Topo

Jovem ganha triciclo adaptado de Whindersson, mas caso vai parar na Justiça

O estudante André Nunes Nachtigall, que tem paralisia cerebral: veículo adaptado bancado por youtuber não foi entregue por empresa - Imagem/Arquivo pessoal
O estudante André Nunes Nachtigall, que tem paralisia cerebral: veículo adaptado bancado por youtuber não foi entregue por empresa Imagem: Imagem/Arquivo pessoal

Gilvan Marques

Do UOL, em São Paulo

04/05/2018 04h00

Diagnosticado com paralisia cerebral ainda na infância, o estudante André Nunes Nachtigall usou o Facebook, em fevereiro do ano passado, para pedir ajuda a um dos seus ídolos, Whindersson Nunes. Estudante de engenharia da computação, ele pediu "uma força" ao youtuber, com quase 29 milhões de seguidores, para divulgar a campanha que havia criado para comprar um triciclo adaptado que o ajudaria a ir sozinho para a faculdade em Pelotas (RS).

Whindersson, então, surpreendeu na resposta. "Onde é que tem esse troço moço? 'Nois' compra agora!"

O youtuber cumpriu a promessa, deu todo o valor correspondente ao triciclo, e a Honda, ao tomar conhecimento do caso, doou o valor relacionado à moto --o triciclo é feito em cima de uma moto. Ao todo, foram doados cerca de R$ 25 mil.

O dinheiro, no entanto, foi depositado diretamente na conta do proprietário de uma empresa responsável por fazer o veículo adaptado, que até hoje não fez a entrega. 

"Whindersson e a Honda pagaram a ele tudo direitinho e ele sumiu, não imaginava que ele fosse assim", lamenta o jovem de 24 anos, em conversa com o UOL, quase um ano depois.

O caso foi levado à Justiça por Nachtigall, que está recebendo assessoria jurídica de duas estudantes e um professor de direito da universidade onde estuda. Duas audiências já foram realizadas, sem acordo.

Segundo o estudante, o empresário que faria o veículo adaptado mora em Ananindeua, no Pará, e foi o escolhido por ele já que é considerado o único no país que faz a documentação para triciclo.

Sem dinheiro e o veículo, ele conta que continua dependendo da mãe para levá-lo à faculdade em um cadeira de rodas. "Só que ela é cheia de coisas pra fazer também", ressalta.

Após o episódio, Nachtigall afirma que Whindersson chegou a oferecer outro triciclo, que ele não aceitou.

Procurada pelo UOL, assessoria do youtuber lamentou o corrido. "A NonStop Produções Artísticas, empresa que cuida da carreira do youtuber Whindersson Nunes, lamenta o fato e informa que o artista fez o depósito para a empresa Triciclos Freeway  que fabrica a moto adaptada para a cadeira de rodas e que a mesma se comprometeu a ajudar e entregar o produto,  porém, depois de inúmeros contatos, essa mesma empresa parou de responder nossa equipe e não cumpriu sua parte no acordo.Informamos também que estamos colaborando para que esse episódio se solucione o mais rápido possível", diz a nota. 

Veja também:
?Dudu Camargo "surta" ao saber que colega de jornal ganha R$ 10 mil a mais
Após polêmica, situação de Juninho Pernambucano é insustentável no SporTV
Você sabe quem as bailarinas do Faustão namoram? Faça o quiz e descubra!

Caso de doação de Whindersson a cadeirante vai parar na Justiça - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
André Nunes Nachtigall pediu ajuda a Whindersson em comentário publicado no Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

"Não sou bandido"

Ao UOL, por telefone, o proprietário da empresa, identificado como Márcio, reconheceu o atraso na entrega do veículo, mas disse que não é "bandido".

"Não somos bandidos, mas se deu a entender que temos a intenção de pegar o dinheiro e não entregar isso é uma inverdade. Simplesmente, não tenho condições de devolver", disse o empresário, que culpou a crise financeira por não ter entregado o veículo.

"Estamos atravessando por uma dificuldade, como qualquer microempresa, que foi afetada pelo maldito governo, desde o PT. Estamos imobilizados por falta de capital", argumenta.

Segundo Márcio, parte do triciclo já foi feita, como chassi e a fibra, por exemplo, mas ele afirma não poder fixar um prazo para a entrega. "Se eu falar que vou entregar no mês que vem seria uma mentira porque não tenho capacidade, passo por dificuldades".

Questionado pela reportagem sobre a ação movida pelo estudante, o empresário disse não ter sido ainda notificado.