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Créu diz que "Power Couple" o ajudou a melhorar de depressão: "99% melhor"

Créu investe na carreira de DJ - Divulgação
Créu investe na carreira de DJ Imagem: Divulgação

Marcela Ribeiro

Do UOL, no Rio

29/06/2018 04h00

Juntos há 23 anos, Créu e Lilian caíram no gosto do público do "Power Couple Brasil" e muita gente considerou injusta a eliminação do casal no dia 30 de maio. Passada a frustração por deixar o programa, o funkeiro vê sua participação e da mulher como positiva.

"Foi maravilhoso participar do 'Power Couple'. O programa me proporcionou muitos ensinamentos de vida, coisas novas aconteceram dentro de mim e da Lilian. A gente saiu feliz da vida mesmo sem ter ganho. Quanto a minha carreira, me ajudou pra caramba porque estou em transição de MC Créu para DJ Créu. Sempre fui DJ, mesmo antes de ser MC, e ter parado me frustrou muito porque amo muito esse lance. Agora voltar como DJ é muito legal para mim", disse.

Créu em 1994 na "Porta da Esperança" - Reprodução/Youtube - Reprodução/Youtube
Créu em 1994 na "Porta da Esperança"
Imagem: Reprodução/Youtube

O sonho de investir na carreira de DJ é antigo. Em 1994, aos 16 anos, ele esteve no programa "Porta da Esperança", de Silvio Santos, e pediu equipamentos para investir na profissão.

A repercussão da participação do casal, além de ter sido boa para o agora DJ, também foi positiva para Lilian. "Antes de entrar no 'Power Couple' ela estava com 30 pessoas no Instagram, depois que saiu, está com 30 mil seguidores. A pedido do pessoal, a gente vai fazer um canal no YouTube, que vai ser Creu e Lili", adianta.

Créu e Lílian estão juntos há 23 anos - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Créu e Lílian estão juntos há 23 anos
Imagem: Reprodução/Instagram

Quem via Créu todo bem humorado e piadista dentro do programa da Record não imagina que, pouco antes, ele passava por um drama pessoal. Há alguns anos, o artista luta contra uma depressão e demorou para admitir que precisava buscar um tratamento para a doença.

"Achava uma bobeira, que não existia, era meio preconceituoso. Até que começaram a me dar sintomas físicos, taquicardia, suava muito e sentia frio ao mesmo tempo, muita dor de cabeça. Daí comecei a correr atrás, fiz exames para diagnosticar o que era e não achava nada. Fui num clínico geral que sugeriu eu procurar um psiquiatra, relutei, mas fui atrás", lembra.

Foi justamente o "Power Couple" a prova de que ele superou a doença após o tratamento. "O médico diagnosticou que eu estava com depressão. Mesmo assim, fiquei relutante. Ele passou alguns medicamentos, algumas regras novas de vida. Incrivelmente os sintomas sumiram 90% e aí comecei a ler e vi que estava em depressão. Não estou curado, mas estou 99% melhor. Passar pelo 'Power Couple' foi uma prova grande pra ver que realmente estou quase curado", comemora.

Apesar de eliminado, o casal não saiu de mãos vazias do programa e ganhou dois carros, mas ainda não recebeu o prêmio.

"É um mistério pra gente. Não falaram quais são os carros, apenas que demora mais ou menos três meses para receber. Estamos ansiosos."

Mulheres fruta

Há dez anos, Créu estourava no Rio com seu sucesso "Dança do Créu", que lançou Andressa Soares, a Mulher Melancia. Na época, as mulheres frutas estavam no auge e Melancia foi a capa da "Playboy", a mais vendida daquele ano, tendo posado mais três vezes para a revista depois.

"Inventei essas mulheres frutas e elas ganharam um bom dinheiro. A Melancia acredito que conseguiu faturar mais que eu, mas não vejo mal nisso. Acredito que ela tenha faturado por mérito mesmo. Só ajudei, fico feliz por ter criado, ver uma pessoa que você criou se dar bem, isso é legal", diz.

Apesar de garantir não guardar mágoas, ele relembra um momento de tristeza quando esteve na Record para homenagear Melancia quando ela deixou "A Fazenda 3", em 2010, e acabou escutando críticas dela.

2007 - Mulher Melancia durante a coreografia da "Dança do Créu" - Reprodução/Youtube - Reprodução/Youtube
Mulher Melancia durante a coreografia da "Dança do Créu"
Imagem: Reprodução/Youtube

"Uma vez a Melancia saiu da 'Fazenda', aí me chamaram na Record para fazer uma homenagem para ela, para cantar a música do Créu. Fui fazer uma homenagem, estava na coxia, para entrar como uma surpresa, e ela começou a falar de mim. Fiquei superchateado, triste, foi tudo ao vivo. Depois disso, a gente nunca mais se falou. Nunca mais nem encontrei."

Apesar de ter feito relativo sucesso, o funkeiro conta que não ficou rico. A grana da época deu apenas para comprar a casa própria, onde ele vive com a mulher e os filhos Maria Eduarda, 10, Gabriel, 11, e Sérgio Lucas, 17, em Campo Grande, zona oeste do Rio.

"Não ganhei muito dinheiro porque o funk não tinha o cachê tão valorizado como hoje. A probabilidade de ficar rico naquela época era quase nula. Hoje em dia o cara faz uma música e fica rico. Deu para eu comprar a casa onde a gente mora hoje e investir na minha carreira de DJ, fiz um estudiozinho. E também fui muito muito roubado, eu era muito burro, acreditava nas pessoas, não entendia muito a mecânica das coisas. Então fui muito roubado, infelizmente", disse.

Ele afirma ter perdido muito dinheiro de empresários e contratantes de shows, que muitas vezes não repassavam todo o dinheiro do contrato.

"Prefiro não citar nomes porque não tenho como provar esses roubos. Já era, perdi mesmo, vesti a camisa do 'Perdi mesmo, sou bobão'", completa.

Passado o auge, a fase de decadência e a superação da depressão, Créu quer olhar para frente, aproveitar a visibilidade do "Power Couple" e alavancar como DJ.

"Tenho mais de 20 anos de funk, já sabia desses altos e baixos do funk. Já estava preparado, queria curtir o máximo que pudesse, consegui fazer uma carreira por causa da música. A queda depois do auge já era esperada, então levei de boa. Continuo trabalhando, remando...".