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Após 7 anos, ex-BBB Kaysar e família se reencontram sob lágrimas e emoção

Kaysar reencontra família em Curitiba (PR) - Flávia Alves/UOL
Kaysar reencontra família em Curitiba (PR) Imagem: Flávia Alves/UOL

Flávia Alves

Colaboração para o UOL, em Curitiba (PR)

22/09/2018 21h38

Na noite deste sábado (22), o sonho do vice-campeão do BBB18, Kaysar Dadour, virou realidade: após mais de sete anos de separação, ele pode finalmente abraçar novamente seus pais e sua irmã. A última vez em que os quatro estiveram juntos foi antes de Kaysar deixar a Síria, seu país de origem, em meio a uma das guerras civis mais cruéis dos últimos tempos.

O tão esperado reencontro

À espera no aeroporto foi acompanhada por dezenas de fãs, e os minutos entre o pouso e o abraço pareceram horas. A ansiedade e o nervosismo eram visíveis nos olhos de Kaysar. Quando o encontro finalmente aconteceu, as lágrimas não puderam ser contidas.

O primeiro abraço foi na mãe, e logo depois na irmã e no pai. “Pra quem duvidava, aqui está minha família!” Gritou emocionado, Kaysar.

Momentos depois as lágrimas deram lugar aos sorrisos e os três recém-chegados até mesmo arriscaram algumas palavras em português, como caraco (o bordão do ex-bbb) e saudade.

Uma longa viagem

O casal George e Diane Dadour e sua filha Celine, pais e irmã de Kaysar, desembarcaram no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, após uma longa viagem.

Os pais do ex-BBB deixaram a Síria no começo da semana e se encontraram com a filha, que vive no Líbano desde 2012. Na sexta-feira (21) pegaram o voo para o Brasil e enfrentaram mais de 24 horas de viagem. Eles chegaram em Curitiba às 20h49, no voo 3809, vindo de Guarulhos-SP.

A separação após a fuga

O reencontro marca o fim de uma separação que durou mais de sete anos e que começou com a fuga do vice-campeão do "BBB18" da Síria para o Líbano, fugindo do alistamento no exército e da Guerra Civil, em 2011, quando tinha apenas 20 anos.

Depois de passar a fronteira de carro, ele pegou um avião para a Ucrânia onde viveu dias que em nada lembravam sua vida de classe média alta. Em Odessa, ele chegou a morar debaixo de uma ponte e só conseguiu juntar dinheiro e vir para o Brasil após trabalhar como gari e fazer bico de limpeza em uma pensão.

Quando conseguiu juntar o suficiente para a passagem para o Brasil, ele então escolheu viver na cidade de Curitiba, onde mora com um primo da sua mãe.

Saudades sem fim

O desejo de rever os pais e a irmã sempre esteve presente na sua vida, mas no começo do ano, com a participação no reality show, virou uma possibilidade real. O drama do sírio, aliado ao seu carisma, fez com que ele se tornasse um dos favoritos ao prêmio de R$ 1,5 milhão e ele não escondia que seu maior objetivo era usar o dinheiro para financiar a vinda dos parentes para o Brasil.

Em uma das conversas com Gleici, a vencedora da edição, ele comentou: "Quero trazer a minha família no dia seguinte [ao fim do 'BBB']. Lá é guerra, Gleici, quem não quer sair da guerra? É insuportável. Tem muitas crianças lá, é ruim pensar nisso".

Corrente do bem

O fim do "Big Brother Brasil" não ocorreu da forma que Kaysar queria, mas o segundo lugar garantiu a ele não só o prêmio de R$ 150 mil e dois carros 0km, mas a esperança de que pudesse reencontrar a família em breve.

Sua fama rendeu o contato com a Organização das Nações Unidas (ONU), o que na época foi informado ao participante do "BBB" pelo apresentador Tiago Leifert. "Kaysar, a ONU quer te ajudar. Depois do programa a gente vai conversar e em algumas semanas vamos tentar resolver a sua situação", garantiu.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), órgão da ONU que trata do assunto, informou à reportagem do UOL que o ex-BBB havia recebido orientação com a documentação e trâmites legais para ajudar sua família.

E para enfim realizar o sonho, Kaysar contou mais uma vez com a ajuda dos fãs, que em julho fizeram uma vaquinha com o intuito de arrecadar R$ 500 mil, conseguindo um total de R$ 120 mil aproximadamente (somando o valor arrecadado via site e doações na sua conta) para custear as despesas da vinda.

Vida nova

A adaptação certamente levará um tempo já que, além dos costumes, clima e rotinas diferentes, a família terá ainda que vencer a barreira do idioma, já que nenhum dos três fala português e os pais não falam inglês. Mas mesmo com os percalços a serem enfrentados, o clima é de total felicidade.

Segundo uma amiga de Kaysar  ouvida pela reportagem, a primeira barreira será reconstruir a relação familiar, já que tanto ele quanto a irmã eram muito novos quando deixaram a casa dos pais. “Só depois eles devem pensar no que fazer praticamente”, explica.