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Surpresa e nostalgia: como Ding Dong virou a atração mais falada do Faustão

Elza Soares se apresenta no quadro "Ding Dong" - Divulgação
Elza Soares se apresenta no quadro "Ding Dong" Imagem: Divulgação

Felipe Branco Cruz

Do UOL, em São Paulo

17/06/2018 04h00

A receita é infalível para um domingo preguiçoso em frente à TV: junte quatro celebridades para brincar ao vivo num jogo em que o objetivo é descobrir a qual música pertencem aquelas notas que saem de badaladas de sinos. Na sequência, bote as celebridades para cantar como num karaokê brega, enquanto a banda em questão (geralmente muito famosa) surge no palco de surpresa.

Desde 2015, quando o quadro “Ding Dong” estreou no “Domingão do Faustão”, ele é uma das atrações mais comentadas da Central de Atendimento ao Telespectador (CAT). Cerca 80% de todas as mensagens enviadas ao programa são sobre o quadro, com fãs agradecendo ao Faustão por lembrar dos artistas "das antigas".

O diretor Felipe Giuntini, responsável pela atração, atribui o sucesso ao efeito surpresa, como, por exemplo, no dia em que o Luan Santana surgiu no palco cantando Elvis Presley, ou quando Luis Fonsi cantou “Despacito”, ou ainda o retorno do Rouge, com o hit “Ragatanga”. 

“É um quadro em que não há avisos de que tal artista vai tocar lá. De repente, você está em casa e é surpreendido por um show de um artista internacional ou de uma cantora que há anos não aparecia na TV. Imediatamente, isso repercute na internet. O público quer comentar: ‘você viu quem foi no Faustão?’”, explica o diretor.

Mas a grande contribuição do “Ding Dong” não tem sido colocar celebridades para brincar e, sim, revitalizar as apresentações musicais ao vivo na TV. "Nenhum programa da TV aberta no domingo exibe atualmente em horário nobre, pelo menos, três shows ao vivo, como o 'Ding Dong' faz", diz o diretor.

Para Giutini, a grande dificuldade é conseguir conciliar a agenda de três atrações de diferentes épocas e diferentes estilos. "Tem que ter anos 70, 80, 90, 2000, pagode, sertanejo, funk, axé, MPB”, diz Giutini.

Como resultado dessa mistura, o “Ding Dong” levou ao palco do Faustão nomes que estavam há anos fora da TV, como Kátia, Jane & Herondy e Supla ou que mobilizam as redes sociais, como Gretchen, Rouge e Raça Negra.

Ocorreram também momentos realmente emocionantes, como quando a dupla Maiara & Maraísa se apresentou pela primeira vez no programa. “Para elas, sucesso significava tocar no Faustão. Foi por isso que elas choraram. Elas chegaram lá”, afirma.

“Para os artistas mais antigos, o quadro não significa apenas voltar a aparecer na TV e, sim, estar com o Faustão novamente. Depois, o Faustão relembra da história deles e faz uma homenagem, fala o nome da mãe...”, conta Giutini.

O diretor conta que Faustão pediu para convidar Almir Sater, que nunca tinha se apresentado no Domingão. “O Almir mora no Pantanal e só vem para São Paulo para fazer show. Eu o convidei após uma apresentação dele aqui e ele tocou junto com Renato Teixeira”, afirmou. "A única condição dele era fazer o show ao vivo, sem playback".

Almir Sater se apresenta no "Ding Dong" junto com Renato Teixeira - Divulgação - Divulgação
Almir Sater se apresenta no "Ding Dong" junto com Renato Teixeira
Imagem: Divulgação

Polêmica com “Qual é a Música”

O quadro, no entanto, já foi criticado por ser bastante semelhante com o tradicional "Qual é a Música?", do Silvio Santos.

O próprio Silvio Santos já cornetou o programa da rival: “Você faz o ‘Qual é a Música?’ aqui e lá [na Globo] eles fazem o ‘Ding Dong’. Tudo aqui eles imitam. E imitam mal. Me imitam muito mal. Não é possível”, disse Silvio Santos.

O diretor, no entanto, não concorda com as comparações. “O formato do ‘Ding Dong’ foi comprado de uma empresa na Inglaterra. Temos apresentações dos artistas ao vivo e uma competição entre as celebridades. No começo, o ‘Ding Dong’ tinha mais covers, agora ele é uma atração musical. É completamente diferente”.