Em "Assédio", Monica Iozzi vive mulher estuprada e se emociona com drama
Com quase 10 anos de carreira na TV, Monica Iozzi comemora por poder mostrar seu lado dramático em breve. O mais recente papel dela na TV foi como a advogada ingênua e certinha Celeste, na série "Vade Retro", exibida no ano passado na Globo. Desta vez, a atriz de 36 anos interpreta Carmen, que será violentada sexualmente pelo médico Roger Sadala (Antonio Caloni) na minissérie "Assédio", disponível a partir de sexta-feira (21) no Globoplay e ainda sem data de estreia na Globo.
Com cenas fortes e impactantes, a trama é estruturada a partir dos dramas das vítimas do médico, especialista em reprodução humana, que foram estupradas por ele durante os procedimentos e se uniram em busca de Justiça.
Bastante emocionada, Iozzi foi às lágrimas ao assistir ao primeiro episódio, nos Estúdios Globo, no Rio, na segunda-feira. As primeiras cenas mostraram Stela, personagem de Adriana Esteves, buscando ajuda profissional, na tentativa de concretizar o sonho da maternidade, após sofrer dois abortos. Cheia de esperança, a personagem acredita nas palavras do médico, se submete a um procedimento para a coleta de óvulos e é violentada por ele, ainda desacordada.
"É difícil falar quando a gente vê essa cena da Adriana, minha personagem também passa por isso. Nosso trabalho tem uma coisa muito intuitiva, mas sempre busco distância do que ela está vivendo. Pela primeira vez, foi muito difícil porque tento me colocar na situação. Sabendo que é baseado em história real, é realmente o trabalho mais difícil da minha vida e ao mesmo tempo gratificante. Essa série mostra como essas mulheres são fortes. Apesar da temática triste e violenta, ela celebra a força dessa mulher e fazer parte desse projeto é muito gratificante, estou muito emocionada", disse Iozzi.
Amora Mautner, diretora de "Assédio" destacou a participação de Iozzi. "Vocês vão ver no fundo que a Monica é uma atriz dramática."
E a atriz, que ficou conhecida ao mostrar seu lado cômico no "CQC" e "Vídeo Show", está empolgada com a possibilidade de o público vê-la atuando em papéis diferentes.
"É precioso para mim mostrar para o público do audiovisual esse outro registro, no drama. Trabalho bom para um ator é um personagem rico. Pode ser na comédia, no drama, no terror... O gênero em si, não interessa, o que interessa são bons personagens. Estou feliz de poder voltar a explorar esse outro registro de atuação que é uma coisa que eu estava afastada há algum tempo, desde antes do 'CQC'. A última coisa que fiz com um viés mais dramático foi no teatro em 2009, faz muito tempo".
"Vou voltar pro cinema também com outro papel dramático, mas a felicidade de ter exercitado isso neste projeto, com direção da Amora, que tem um olhar que faz toda a diferença. Fui bem dirigida. Foi a primeira vez que fui dirigida por uma mulher na TV", completa.
A série, de Maria Camargo, é livremente inspirada no livro "A Clínica: a Farsa e os Crimes de Roger Abdelmassih", de Vicente Vilardaga. O médico brasileiro abusou sexualmente de inúmeras pacientes. Assim como muitas mulheres, Carmem, personagem de Iozzi, sonha com a maternidade e procura o médico na intenção de realizar esse desejo.
"A gente tem que respeitar muito os sonhos das pessoas, o limite de cada um. Eu não tenho o sonho de ser mãe, talvez eu seja, talvez não, mas a maternidade não é um grande sonho para mim. O maior sonho da vida era conseguir terminar a faculdade de artes cênicas e me tornar atriz, comigo nunca houve nada, mas tive colegas de outros meios que tinham o sonho e sofreram", conta.
Iozzi lembra que, assim como muitas mulheres, ela aprendeu desde cedo a tentar se proteger contra o assédio.
"A gente aprende a se defender e saber que esse tipo de coisa é possível acontecer desde que a gente é criança. Me lembro do meu corpo começar a se desenvolver e da minha mãe ter uma preocupação com que roupinha eu ia sair de casa, de colocar um top para proteger quando o seio começa a se desenvolver."
"O que a série mostra muito bem é que esse assediador pode estar em qualquer lugar, ele pode ser uma pessoa da sua família, um médico, um professor, eles não são monstros, são homens completamente comuns e até amorosos. Os monstros estão entre nós, a gente tem que prestar muita atenção e o principal, acho que a gente fala muito do quanto a mulher tem que se defender, mas a gente tem que falar muito sobre a criação dos homens", destaca.
Monica diz que o machismo atinge tantos as mulheres quanto os homens e, apesar dos avanços, precisa ser extinto. "Tem que acabar com essa cultura de que, acabou de almoçar, as meninas vão lavar louça e os moleques, soltar pipa, tudo isso tem que ser revisto. Se a gente conseguir mudar a estrutura, a gente vai mudar bastante e estamos caminhando para isso."
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