Zezé Motta descobriu o nome de sua personagem em novela junto com o público

O penúltimo capítulo de “O Outro Lado do Paraíso” foi ao ar nesta quinta-feira (10), e uma revelação chamou a atenção do público: o verdadeiro nome da Mãe do Quilombo é Otacília Formiga -- ela foi chamada apenas de Mãe do Quilombo ou Grande Mãe durante toda a novela. Até o site oficial da trama lista a personagem apenas como “Mãe”.

Nem a própria intérprete da personagem, Zezé Motta, sabia qual era o nome, e descobriu apenas quando recebeu o capítulo.

“É um nome muito engraçado. Chegou no capítulo, Otacília. Você me chamou a atenção que é uma experiência nova na minha vida, só saber o nome do personagem, o nome de batismo, no último capítulo”, contou Zezé, aos risos, ao UOL.

A atriz elogia o autor Walcyr Carrasco por construir um mistério em cima da identidade da Grande Mãe na cena que marcou o julgamento da vilã Sophia. “Isso foi legal porque criou uma expetativa, porque se anunciasse: ‘Que entre a Mãe do Quilombo’, não causaria o mesmo impacto do que sendo chamada dona Otacília Formiga. O Walcyr realmente é um gênio”.

Agora Zezé promete que a Grande Mãe fecha em grande estilo sua passagem por “O Outro Lado do Paraíso”, e é só gratidão por ter participado da novela, ao lado de colegas que, segundo ela, viraram sua família.

“Está sendo um grande sucesso, fiquei feliz que as pessoas gostaram muito do meu personagem. Adorei ter feito, fiquei muito grata de estar em um elenco desse naipe, cada um deu o seu show à parte. Marieta [Severo], dona Laura [Cardoso], e o que foi aquela interpretação do Paulo Betti? Perfeito!”, vibra ela.

Aos 73 anos, Zezé, uma das pioneiras atrizes negras do país, celebra em especial a novela ter debatido a questão dos quilombos.

"As pessoas ficam dizendo: ‘Mas falou pouco sobre o quilombo’. Eu acho que o Walcyr deu o primeiro passo. É fundamental que os brasileiros tenham mais informações sobre como vivem os quilombolas, quais suas realidades, necessidades, elas não têm noção de que temos três mil quilombos pelo Brasil afora, que infelizmente vivem marginalizados. Tem muita coisa ainda para se falar sobre o quilombo, estou disposta a fazer essa campanha, para mim não acabou”.

"A luta continua"

Recentemente, Zezé publicou em suas redes sociais uma foto na qual aparecia ao lado de Marcos Paulo, com quem foi par romântico na novela “Corpo a Corpo” (1984), de Gilberto Braga. Na legenda, ela relatou os ataques racistas que sofreu na época por conta do casal.

Ela diz que fica feliz em ver a torcida pelo casal formado entre Bruno (Caio Paduan) e Raquel (Érika Januza) em “O Outro Lado”.

“A gente sabe que o racismo continua. Mas o que percebi nessa novela, talvez seja essa geração mais jovem, já pensa diferença. As pessoas rejeitavam aquele casal, de 1984, e hoje vejo nas redes sociais a torcida para que aquele casal terminasse junto, e repudiavam a atitude racista da mãe do rapaz".

Embora, reconheça, o racismo ainda esteja muito presente no país. “A luta continua. Tudo aqui anda a passos lentos. Teve uma época que a gente achou que era uma coisa quase resolvida no Brasil, de repente [surgem] essas manifestações com relação aos jogadores de futebol, as manifestações nas redes sociais perseguindo atrizes negras, a própria Maju [Coutinho], linda, maravilhosa, foi perseguida. Isso dá uma tristeza, estamos andando alguns passos para trás, mas a luta continua”.