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"É um momento difícil para se fazer humor", diz Eduardo Sterblitch

Fábio Porchat, Dani Calabresa e Eduardo Sterblitch Imagem: Ag.News

Marcela Ribeiro

Do UOL, no Rio

15/03/2018 04h00

Não há dúvidas que o humor televisivo passa por uma mudança. Embora ainda tenha espaço cativo na TV, há uma transformação em curso. A Globo, por exemplo, repaginou o "Zorra", aposta no remake da "Escolinha do Professor Raimundo", com elenco e piadas renovadas, e na irreverência do "Tá no Ar - A TV na TV".

Os principais reflexos dessa mudança aconteceram na grade da Band com a extinção do "CQC", em 2015, e a saída do "Pânico", no ano passado. Atualmente, a emissora exibe apenas uma reprise de "Mr. Bean".

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UOL foi ao Prêmio de Humor, organizado por Fábio Porchat, e conversou com o anfitrião e outros artistas sobre o assunto. O evento aconteceu na terça-feira (13), no Rio, e teve como homenageado Agildo Ribeiro, além da presença de Ney Latorraca, Berta Loran, Lúcio Mauro, Ingrid Guimarães, entre outros.

Para Eduardo Sterblitch, que se consagrou no "Pânico" e é contratado da Globo, o gênero passa por um momento complicado.

"É um momento difícil para se fazer humor de modo geral. O humorista está reaprendendo a se colocar. Palavras que deixam as pessoas chateadas não podem mais ser usadas. Hoje em dia o humor de agressão, que você espera uma resposta, para depois dar um soco, passou. É um momento mais erudito", disse.

Imagem: Reprodução

O ator ganhou fama nacional com o Freddie Mercury Prateado e o Poderoso Castiga, do "Pânico", no qual ficou por oito anos. Ele acredita que o programa ainda voltará ao ar.

"Para fazer rir, você tem que estar cinco vezes mais ligado. E o 'Pânico' não acabou, vai voltar, não sei aonde nem quando, mas é um fenômeno acima e mais forte que o próprio Emílio [Surita]. Não é um programa, é um fenômeno, um acontecimento", exagera.

Para Dani Calabresa, que também trabalhou no "Pânico", em 2007, e no "CQC", por dois anos, os humorísticos perderam o fôlego. Ela atualmente está no elenco do "Zorra".

"Durou muitos anos e é a mesma fórmula. Então, a gente já sabe que o cara de terno vai lá, tentar dar um par de óculos de presente", disse. "Tudo tem que se renovar. Tudo tem um ciclo, nada dura para sempre."

Dani Calabresa no "CQC" Imagem: Reprodução/Band

"Já 'A Praça é Nossa' troca os personagens, dá uma nova cara. O 'Zorra Total' durou mais de 15 anos com fases muito diferentes. Teve a Lady Kate [Katiuscia Canoro], a Valéria Bandida [Rodrigo Sant'Anna], o Rogério Cardoso, a Nair Bello, depois foi no metrô...", exemplificou Calabresa "Tudo tem que se renovar. A gente tem que estudar, se desafiar, escrever textos diferentes do que a gente fazia há dez anos", completou.

Para Fábio Porchat, que está à frente de um "talk show" na Record, acredita que a TV aberta oferece um leque de opções de humor e considera natural o fim de humorísticos após um longo período no ar.

"É legal ter de tudo na TV. Gosto que tenha 'A Praça é Nossa', 'Zorra', os 'talk  shows'. É legal para o público poder escolher. Todo humor funciona, o 'Pânico' acabou, mas ficou 14 anos no ar. É natural, 'A Grande Família' acabou depois de 14 anos também. O legal é expandir e ter de tudo um pouco", disse. Ele também acha normal os veteranos darem lugares a humoristas novatos na TV.

"Isso aí é natural. O ator vai envelhecendo e passa a fase de que pode ser o pai, pode ser o marido, depois vira o avô. Apesar de poder trabalhar até muito tempo, o ator vai perdendo o espaço mesmo. Já escrevi uma peça para quando eu tiver 70 anos. É bom para renovar, para as pessoas poderem entrar", comparou Porchat.

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