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Acusada de pagar propina, Globo diz que esclarecer caso é questão de honra

William Bonner volta ao "Jornal Nacional" após quebrar o pé e se afastar durante uma semana - Reprodução/TV Globo
William Bonner volta ao "Jornal Nacional" após quebrar o pé e se afastar durante uma semana Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo*

14/11/2017 21h30

Acusada de ter pago propina por direitos de transmissão, a TV Globo se defendeu das denúncias em uma longa reportagem de 5 minutos e 24 segundos, exibida pelo "Jornal Nacional", nesta terça-feira (14). A emissora se disse "surpreendida" com as acusações e ressaltou que "esclarecer caso é uma questão de honra".

A TV Globo foi citada pelo ex-presidente da empresa "Torneos y Competencias" (TyC) Alejandro Burzaco, um dos 42 acusados de participar de um esquema de corrupção envolvendo a Fifa. Além da empresa brasileira, Fox Sports (EUA), Televisa (México), Media Pro (Espanha), Full Play (Argentina) e Traffic (Brasil) também foram citadas no depoimento de Burzaco.

"Várias: Fox Sports dos Estados Unidos, Televisa do México, Media Pro da Espanha, TV Globo do Brasil, Full Play da Argentina, Traffic do Brasil, Grupo Clarín da Argentina", disse o empresário sobre parcerias com a TyC.

Em seguida, ele foi questionado pelo promotor se alguma delas pagou propina. "Todas, menos o Clarín", completou Burzaco, que prometeu devolver 21 milhões de dólares para reduzir sua sentença.

Durante o "JN", o apresentador William Bonner leu uma nota em que reforça o posicionamento da emissora. "O Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido. Para a Globo, isso é uma questão de honra. Os nossos princípios editoriais nem permitiriam o contrário, mas o Grupo Globo considera fundamental garantir aos leitores, aos ouvintes e aos telespectadores que o noticiário será divulgado com a transparência que o jornalismo exige."

"Fifa-gate"

Os números impressionam: 42 dirigentes do futebol e empresários das Américas, além de três empresas, foram indiciados pela justiça americana numa acusação de 236 páginas, que descreve 92 delitos em 15 esquemas de corrupção no valor de 200 milhões de dólares durante 25 anos.

"Isso era generalizado, através de países, através de federações. Era um estilo de vida!", acusou uma promotora encarregada do caso, Kristin Mace, em abril.

Os acusados distribuíam ou recebiam contratos de televisão e marketing de jogos das eliminatórias para a Copa do Mundo em troca de subornos, pagos com maletas cheias de notas ou por complicados esquemas bancários. Agora, terão que responder às acusações de associação com outros integrantes da Fifa, fraude bancário, lavagem de dinheiro e crime organizado.

Mas apenas Marin, Manuel Burga, ex-presidente da federação peruana, e Juan Ángel Napout, ex-presidente da Conmebol, irão a julgamento nos Estados Unidos, num processo complexo que poderá durar semanas, ou até meses, e no qual os promotores irão apresentar 350.000 páginas de documentos como prova, além de dezenas de testemunhos.

Um júri popular ficará encarregado do veredito. Caso sejam declarados culpados, a juíza Pamela Chen poderá sentenciar os ex-dirigentes a até 20 anos de prisão. Os advogados dos acusados não quiseram comentar os casos antes do início do processo.

*Com informações da agência AFP, em Nova York