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Priscila Tossan volta ao metrô após "The Voice" e lamenta: "Tinha méritos"

Ana Cora Lima

Do UOL, no Rio

08/10/2018 04h00

Ela não ganhou o "The Voice Brasil", mas foi a participante que marcou a sétima temporada do reality musical da Globo. Priscila Tossan chegou a ser apontada como favorita, mas caiu nas semifinais da competição.

Sofreu, porém, assimilou a decepção e saiu da TV com uma agenda que ela descreve como "pegada". Uma semana após o fim do programa - vencido pelo sertanejo Léo Pain -, a convite do UOL, Priscila voltou às suas origens e visitou a estação Carioca, uma mais movimentadas do metrô do Rio, onde costumava se apresentar.

Priscila tinha receio de cantar no metrô . "Foi uma experiência enriquecedora porque trabalhou a minha timidez" - Ana Cora Lima/UOL - Ana Cora Lima/UOL
Priscila tinha receio de cantar no metrô . "Foi uma experiência enriquecedora porque trabalhou a minha timidez"
Imagem: Ana Cora Lima/UOL
Tímida, Priscila chega ao ponto de encontro marcado com a reportagem do UOL e abre um sorriso. O metrô a fortalece e traz boas lembranças.

"Tudo começou aqui. Foi uma experiência enriquecedora porque eu trabalhei bastante a minha timidez, essa coisa de lidar com o público, acabou se transformando em uma grande vitrine", lembra ela, que até o meio do ano passado cantava em bares. Incentivada por amigos e pela namorada, Gabriela Rocha, ela foi tentar a sorte no metrô.

"Tinha receio. Achava meio louco [risos] cantar para o público naquele espaço e daí fugia. Resolvi tentar e, no primeiro dia, desisti, mas depois falei: 'Tenho que encarar o metrô'. Voltei, entrei no vagão lotado, liguei o microfone e cantei. Lembro de tudo", diz Priscila, que depois desse dia circulou por estações e vagões durante nove meses.

Aos 28 anos, Priscila conta que sofreu olhares perversos do preconceito racial e até mesmo da intolerância. "Tinha gente que se retirava do vagão, dizendo que ali não era espaço para tocar música, para dançar, para as manifestações artísticas. Essa era parte chata. O resto era muito bom. Era bom saber que o seu trabalho, que a sua arte poderia mudar o dia de uma pessoa e isso acontecia com frequência", explica.

Priscila foi reconhecida e tietada pelos fãs durante a reportagem do UOL - Ana Cora Lima/UOL - Ana Cora Lima/UOL
Priscila foi reconhecida e tietada pelos fãs durante a reportagem do UOL
Imagem: Ana Cora Lima/UOL
Priscila resolveu arriscar voos mais altos e se inscreveu para o "The Voice". Focou só na visibilidade que atração poderia trazer.

"Procurei não criar tantas expectativas. Tanto que na primeira audição, eu não fiquei nem um pouco nervosa e só fui entender que tinha sido aprovada no programa 20 minutos depois", ressalta a cantora, que nos dias seguintes continuou trabalhando normalmente nas ruas, mas depois ficou praticamente impossível, a medida que avançava na competição e figurava entre os favoritos.

A versão da música infantil "O Sapo Não Lava o Pé" foi muito criticada e questionada.

"Não entenderam. Jogaram a apresentação para um outro lado e a ideia era só trazer as crianças mais para perto. Sempre quis cantar músicas infantis e escolhi 'O Sapo'. O Lulu [Santos, o técnico] aceitou, a direção do programa também deu o aval e eles me deixaram muito à vontade nos arranjos. Eu gostei do número", orgulha-se Priscila.

"Eu tinha mérito para chegar à final, para estar no último dia. Não sei se levaria o prêmio, mas tinha condições. Fiquei bastante decepcionada, triste. Isso mexeu muito com o meu emocional. Quando o Tiago Leifert deu a notícia, minhas pernas ficaram bambas. Só pensei na minha mãe", relembra. "Passou. Agora é seguir em frente."

Lulu Santos

O "seguir em frente" de Priscila tem a ver com álbum autoral e independente que ela pretende gravar ainda neste mês de outubro para ser lançando no ano que vem. Ela também é compositora e tem 25 canções prontas.

"As minhas músicas são livres, não se encaixam em nenhum rótulo ou estilo. A maioria fala sobre amor. Têm canções que falam também de espiritualidade."

Moradora de Campo Grande, zona oeste da capital fluminense, ela revela que ainda mantém contato com o ex-técnico Lulu Santos. "Ele é muito carinhoso comigo, me liga quase sempre pra saber se está tudo bem. Ele me dá muita força", conta Priscila.

O MetrôRio soltou um comunicado sobre o posicionamento da empresa:

O MetrôRio apoia todo tipo de manifestação  cultural e artística observada a segurança do cliente, em especial o deficiente visual que necessita do aviso sonoro no interior dos trens para garantir a acessibilidade autônoma e em todo o sistema. A lei que trata da presença do músico ainda depende de regulamentação. 
Como incentivo à cultura musical, a empresa oferece espaço exclusivo nas estações para apresentações, o chamado Palco Carioca.
A proibição de músico nos carros ocorre nos sistemas de metrô do mundo inteiro e, em alguns casos, faz parte do código de conduta. 


"Eu tive a ideia da música do 'Sapo'. Todos me deixaram à vontade nos arranjos", conta Priscila Tossan - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
"Eu tive a ideia da música do 'Sapo'. Lulu aceitou, a direção também e todos me deixaram à vontade nos arranjos", diz Priscila
Imagem: Reprodução/Instagram