jardim, mas por causa disso não voltei mais lá."

O trabalho, segundo José Carlos, foi feito em dois dias, pelo qual cobrou R$ 400. "Fiquei bastante chateado. Cobrei umas duas, três vezes. Não foi diretamente com ele. Cheguei lá, deixei o recibo e falei que passava mais tarde para pegar o cheque. Até hoje... Deixei pra lá", contou, resignado. 

Uma moradora da rua, que pediu para não ser identificada, confirmou a versão dos funcionários, que prestam serviços em outros imóveis. Mas apesar do histórico de dívidas, afirma não ter reclamações dos vizinhos famosos. "Eles são sossegados", resumiu.

Procurada pelo UOL, a assessoria do pagodeiro informou, por mensagem, que Belo não tem conhecimento das dívidas, já que "pagamentos e contratações são de responsabilidade de seu escritório". "Vale lembrar que nem todos os funcionários da casa tem conhecimento dos serviços prestados na residência. Caso existam contratos ou documentos que comprovem os eventuais serviços prestados o pagamento será feito imediatamente", diz o texto.