"Bati na porta, mas não consegui emprego", diz Prochaska sobre sumiço da TV
O último personagem de fôlego em uma novela foi Estela, há 21 anos, em "Estrela de Fogo", na Record. De lá pra cá, Cristina Prochaska até fez participações em outras tramas na televisão, mas foram tão poucas e pequenas que ela praticamente sumiu para o grande público. Um sumiço que, na verdade, já a incomodou mais no passado, e hoje encara com certa resiliência.
"Corri atrás durante três anos. Pedia trabalho, mandava currículos e, apesar da minha experiência em cinema, teatro e na própria televisão, não conseguia um papel em novela ou minissérie. Batia na porta mesmo! Não consegui emprego e até hoje eu não sei o motivo", conta Prochaska.
Entre idas e vindas, a atriz trabalhou 32 anos na Globo. A última aparição na TV foi na emissora, na série "As Brasileiras" (2012).
Ela diz que procurou todas emissoras e produtoras do eixo Rio-São Paulo para as áreas de dramaturgia e de entretenimento, já que teve experiências em outras funções. Ela foi locutora e apresentadora do "Vídeo Show" e trabalhou também como repórter na Bandeirantes.
"Nunca tive isso de emissora A ou B, eu sempre quis trabalhar e a minha primeira opção era trabalhar como atriz."
Intérprete de Laís, personagem na novela "Vale tudo" (1988), em reprise no Viva, ela formou o primeiro casal de mulheres na televisão brasileira ao lado de Lala Deheinzelin.
"Foi um personagem marcante e que deveria ter me ajudado. Foi um papel corajoso e nós duas fomos pioneiras. Tem também o mérito da equipe da novela que soube tratar o assunto com cuidado, muita delicadeza e seriedade", relembra.
"Depois de Laís e Cecília, o tema não saiu mais de pauta. Pode reparar que entra novela, sai novela tem um gay, tem um casal homossexual e ainda temos que falar muito. Hoje, são outras maneiras de tratarem o assunto, mas houve uma abertura", observa.
A atriz quer voltar e está preparando um material para entregar aos produtores de elenco. "Vamos ver. Tenho uns amigos me dando força e eu tenho pensado. Graças a Deus, no teatro as coisas vão bem. Consigo emendar uma peça em outra, mas confesso que eu sinto mesmo falta de fazer televisão e as pessoas me cobram o tempo todo."
"Tenho 58 anos e vejo que teria um monte de papel para mim, mas não rola e aí dá uma desanimada. Só que eu sou dura na queda", entrega, com bom humor e confirmando ser uma mulher de personalidade forte.
"Tenho personalidade forte, sim, mas no meio artístico sou eu e a torcida do Flamengo toda, né? Só que eu nunca fui desrespeitosa com ninguém, nunca fui ingrata. Acho que um dos meus maiores erros lá atrás foi não ter tido paciência em participar de clubinhos", desabafa.
Cristina diz ter sofrido muito assédio no início de carreira. Alguns velados, outros mais diretos.
"Sempre fingia que não percebia, que não estava entendendo. Se, na época, eu reclamasse ou denunciasse, não trabalharia. Era assim. Hoje, seria bem diferente e até faria um boletim de ocorrência para uma situação que aconteceu lá atrás porque foi muito, muito pesado. Não vou falar o nome do santo nem revelar detalhes porque ele ainda está na ativa e ainda é da chefia."
Prochaska trabalha também como fotógrafa. "Voltei à fotografia por sobrevivência. Me vi numa situação delicada porque qualquer pessoa só ganha se trabalha. Montei um estúdio em Ubatuba e vivo da fotografia e do teatro."
Em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, ela descobriu gostar também de política e até chegou a ocupar cargos públicos na prefeitura. "Sempre gostei de política, sou um ser político. Fui secretaria de Cultura, diretora de Turismo e diretora de Comunicação Social da Prefeitura. Em 2016, me candidatei a vereadora porque achei que poderia ser uma forma de ajudar melhor a minha cidade. Bati na trave."
Meme
Mãe de Nina, uma publicitária bem-sucedida em Montreal, no Canadá, a atriz virou meme: "Fecha na Prochaska!"
Ela trabalhava como repórter em uma cobertura de Carnaval na Band, em 1984, ao lado de Emílio Surita e Otávio Mesquita. No final de uma transmissão de um baile, uma mulher tirou a parte de baixo do biquíni e ficou dançando frente à câmera. O diretor, Eduardo Lafond, mandou, pelo fone, o cameraman "fechar na Prochaska!", mas o profissional decidiu dar um zoom justamente na genitália da dançarina.
"Essa história é ótima porque aconteceu mesmo e eu nunca fiquei chateada. Pelo contrário. Sempre ri muito, me divirto horrores. O meu falecido pai não gostava e dizia que aquela situação diminuía o meu trabalho. Na época, eu lembro que a gente ria muito da confusão. Eu, o Emílio Surita e o Otávio Mesquita, que aliás ganhou muito dinheiro com esse 'Fecha na Prochaska!'. Virou um jargão, uma hashtag e até os mais jovens que nem sabem que foi a Prochaska direito sabem desse caso", finaliza.
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