Cadê Márcio Canuto na Copa? Globo "apaga" repórter do povão em jornal local
Paulo Pacheco
Do UOL, em São Paulo
27/06/2018 04h00
Cadê o Márcio Canuto? Em duas semanas de Copa do Mundo e após dois jogos da seleção brasileira, o "repórter do povão" da Globo ainda não deu as caras nas transmissões ao vivo com Galvão Bueno. Muitos telespectadores sentem a falta do jornalista, e até quem não curte muito a gritaria dele tem achado a ausência no mínimo estranha.
"Volte para as transmissões! O Brasil precisa de você!", implorou um fã no Instagram do repórter. "Canuto, cadê você nas transmissões da Copa? Copa sem o Canuto não é Copa", comentou outro seguidor. "Uma Copa sem Márcio Canuto caindo no meio do povo e gritando na transmissão é tão triste", lamentou um tuiteiro. "Copa do Mundo sem Márcio Canuto é golpe", sentenciou outro admirador do jornalista no Twitter.
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Segundo a Globo, Canuto está sim cobrindo a Copa. Porém, esta não é a impressão do público, que se acostumou a ver o jornalista de 72 anos no meio da galera durante o Mundial, especialmente em 2014, quando ele "infernizou" as transmissões ao vivo e fez a alegria de Galvão e do povo no vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo.
A Globo tem escalado outros repórteres para trabalharem na festa da torcida na capital paulista. Na última sexta-feira (22), foi a vez de Renata Ribeiro cobrir o sufoco do público que assistiu a Brasil x Costa Rica em um telão montado no Anhangabaú.
Canuto "apagado"
Enquanto jornalistas mais "sérios" são escalados para a muvuca, Márcio Canuto fica "apagado" no telejornal local "SP1", apresentado por César Tralli. Além de não aparecer em rede nacional, o que aumenta a sensação de "sumiço", o jornalista precisa se desdobrar para trabalhar sem sua matéria-prima favorita: o povão.
"Todos os dias, entre os jogos da manhã e da tarde, [Márcio Canuto] entra ao vivo das concentrações das torcidas dos times, mostrando a festa de diversos povos", informou a emissora ao UOL.
Na última terça, por exemplo, Canuto "cobriu" a classificação da França com alunos de uma escola franco-brasileira na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. No sábado, ele entrevistou sul-coreanos e mexicanos na avenida Paulista. As transmissões ao vivo, embora bagunçada como o público gosta, não teve o mesmo "brilho" de um link às vésperas de um jogo da Copa, como aconteceu em 2014.
Na copa realizada no Brasil, o jornalista chegou a ser mordido por um torcedor e caiu da grade de proteção enquanto falava com Galvão Bueno, Walter Casagrande Jr. e Ronaldo, antes do jogo entre Brasil e Colômbia. "Você sabe que eu gosto é de povo, né, Galvão?", disse o repórter antes de se jogar nos braços da torcida.
Histórico em Copas
A cobertura animada de Márcio Canuto em Copas não é novidade. Foi com esta extravagância que o jornalista alagoano ganhou fama, nos anos 80, ao fazer campanha para o jogador Jacozinho, do CSA, ser convocado pelo então técnico da seleção brasileira, Evaristo de Macedo.
Na Copa de 1986, Canuto deitou em uma avenida no Rio para mostrar que o Brasil tinha "parado" para ver a seleção brasileira. Ele também comparou o jogo entre Brasil e Irlanda do Norte como uma luta entre Davi e Golias, e se disfarçou como o gigante da Bíblia.
Ainda dá tempo de Canuto aparecer com Galvão na Copa da Rússia. Nesta quarta, na partida contra a Sérvia, ele pode ser escalado para vibrar com a galera no Anhangabaú. Tudo depende da Globo. "Ele está preparado também, como os demais repórteres da Globo, para participar de outros momentos da cobertura da Copa", explicou a emissora ao UOL.