"Dá medo de levar filho à escola", diz Lombardi, carcereiro em nova série
Adriano é um ex-professor de história que, inspirado pelo pai, decidiu se tornar um carcereiro. Em "Carcereiros", série que a TV Globo estreia no dia 26 de abril, o personagem vivido por Rodrigo Lombardi vive dias difíceis e passa apuros durante a rotina no presídio, apesar de acreditar verdadeiramente na reabilitação dos presos.
Para o ator, o fato de interpretar um agente prisional que é também ex-professor possui um peso diferente. "Eu achei muito bonita essa coisa dos autores colocarem ele [o personagem] como ex-professor; ele conseguir achar que a profissão de carcereiro, que é esse inferno que a gente vai mostrar, ainda é melhor do que ser professor", disse o ator durante o lançamento da série nesta sexta-feira (6), na fábrica transformada em presídio onde a segunda temporada já começou a ser gravada, na zona leste de São Paulo.
Lombardi também acredita que a série permite uma visão mais ampla sobre o panorama brasileiro. "Estamos sob um teto de vidro, estilhaçado. O Brasil só falta ruir. A gente vê no Rio de Janeiro um estado falido, a gente vê em São Paulo a violência que cresce, vê no Nordeste a violência crescendo. E isso tudo reverbera em mim, eu tenho medo de levar meu filho para a escola. E é isso que a gente mostra na série".
Disponível na íntegra (12 capítulos) desde junho de 2017 pelo Globoplay, o seriado, que conquistou o prêmio do júri do Mip Drama, em Cannes, é escrito por Marçal Aquino, Fernando Bonassi e Denisson Ramalho. Com direção de José Eduardo Belomonte e Fernando Grostein, idealizador do projeto, a série é livremente inspirada no livro homônimo de Drauzio Varella.
Para o ator, o objetivo da trama é provocar questionamentos nos telespectadores. “Eu acho ingênuo, ou às vezes até leviano aquele autor ou ator que fala: ‘Nós viemos trazer respostas’. Ninguém traz respostas. A gente através das pesquisas consegue, talvez, melhorar a qualidade das perguntas, mas não trazer respostas”, explica.
Originalmente, o papel de Adriano estava reservado para Domingos Montagner. Após a morte do ator, que se afogou no rio São Francisco em 2016, Rodrigo foi chamado para substituí-lo. "Eu cheguei na sexta e comecei a gravar na terça. Depois dessa tragédia, eu fui um dos nomes cotados. Já estava escalado para 'A Força do Querer'. Esse foi um dos motivos da não exibição de carcereiros [no ano passado]. Ia acabar a novela e eu ia entrar no ar de novo".
Lombardi, que considera “Carcereiros” como "talvez o melhor trabalho" de sua carreira, acredita que o grande mérito do seriado é forma como a história é contada.
"A gente foge do folhetim. Não estou questionando o folhetim, mas a gente foge dessa métrica. A gente está um pouco mais próximo do documentário do que do folhetim. O que está sendo dito é o que vale. Por isso a gente tem que deixar o psicologismo um pouco à parte", diz o ator.
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