Taís Araújo explica como trata racismo e respeito com Lázaro e os filhos

Taís Araújo falou do relacionamento com Lázaro Ramos, suas bandeiras sociais e a nova temporada de "Mister Brau" no "Conversa com Bial" de terça-feira (17). Apesar do discurso engajado que costuma usar em suas entrevistas, a atriz conta que não foi o lado politizado do marido que a atraiu em um primeiro momento.

"Vamos fazer 14 anos juntos, já tínhamos carreiras muito consolidadas quando nos conhecemos. Ele era muito mais politizado, veio do Bando de Teatro Olodum, com pensamento embasado social, e eu não tinha essa vivência. Essa parte política veio muito depois, foi toda uma construção. Acho que o teatro foi transformador pra ele, estar com aquelas pessoas tentando encontrar alternativas para as mazelas fez com que o pensamento dele fosse bem lapidado", avalia.

Bial lembra que Taís teve uma criação "classe média" quando a família saiu do Méier para a Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. "Eu me mudei pra Barra com 9 anos. Na minha casa se falava sobre os problemas do Brasil da porta pra fora. Preconceito, racismo e tal, simplesmente não se falava. Meus pais diziam: 'você gosta de ser ignorada? Então ignora'. Só que quando saí pra rua vi que não bastava, que tinha que ter um pensamento sobre, ser mais vertical na questão".

Ela conta ainda que ensina os filhos João Vicente, de 6 anos, e Maria Antônia, de 3, a respeitarem as mulheres. "Entre um flerte e um abuso, as coisas não se misturam. Não é não, acabou. Repito diariamente pro meu filho e para a minha filha também". Tanto engajamento no discurso tem um preço. "As pessoas ficaram violentas comigo", afirma.

Mister Brau

A série, que volta ao ar na próxima terça (24), traz novidades. "A gente vai bombar a Michele, que sempre esteve à frente, tinha um talento de empresária e transformou o marido nesse popstar. Agora ela faz mais sucesso e ele não segura a onda de ter uma mulher que ganha mais que ele em casa. Tem também os ciúmes dele. Tudo isso acontece pra gente reconstruir o Brau e ele voltar poderoso no final", adianta.

A atriz ressalta um ponto que considera diferencial. "É a primeira vez que temos autores negros escrevendo a série. O Lázaro escreveu a outra temporada também, mas tinha um número maior de autores. Se não tiver alguém da Zona Norte [do Rio] escrevendo, precisa ter alguém próximo, se não fica uma visão estrangeira daquilo. 'Mister Brau' é uma prova que, quando essa identidade está presente, fica mais real, mais justo", defende.

Taís comemora a vida longa do programa, que caiu nas graças do público. "A série nasceu para ser uma temporada. No meio da primeira, falaram de fazer a segunda, emendamos a gravação. Agora dizem que é a última, mas como a primeira também era para ser a última, não acredito mais em nada", disse, aos risos.