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Adriana Esteves relembra assédio quando era modelo: "Fotógrafos abusadores"

Adriana Esteves - Divulgação
Adriana Esteves Imagem: Divulgação

Guilherme Machado

Do UOL, em São Paulo

27/08/2018 11h14

Adriana Esteves falou sobre o assédio que sofreu no ambiente profissional. Em entrevista à revista revista "Marie Claire", a atriz relembrou a época em que trabalhava como modelo.

"Onde mais me aconteceu foi trabalhando como modelo, naquela fase que você não sabe se é menina ou mulher, que não está preparada psicologicamente para lidar com situações como essas. Havia fotógrafos abusadores que, enquanto estavam no domínio, luzes ligadas, te fotografando de biquíni, de lingerie, seguravam e tocavam em lugares do seu corpo que não eram para ser tocados. Um constrangimento horrível. E faziam isso de forma recorrente, com todas as modelos. Eu inventava que estava me sentindo mal, que precisava pegar meu roupão. Isso tem que acabar", declarou ela.

Ela também lembrou os assédios que sofreu na infância: "Quando era criança, morava no subúrbio do Rio de Janeiro [Méier], e brincava na rua. Alguns homens paravam o carro e ficavam chamando as meninas. Eu sabia que aquilo estava errado e saía correndo. Mas não tinha coragem de contar em casa e meus pais não sacavam que era perigoso, a situação se repetia. Não era fácil. Passei anos tendo o pesadelo de correr de um carro, enquanto minha perna ia ficando fraca e não conseguia entrar em casa. Já mais velha, eu pegava três ônibus para chegar à Zona Sul, onde estudava. Dependendo do bairro, colocava um camisetão, amarrava o casaco na cintura. Andava na rua escondendo minha feminilidade. Como era cansativo! Hoje, eu gritaria, contaria para todo mundo e denunciaria".

A atriz, atualmente no ar na novela "Segundo Sol" como a vilã Laureta, e também no elenco da série "Assédio", ainda sem data de estreia, que relata histórias de mulheres abusadas sexualmente por um médico, enfatizou a importância de retratar o assunto.

"Faço uma das vítimas, a história se passa nos anos 1990. A minha personagem é uma professora muito bem casada, e com os abusos terríveis que sofre de um médico, desenvolve um problema psicológico grave e o casamento acaba. Ela para de dar aula e vai para uma clínica psiquiátrica. As vítimas desse médico se unem para denunciá-lo e colocá-lo na cadeia. A série se passa na minha geração, época que eu poderia ter feito uma inseminação e poderia ter caído na mão de um monstro deste. Muitas conhecidas fizeram e, se elas sofreram algum abuso, talvez nunca tenham contado para ninguém. Existe a vergonha de dizer para o marido, para o pai, para a melhor amiga. Agora, estamos conseguindo falar o que tem que ser falado".