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Messalina ou periguete? Entenda falas dos congelados de "O Tempo Não Para"

Você sabe os significados das expressões cultas de "O Tempo Não Para"? - João Miguel Júnior/TV Globo/Arte UOL
Você sabe os significados das expressões cultas de "O Tempo Não Para"? Imagem: João Miguel Júnior/TV Globo/Arte UOL

Guilherme Machado

Do UOL, em São Paulo

22/09/2018 04h00

Um dos maiores destaques de “O Tempo Não Para” é seu texto. O contraponto entre as expressões antigas dos personagens congelados do século 19 e o linguajar mais despojado dos novos tempos promove algumas das situações mais cômicas das tramas, gerando também comentários nas redes sociais.

Ao UOL, o autor da novela das 19h, Mário Teixeira, fala sobre o cuidado que tem com o texto dos personagens de época, para o qual usou como referência alguns dicionários antigos.

"O maior cuidado é fazer com que, apesar de anacrônicos, os diálogos não soassem pomposos. Por isso a minha obsessão pelo falar das ruas, a que tive acesso na obra desses escritores, além do teatro de Martins Pena e Artur Azevedo, por exemplo. Usei basicamente dicionários mais antigos, como o Laudelino Freire e o Cândido de Figueiredo, mas o que me seduz mesmo é quando as palavras fogem do dicionário”, relata ele.

Mário também conta que se inspirou em obras de época para escrever os diálogos: “Usei basicamente livros da época, o 'Quincas Borba', o 'Memorial de Aires', livros do Machado [de Assis] que têm mais a temperatura das ruas, menos intimistas que os mais conhecidos dele. Sempre com o intuito do resgate de linguagem, usei muito Aluísio Azevedo também, como o 'Mattos, Malta ou Matta', romance publicado originalmente na revista ‘A Semana’, em 1885, um ano antes do naufrágio do Albatroz. Como foi publicado em forma de folhetim, é repleto de termos e locuções da época. Também me foram úteis as cartas de Álvares de Azevedo, bem como a sua poesia jocosa, que é rica em termos coloquiais”.

Mas, afinal, você sabe o que querem dizer alguns dos seus termos preferidos em “O Tempo Não Para”? O UOL ajuda e traduz alguns deles para os nossos tempos, para que você possa sair na rua dizendo "decerto que sim" sem medo do amanhã:

  • Biltre

    É um adjetivo pejorativo usado a se referir àqueles que se comportam de maneira vil e canalha. Um famigerado “embuste” nos dias atuais.
  • Deveras

    É um termo utilizado para enfatizar verdade, ou seja, para reforçar de algo é verdadeiro ou não. Algo na linha de “falando sério” ou “não é caô”.
  • Doidivanas

    Um indivíduo extravagante, sem muita sensatez, que não tem medo de gastar dinheiro. Aquela pessoa “aparecida”, que de vez em quando precisa de um “miga, sua louca”.
  • Finória

    Finória é aquela pessoa que aparenta ser muito boazinha, mas no fundo usa de sua perspicácia para se dar bem de forma maliciosa. Uma “sonsa” e “falsiane” em outros termos.
  • Maganão

    É um termo usado para falar de homens maliciosos, que não prezam pelo respeito. Quando conheceu Samuca (Nicolas Prattes), Marocas (Juliana Paiva) se referiu a ele como um maganão, mas também poderia ter dito que ele era um “boy lixo”.
  • Mandrião

    Nome dado a pessoas que não gostam de estudar ou de trabalhar por pura preguiça. Aquele famoso “encostado” ou “vagabundo”.
  • Messalina

    Uma palavra usada muitas vezes de forma pejorativa para se referir a uma mulher libertina, considerada sem pudor. Ou seja, seria similar ao termo “periguete”.
  • Mexeriqueira

    Uma palavra que é usada para se referir a uma pessoa que gosta de mexericos, mas não, não tem nada a ver com fruta. No caso, a palavra é utilizada para se referir a fofocas. Ou seja, aquele povo que manja de todos os “babados” e “bafões”.
  • Poltrão

    Hoje chamariam de “bundão”, uma vez que o termo é usado para se referir a uma pessoa que é covarde e medrosa.
  • Rábula

    Muita calma nessa hora, não é o que você está pensando. Rábula é uma expressão utilizada para se referir de forma não muito boa a um advogado, uma vez que trata de um profissional do Direito que não tem domínio do assunto, que fala muito, muito e não chega a lugar nenhum. Em outras palavras, aquele clássico “pedante” e “pilantra”.