Buiú da "Praça" lembra fase ruim após morte de Lafond: "Vendi carnê do Baú"
Há 25 anos no ar em "A Praça é Nossa", Edvan Rodrigues de Souza, mais conhecido pelo apelido de Buiú, relembrou a fase difícil pela qual passou logo depois da morte do ator Jorge Lafond (1952 -2003), a Vera Verão, com quem contracenou por quase uma década no humorístico do SBT.
Lafond morreu aos 50 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória, em 2003. Ao UOL, Buiú, que fazia o personagem Azeitona, diz que logo depois da morte de seu parceiro no programa foi demitido pelo SBT e precisou até vender carnê do Baú para se manter.
"Depois que Lafond faleceu houve um corte na emissora e eu fui o único mandado embora da 'Praça'. Foi o momento mais difícil pra mim. Fui criado no SBT e de repente você é demitido. Aí veio a dificuldade. Tive que me virar. Vendi pastel na feira, fui servente de pedreiro e tive que vender carnê do Baú [da Felicidade]", relembra. "Não faltou comida em casa porque tenho amigos e família".
Buiú só conseguiu voltar à televisão quatro anos depois graças à ajuda de João Kleber, que viu a história do comediante retratada no programa de Márcia Goldshmidt, à época na Band. Em 2010, Carlos Alberto de Nóbrega o contratou novamente para "A Praça é Nossa", onde permanece até hoje.
Nascido na cidade de Caetité (BA), Buiú conta que foi abandonado pelos pais ainda quando era pequeno. Adotado por outra família, mudou-se logo depois para São Paulo.
Em 1987, um dos diretores da "Praça" viu o menino esperto e espontâneo e convenceu o pai adotivo a levá-lo para um teste. Passou e se tornou a primeira criança a entrar para o humorístico do SBT, aos 6 anos de idade.
No banco da "Praça", Buiú já fez inúmeros quadros e personagens: sentou-se ao lado do craque Pelé, teve o seu coração "disputado" entre Roberta Close e Vera Verão e hoje, aos 37 anos, atua como o gari palpiteiro do humorístico.
"Criei uma família, é a minha segunda casa, a minha vida. O Carlos Alberto é um mestre", derrete-se o comediante, que teve o seu contrato renovado recentemente após 25 anos, entre idas e vindas, no programa.
Em 2012, o comediante deu uma pausa na carreira, se afastou da TV e se candidatou à prefeitura de Diadema, na Grande São Paulo. Não conseguiu se eleger. Ao ser questionado se pensa em voltar à política, ele é enfático. "Não quero mais me aventurar na política, não é a minha praia", conclui.
Preconceito nas ruas
Buiú conta que a parceria de 8 anos com Lafond, a Vera Verão, foi o ápice de sua carreira, uma "das melhores fases da minha vida". "Quando ele faleceu foi um choque muito grande. Ali eu perdi o rumo. Foram 8 anos de aprendizado, de convivência", lamenta.
O humorista conta que, por serem negros, os dois eram constantemente vítimas de preconceito nas ruas. "No caso do Lafond [o preconceito] era pior, porque além de negro, era homossexual. Ele era explosivo. Na rua com ele, ouvi gritos de: 'Ah, seu preto viado, vai pegar um enxada'", relembra.
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