Atriz que faz Zefa em "Segundo Sol" é estilista e adotou filha aos 15 anos
Quem vê Zefa, a empregada da família Athayde em "Segundo Sol", com o cabelo preso, "cara lavada" e contida em cena, nem imagina que Claudia Di Moura, sua intérprete, é muito estilosa.
"Sou estilista, além de ser atriz, foi o meu plano B para sobreviver porque no nosso país sobreviver de arte ainda é um sonho. Nunca estudei moda, assim como nunca estudei teatro e cinema. Sou autodidata em tudo que faço", contou ela no intervalo de gravações da novela nos Estúdios Globo, na zona oeste do Rio.
"Eu me virava para me vestir, sempre fui diferente. Já vendi roupa na porta do Teatro Castro Alves e quando eu chegava as pessoas falavam que queriam comprar na hora", completa a baiana, veterana no teatro e estreante na TV.
Claudia cria as peças e, apesar de estar no ar, conta que não pretende deixar de lado o plano B e participará em breve de um desfile no Vidigal, comunidade da zona sul do Rio, em evento organizado por Roberta Rodrigues, sua colega de elenco.
"Aprendi a ver a roupa como uma indumentária de elevar a autoestima. Digo que sou africana pela cor do pano. É preciso mostrar a minha africanidade para mostrar que estou presente. Cheguei e cheguei bem, estou bem vestida".
Aos 53 anos, ela é viúva há sete e mãe de Dayse, 38, doutora em Geografia; Iasmim, 28, nutricionista e dona de uma empresa fitness; e Vitória, 23, bicampeã baiana de fisiculturismo e estudante de Psicologia.
"Minhas filhas são maravilhosas, eu que sou a 'porra louca' da família. Tenho uma história muito bonita, adotei a minha primeira filha com 15 anos de idade. Meu pai era delegado, então na cidade tudo podia. Era uma outra época", conta, sem entrar em detalhes de como foi feito o processo de adoção no município de Barro Preto, na Bahia. Yasmin também é filha adotiva e Vitória, biológica.
"Se não fossem essas meninas, não sei onde estaria e se estaria aqui com vocês porque elas são realmente o meu norte, sul, leste e oeste. Somos amigas, cúmplices... Às vezes elas são minhas mães, viro completamente filha delas. Criei dizendo: 'Não julgue e não minta' e está tudo certo lá em casa".
Racismo
Cozinheira da família Athayde há mais de 30 anos, Zefa é mãe de Edgar (Caco Ciocler) e Roberval (Fabricio Boliveira), frutos do seu relacionamento com Severo (Odilon Wagner). Em breve, Roberval ficará revoltado ao descobrir que seu irmão também é filho de Zefa, que ele pensava ser de Severo com Claudine (Cássia Kiss). A atriz opina sobre qual motivo o patrão nunca assumiu esse relacionamento e nem mesmo convida a mãe de seus filhos para sentar à mesa com ele.
"Ra-cis-mo", diz, pausadamente.
"É isso, ele é um homem branco, racista, que nunca teve coragem de assumir essa mulher que em diversos momentos diz que foi o grande amor da vida dele".
Claudia conta que a ideia que Zefa tem de família é muito complexa. "Zefa acredita que aquela família é dela, mas ela não pertence à família. Ela pertence à casa, é um utensílio da casa, é uma mulher que nunca sentou na mesa. Nós fizemos uma cena recente em que a Manu (Luisa Arraes) exige que ela sente no sofá e foi um ritual. O diretor abriu aspas e disse: 'É ritualístico ela se sentar nesse sofá'."
"Ela quer juntar a família novamente, mas sei que ela tem essa força e potência, ela acredita nisso e vai conseguir. A redenção vem dela, vem da união dessa força, ela acredita naquela família que não acredita nela", completa.
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