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Saída de Marco Pigossi ainda rende e cria saia justa na cúpula da Globo

Marco Pigossi deixou a Globo em abril e logo assinou um contrato com a Netflix - Reprodução/Instagram/@marcopigossi
Marco Pigossi deixou a Globo em abril e logo assinou um contrato com a Netflix Imagem: Reprodução/Instagram/@marcopigossi

Ana Cora Lima

Do UOL, no Rio

04/08/2018 04h00

A saída do ator Marco Pigossi da Globo, em abril, virou uma verdadeira novela mexicana nos bastidores da emissora.

É notória a disputa na teledramaturgia por jovens galãs --perfil considerado escasso no mercado. Aos 29 anos e querido pelo público, Pigossi se enquadra nessa categoria. O papel de destaque mais recente dele foi o Zeca de "A Força do Querer", novela na qual ele fazia triângulo amoroso com Paolla Oliveira e Isis Valverde. Depois, ele fez uma participação como Nonato, o filho assassinado de Cássia (Patrícia Pillar), em "Onde Nascem os Fortes".

A novela protagonizada agora, involuntariamente, por Pigossi envolve mudanças no organograma de um dos setores vitais da Globo: a produção de elenco.

O produtor de elenco Nelson Fonseca, funcionário antigo e um dos mais renomados da área, perdeu seu posto e foi realocado como pesquisador. O que se comenta nos bastidores é que a cúpula da emissora avaliou que Nelson foi inábil na negociação com o ator, que assinou com a Netflix.

Segundo um grupo de empresários de atores, Chico seria o novo poderoso produtor de elenco da Globo  - Reprodução/Instagram/@jesuitabarbosa - Reprodução/Instagram/@jesuitabarbosa
Segundo um grupo de empresários de atores, Chico seria o novo poderoso produtor de elenco da Globo
Imagem: Reprodução/Instagram/@jesuitabarbosa

"Nelsinho não teve culpa na saída do Pigossi, que disse que tiraria um período sabático após emendar dois trabalhos para estudar interpretação em Londres. Mas ele acabou assinando com a Netflix e sobrou para o produtor”, contou uma fonte, que pediu anonimato, ao UOL.

A escolha de Chico Acciolly para substituir Nelson causou alvoroço no mercado. Chico seria sócio da Santo Expedito, especializada no agenciamento de atores, entre eles Sophie Charlotte, Jesuíta Barbosa e Julia Dalavia.

"Ele jura que deixou a empresa, mas a pessoa que está lá é só fachada para as negociações. Privilegiar os seus três clientes é o de menos, o problema maior é que ele sabe exatamente os salários de todos os atores. Isso não é muito justo", protestou um agente, que também não quis se identificar.

A reportagem procurou mais três empresários e todos confirmaram o imbróglio. "Ele vinha desempenhando a função de preparador de elenco na emissora, o que já era errado por ser agente de atores. Só que agora ganhou superpoderes como produtor."

O UOL entrou em contato com a Santo Expedito e Anna Luiza Paes de Almeida confirmou que era sócia de Accioly na empresa. "Ele era sócio na Santo Expedito e também trabalhava como preparador de elenco na Globo. Há pouco tempo foi contratado pela empresa para um outro cargo, fixo, e não agencia mais nenhum ator", respondeu em um comunicado. Accioly também foi procurado. "Eu não fui contratado como produtor de elenco, nem sou mais agente de atores", garantiu em sua resposta. 

Já a comunicação da Globo respondeu: "A emissora vem olhando para o mercado e se redesenhando constantemente para acompanhá-lo. Assim, houve ajuste nas estruturas, primeiro, de criação e, agora, de elenco. Ambas áreas passaram a contar com duas gerências, uma voltada para a pesquisa de talentos no mercado externo e a outra para a gestão interna de equipes e de escalação. Foi dessa forma que Nelson Fonseca ficou responsável pela gerência de pesquisa de talentos, com a missão de encontrar os melhores atores e atrizes em exercício e descobrir novos talentos no mercado nacional. E Chico Accioly, que já vinha trabalhando com a Globo como preparador de elenco há cinco anos, foi contratado para a gerência de escalação. Para isso, Chico se desligou da assessoria que fazia para alguns atores e não tem vínculo com nenhuma outra empresa além da Globo. Sem levar em conta a competência e o talento dos dois profissionais, as suposições desconsideram ainda as dinâmicas da Globo. Quem as conhece sabe que a área de Chico sugere escalações mas a decisão final é artística e cabe ao autor e diretor das obras, com a aprovação da direção de Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico e do diretor de Gênero".