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Ator que faz pedófilo falou sobre papel com filha: "Não tem como defender"

Vinícius (Flavio Tolezani) e Laura (Bella Pietro) em "O Outro Lado do Paraíso" - Raquel Cunha/Divulgação/TV Globo
Vinícius (Flavio Tolezani) e Laura (Bella Pietro) em "O Outro Lado do Paraíso" Imagem: Raquel Cunha/Divulgação/TV Globo

Gisele Alquas

Do UOL, em São Paulo

09/02/2018 04h00

A revelação de que Vinícius (Flávio Tolezani) abusou sexualmente de Laura (Bella Pietro) na infância será um choque para os telespectadores de “O Outro Lado do Paraíso”. Nas cenas, previstas para esta sexta-feira (9), Laura finalmente tira a máscara do delegado e conta porque tem pavor do padrasto. Quando criança, ela foi molestada por ele.

O pedófilo terá seus crimes expostos e, durante a investigação, seu computador será apreendido. Flávio Tolezani conta que gravar a cena com Bella Pietro foi muito delicada, mas que a preparação entre eles foi cuidadosa e importante para a complexidade da trama.

“Tivemos uma preparação maravilhosa, tanto mental como corporal. Houve muito respeito e cuidado um pelo outro na hora de gravar. Estudamos vários caminhos possíveis de como trabalhar essa relação dos dois e de como seria o dia da revelação. Foi um trabalho muito cuidadoso do autor e da direção. Para mim, é muito tenso as cenas quando a Bella está presente, é bem difícil, é uma carga muito pesada”, conta o ator ao UOL.

Nas cenas, Laura explica para Clara (Bianca Bin) tudo o que Vinícius fez com ela na infância e o porque ela tem fobia de tartarugas. Era no tanquinho das tartaruguinhas de sua antiga casa que o padrasto a molestava.

“Não tem como defender o personagem. As coisas que aconteceram com a Laura provocam uma repulsa muito grande. Desde o início da novela, eu sabia que o personagem não era correto. O Vinícius vai tomar um rumo que não tem salvação”, afirma o ator, que pesquisou e leu livros sobre casos de pedofilia para compor o personagem.

Mais do que alguém com um grave transtorno sexual, Vinícius é um homem sem sentimentos. “Pedofilia é doença, uma covardia. Os transtornos que o Vinicius tem são de um psicopata. É muito complexo”, afirma o ator, que preveniu a filha de 13 anos sobre seu papel.

Laura conta para Adriana (Julia Dalavia) que Vinícius abusou dela na infância  - Reprodução/Gshow - Reprodução/Gshow
Laura conta para Adriana (Julia Dalavia) que Vinícius abusou dela na infância
Imagem: Reprodução/Gshow

Se já não bastasse o sofrimento de ser abusada por alguém dentro de casa, Laura não vai contar com o apoio da mãe, que duvidará de seu relato. Apaixonada pelo marido e grata por Vinícius tê-la assumido com uma filha pequena, Lorena vai se mostrar incrédula e afirmar que o marido era carinhoso com a menina e que ela era rebelde na infância e não aceitava o amor do padrasto. “Não era amor, era sexo”, retrucará a filha.

Flávio Tolezani lamenta que a situação entre mãe e filha na ficção aconteça na vida real. “É mais frequente do que a gente imagina. Estudamos as estatísticas, é muito comum, mais da metade dos casos as pessoas ao redor não acreditam nas vítimas. Não ter apoio da família é o estopim de uma derrota. É fundamental como esse alerta da novela chegar para a sociedade. Como ator, é algo muito marcante na minha carreira”, afirma.

Cínico e dissimulado

Nos próximos capítulos, o delegado vai declarar seu “amor” a Laura para tentar convencê-la a retirar a queixa contra ele.

Na rua, o intérprete diz que o público é generoso, mas muitos confundem realidade e ficção. “As pessoas misturam não gostar personagens com o ator. Já ouvi gente dizendo: ‘Você não fazer isso com a sua enteada né?, deixa ela viver a vida dela’”, diz o ator, que consegue esquecer da carga pesada do personagem ao sair do estúdio: “É difícil, mas eu consigo me desligar completamente”.

Vinícius vai tentar de tudo para se livrar as denúncias de Laura. O desfecho do delegado, segundo Tolezani, só autor sabe. “O Walcyr [Carrasco] está surpreendendo. Mas redenção não existe para ele. Vai ter que ser preso e punido”, espera.

De acordo com o site “Notícias da TV”, Vinícius irá morrer na cadeia. O delegado será julgado e condenado e morrerá esfaqueado brutalmente por outro preso. Já a mãe da jovem molestada sairá de cena reencontrando o pai de sua filha. Ela se mudará para São Paulo.