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Filho de Casagrande "dribla" trabalho na Record para ver pai comentar Copa

Victor Hugo, filho mais velho de Walter Casagrande Jr., ex-jogador e comentarista esportivo da Globo - Reprodução/TV Globo
Victor Hugo, filho mais velho de Walter Casagrande Jr., ex-jogador e comentarista esportivo da Globo Imagem: Reprodução/TV Globo

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

22/06/2018 04h00

Enquanto Walter Casagrande Jr. comenta o jogo entre Brasil e Costa Rica na Globo, o maior fã do ex-jogador o acompanha de longe, na Record. Filho mais velho do ídolo corintiano, Victor Hugo é redator do "Hoje em Dia" há sete anos. Curiosamente, ele concorre com o próprio pai na TV e, com jeitinho, tenta "driblar" o trabalho para não perder um lance da Copa do Mundo.

"Vou trabalhar normalmente, mas tenho liberdade para entrar entre 10h e meio-dia. Os colegas do 'ao vivo' têm mais problemas do que eu", brincou, em entrevista ao UOL. "Consigo ver o primeiro jogo em casa e o segundo, ouço no rádio. Trabalho com uma TV ao lado, vejo jogos no volume mudo e acompanho as atualizações nos sites. Esta Copa está sendo desse jeito."

Victor Hugo Casagrande trabalha como redator do programa "Hoje em Dia", da Record - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Victor Hugo Casagrande é redator do "Hoje em Dia"
Imagem: Reprodução/Instagram
Formado em Rádio e TV há 11 anos, Victor rodou por várias emissoras: trabalhou na produção dos programas "Pânico" e "Brothers", da RedeTV!, e no departamento de esporte da Record antes de ir para o "Hoje em Dia", onde se sente realizado. A entrada na televisão não teve um empurrãozinho do pai (ele inclusive tentou vaga na Globo e não conseguiu), mas contou com a pressão dele.

"Eu tinha uma banda e queria levar à frente, mas meus pais batiam a cabeça para eu fazer uma faculdade e escolher uma profissão. Li curso por curso de um livro universitário e só achei interessante quando cheguei em Rádio e TV. Na faculdade, curti redação e escrevia roteiros para fazer os outros alunos passarem de ano", relembra.

Aos 32 anos, Victor também apresenta um programa de rádio e tem um canal no YouTube sobre paternidade, pois ele tem dois filhos. Embora já tenha aparecido na TV e recebido elogios de colegas, ele não pensa em trabalhar à frente das câmeras e se diz avesso à fama.

"Não tenho sonho de ser famoso, porque não achava muito legal quando saía com meu pai nos restaurantes e ele era cercado de gente dividindo a atenção com os filhos e os fãs", pondera Victor Hugo, que é reconhecido pela semelhança com Casão: "Até falo para o pessoal: 'Pô, sou o filho que parece com meu pai com 55 anos de idade! Meus irmãos se parecem com ele quando jogava!'".

Casagrande, Galvão Bueno e Arnaldo Cezar Coelho cobrem a Copa do Mundo da Rússia - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Casagrande, Galvão Bueno e Arnaldo Cezar Coelho cobrem a Copa do Mundo da Rússia
Imagem: Reprodução/Instagram

Pai sóbrio 

Além de ver Casagrande na TV, Victor acompanha o pai na Rússia pelas mensagens que troca com ele diariamente. Para o comentarista, a sexta Copa que cobre pela Globo é a mais especial, porque é a primeira em que ele trabalha completamente "limpo", sem usar drogas. A vitória do pai também é um alívio para seu primogênito.

"Fico feliz por ele, percebo que está curtindo muito mais esta [Copa]. Honestamente, nas outras Copas após a internação não senti que ele ainda estava usando [drogas]", conta. "Ele está muito feliz e bastante ativo, visitando museus e outros centros culturais da Rússia. Ao mesmo tempo, trabalha muito, porque além da Globo ele faz muitas participações no SporTV. Sei que está gostando, acho que mais do que as outras Copas, talvez por ser a primeira sóbrio, como ele próprio disse."

Victor foi fundamental na recuperação de Casagrande. Foi ele quem assinou o termo de responsabilidade para internar o pai em uma clínica de reabilitação, em 2007. A luta do ex-jogador contra o vício em drogas foi mostrada na série "Prisão Química", apresentada por Drauzio Varella no "Fantástico".

"Não me lembro de o assunto ter sido tratado dessa maneira na televisão brasileira. Esperava até que a série fosse maior, acho que há mais assuntos a serem abordados. Foi uma baita experiência para o meu pai também, porque colaborou muito na produção e pôde ajudar mostrando a história dele para as pessoas. Muita gente me achou nas redes sociais e me parou nas ruas para comentar que se identificou. Achamos que doença química é uma coisa rara, mas a maioria das famílias tem um episódio assim. Precisamos falar para orientar", defende.

Palmeirense

Walter Casagrande Jr. grava a série "Prisão Química" com o filho, Victor Hugo - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Casagrande e Victor Hugo gravam a série "Prisão Química"
Imagem: Reprodução/Instagram
Victor Casagrande sempre torceu pelo pai nos gramados, mas quando ele se aposentou como jogador o filho "virou a casaca" e decidiu ser palmeirense. "Meu pai é tranquilo, não me pressionou para escolher time nenhum. Mas a família dele é corintiana, meus avós ficaram mais assustados. O engraçado é que eles moram perto do Allianz Parque."

O parentesco, aliás, o salvou de uma enrascada na final da Copa dos Campeões de 2000, entre Palmeiras e Flamengo: "Ficava na frente da cabine, mas era na torcida do Flamengo. Cheguei lá com a camisa do Palmeiras e rolou um desconforto, mas viram que eu era filho do Casagrande e me deixaram tranquilo".

Por causa deste episódio, Victor evita ir ao estádio para ver jogos importantes. "Evito multidões, tenho até um pouco de medo. Nem é por ser filho do Casagrande, é porque não é muito seguro mesmo".

Victor assistiu pela TV a final do Campeonato Paulista, entre Palmeiras e Corinthians, em que Casagrande passou mal e abandonou a transmissão. A atitude do comentarista aliviou o filho: "Quando soube, fiquei feliz por ele ter optado não fazer a final e se cuidar, achei ótimo, por ele colocar a saúde em primeiro lugar. Alguns anos atrás, ele não faria isso".