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Maria Padilha relata preconceito por namorado mais novo: "Gente tacanha"

Maria Padilha com o namorado, Brenno, e o filho, Manoel - Reprodução/Instagram
Maria Padilha com o namorado, Brenno, e o filho, Manoel Imagem: Reprodução/Instagram

Felipe Pinheiro

Do UOL, em São Paulo

22/05/2018 04h00

“Estou adorando essa nova onda porque eu estranhava o mundo”. A onda mencionada por Maria Padilha é a do feminismo, que ela já surfa desde os anos 80, quando estreou, aos 19 anos, em "Água Viva". Na novela de Gilberto Braga e Manoel Carlos, ela viveu Beth, uma jovem impetuosa que fez um inédito topless (insinuado) no horário nobre. Na época, a atriz diz ter sofrido bullying nas ruas pela ousadia. 

Aos 58 anos e longe das novelas desde "A Regra do Jogo"  (2014), a atriz se acostumou a lidar  com os questionamentos por suas atitudes. Foi assim também quando resolveu se tornar mãe de Manoel, o filho de 6 anos, ao adotá-lo em uma fase mais madura da vida e também quando assumiu o namoro com o companheiro Brenno Souza, 25 anos mais novo.

“A mulher é sempre colocada assim: ‘Fulana está com um garotão...’ É depreciar não só a mulher como o namorado também. Está tudo num pacote de preconceito. As pessoas ficam querendo casais como se fosse uma novela, mas a vida não é assim. Nem sempre a gente se encanta pela pessoa que vai ficar bem na foto. E a vida nem sempre é fotogênica”, diz ela, que no momento se prepara para voltar aos palcos, com uma peça ainda sem título definido.

Maria Padilha abraça o feminismo: "Estou totalmente dentro dessa onda" - Divulgação - Divulgação
Maria Padilha abraça o feminismo: "Estou totalmente dentro dessa onda"
Imagem: Divulgação
Em tempos em que as celebridades costumam ser alvo de comentários maldosos nas redes sociais, a atriz conta que já sentiu o preconceito bem mais de perto, até mesmo por pessoas do círculo familiar.

“Eu já senti preconceito, e de pessoas próximas. É coisa de gente tacanha. Eventualmente você até pode pensar na questão da idade. Quando, por exemplo, estávamos começando, eu pensava: ‘É um absurdo isso, não vai dar certo’. Achava estranho porque a diferença é muito grande. Achava que não fosse durar e já vai fazer quatro anos. A vida é muito surpreendente”, pontua.

A atriz, que vive com Brenno e o filho na Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul do Rio de Janeiro, diz que não pensa em oficializar a união, embora já tenha sido casada. 

“Nunca pautei minha vida com o sonho de um dia casar. Sou de uma família em que minha avó foi a primeira mulher diretora de escola do Brasil. Ela e minha mãe eram mulheres muito fortes, de opinião. Minha família já era feminista na prática, sem segurar bandeira. Meu pai era zero machista. Estou totalmente dentro dessa onda do feminismo”, afirma.

Maternidade

Maria Padilha se tornou mãe após enfrentar uma longa fila no processo de adoção de Manoel, que durou cinco anos. O desejo da maternidade veio aos 54 anos, quando a atriz já tinha uma carreira consolidada e estava solteira, mas ela diz que, diferente de outras mulheres na mesma situação, não pensou em recorrer à fertilização in vitro.

“Na época, pensei: ‘Já que vou ter filho sozinha, pra que ficar grávida sozinha?’ Achei mais interessante adotar. Quando começou a demorar muito [o processo de adoção] eu pensei: ‘Que arrependimento!’. Só quando o Manoel chegou é que esqueci tudo o que passei”, derrete-se a atriz que, à época, chegou a recusar convites acreditando que o processo de adoção seria rápido.

Como mãe de primeira viagem, a atriz diz enfrentar hoje as mesmas dificuldades de pais que têm seus filhos mais jovens. “A maioria das minhas amigas os filhos estão maiores, então tenho que ficar amiga de mães mais novas. Às vezes sinto falta de não ter pessoas da minha geração mais próximas. O que tem de bom é a maturidade, a sabedoria. E foi uma escolha minha”.