"Tenho que provar 20 vezes que sou capaz", diz Camilla Camargo sobre atuar

Filha do meio de Zezé di Camargo, um dos nomes mais famosos da música sertaneja, Camilla Camargo, 32, busca trilhar um caminho fora da sombra do sucesso do pai. A partir de novembro, ela estará nos cinemas no filme "Intervenção", de Rodrigo Pimentel, mesmo roteirista dos dois "Tropa de Elite". A atriz comemora ter recebido o convite por seu próprio mérito, assim como outros na sua carreira.
"Existe mais a cobrança por ser filha [de artista]. É provar 20 vezes mais que sou capaz, que estou lá por mérito próprio. Busquei ver isso como forma de estímulo para ralar mais”, disse, nos bastidores da filmagem do longa.
Apesar de ter optado por trilhar uma carreira diferente, Camilla sabe aproveitar os benefícios do caminho já percorrido pelo pai.
"Tem o lado bom que é saber lidar com a mídia e saber como funciona o meio artístico desde cedo, conhecer algumas pessoas, apesar de a minha direção ser outra", afirmou.
"Não é uma profissão fácil. As pessoas pensam que comecei ontem, mas entrei no teatro com 8 anos e sou profissional desde 2005. Já fiz mais de 20 peças. Acabei de fazer [a novela] ‘Carinha de Anjo’. As coisas estão se consolidando. É uma profissão competitiva."
No filme, Camilla interpreta a repórter televisiva Luiza Bastos. O longa retrata a relação entre moradores da fictícia comunidade da Laje, no Rio de Janeiro, com policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), em meio ao tráfico que domina a favela.
"É muito bacana mostrar o lado de vocês [jornalistas], estou orgulhosa. O trabalho na rua não é fácil. Vi a postura [das repórteres], como é estar em uma zona de conflito usando um colete à prova de balas. É diferente do que eu já fiz, nem no teatro tinha feito algo semelhante", contou.
"Foi o desafio que me fez querer fazer essa personagem. Repórteres vão para lugares que não sabem como são: se é pacificado, com qual situação vai lidar. Imagina saber que vai ter que colocar um colete à prova de balas para trabalhar? Só me fez admirar mais. Todas as profissões têm que ser amadas, mas essa exige uma coragem extra."
Para dar realidade à produção, as filmagens ocorreram na favela Tavares Bastos, na zona sul da cidade. O lugar despertou a "curiosidade jornalística" em Camilla.
"Aceitei fazer o filme antes de saber onde seriam as gravações. Não tive medo, pelo contrário, tive curiosidade em ver e, por fazer uma jornalista, achei necessário. Já que é para encarar coloquei na cabeça e encarei."