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Xaropinho diz que politicamente correto mudou Ratinho: "Ficamos bunda mole"

Ratinho apresenta Eduardo Mascarenhas, manipulador do Xaropinho, pela primeira vez ao público durante especial de 15 anos do programa - Rperodução/SBT.com.br
Ratinho apresenta Eduardo Mascarenhas, manipulador do Xaropinho, pela primeira vez ao público durante especial de 15 anos do programa
Imagem: Rperodução/SBT.com.br

Gilvan Marques

Do UOL, em São Paulo

23/12/2017 04h00

Pastor há quatro anos, Eduardo Mascarenhas, manipulador do boneco Xaropinho, afirma que o "politicamente correto" mudou o "Programa do Ratinho" e a postura do próprio elenco, inclusive a dele, que precisou se "reinventar".

"De repente, tirar um barato ficou politicamente incorreto. Não podia entrar mais alguém no palco e fazer algum comentário. O humor mudou, tudo mudou. O Ratinho virou um 'tiozão'. Ele era bem doido. E eu tive que me reinventar também. Acho que nós fomos domesticados. A gente foi ficando velho, bunda mole", disse o manipulador ao UOL.

Lançado pela TV Record em 1998, o "Programa do Ratinho" se tornou um fenômeno nacional exibindo barracos e denúncias. Mais tarde, já no SBT, deu uma parada em 2006 e voltou totalmente repaginado três anos depois, onde permanece no ar até hoje. Nesse período, a atração passou por muitas mudanças. Ratinho ficou mais "contido", e Xaropinho, o seu velho parceiro, menos "desbocado".

"Hoje eu percebo que reconquistei uma outra postura dentro do programa. Eu acho que o Xaropinho se aproximou mais das crianças, ele é mais bem aceito pela família", avalia ele, que não vê contradição entre o personagem "bocudo" e sua atuação como pastor.

"Eu venho de uma família de pastores. Sempre estive na igreja. Até mesmo quando o Xaropinho falava besteira, eu estava lá", contou ele, rindo.

Com a permissão do Ratinho, Mascarenhas leva até mesmo o personagem a cultos evangélicos. Nas celebrações, é claro, Xaropinho também contém os palavrões ao interagir com os fiéis. 

"Sofri perseguição"

Uma das principais características de Xaropinho no início era falar (ou sugerir) palavrões ao vivo. Mas as reclamações começaram a pipocar e, após responder até a um processo, Mascarenhas precisou buscar novas alternativas para o boneco.

"O pessoal reclamava muito porque eu falava palavrão. Sofri perseguição de vários setores, como jornais, pais, telespectadores. Diziam que o Xaropinho seria um péssimo exemplo [para as crianças]. Isso por volta de 2004 ou 2005. Então eu fui diminuindo", relembra.

Aos 44 anos, casado há 18 e pai de duas filhas, Eduardo Mascarenhas diz não pensar em parar com o personagem. Pelo menos por enquanto. "Eu não penso muito lá à frente não", resumiu ele.