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Em livro, Gisele diz que se arrepende de silicone: "Fiquei com raiva"

Gisele Bündchen - Reprodução/Instagram
Gisele Bündchen Imagem: Reprodução/Instagram

Gisele Alquas

Do UOL, em São Paulo

18/10/2018 19h05

Em sua autobiografia “Aprendizados: Minha Caminhada Para Uma Vida Com Mais Significado”, Gisele Bündchen relata vários acontecimentos não tão glamurosos de sua vida. Em 240 páginas, a modelo aborda bullying, a cobrança excessiva da indústria da moda, julgamentos, crises de pânico, pensamentos suicidas e arrependimentos, um deles de ter colocado silicone nos seios.

“Quando a cirurgia acabou, não conseguia mais reconhecer meu corpo. Não ficou como eu imaginava. Fiquei com raiva e deprimida. Eu tinha feito alguma coisa por mim, mas basicamente para tentar agradar aos outros”, revela ela.

Em outros trechos, Gisele conta que sofreu bullying na escola por causa de sua aparência. Seus colegas debochavam de sua altura e de sua magreza. A modelo diz que compreendeu que os colegas só zombavam “de quem não combinava com o grupo deles”.

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“A menina de cabelo ruivo, o menino com sardas e, no meu caso, a magricela alta e desengonçada. Eles deviam estar infelizes ou insatisfeitos com sua própria vida. Poderiam também estar projetando sua mágoa e seu sofrimento em mim para se sentirem menos sozinhos com a própria dor”.

O bullying na infância pode ter afetado Gisele no trabalho. Ela lembra que quando começou a modelar, se sentia “desajeitada”. E a "tortura pessoal" se dava com a cobrança no trabalho. 

Capa do livro de Gisele Bündchen - Divulgação - Divulgação
Capa do livro de Gisele Bündchen
Imagem: Divulgação

“O fato de algumas pessoas me dizerem que meus olhos eram pequenos demais e que meu nariz e meus seios eram grandes demais reforçava esse sentimento. Aos 14 anos, nada parecia ser mais desagradável ou me fazia sentir mais constrangida do que um estilista me dizendo que eu era bonita, ou um fotógrafo me dizendo como fazer pose, ou ainda ouvir um editor comentando sobre meu corpo, os meus seios, os meus olhos ou meu nariz como se eu não estivesse lá”.

Para conseguir tentar não afetar seu lado pessoal, Gisele conta que criou uma maneira para se referir a si mesma. “Foi por isso que aos 18, numa tentativa de me proteger e evitar sofrer ou me sentir como um objeto, eu criei um escudo ao redor de mim mesma. O meu privado era Gisele, mas a modelo Gisele era ‘ela’. Uma personagem que criei para expressar a fantasia de um estilista”.

Críticas

Hoje uma das modelos mais bem pagas do mundo, casada e mãe de dois filhos, Gisele Bündchen também afirma ter sofrido duras críticas durante o início da carreira. Ela lembra que certa vez ouviu de uma diretora de casting que “nunca seria capa de revista”.

“Ela disse: ’Os olhos dela são pequenos demais e o nariz é muito grande para o rosto’. Fiquei tão triste e naquele mesmo dia liguei para o meu pai. Ele disse: ‘Da próxima vez diga para eles: Eu tenho uma grande personalidade também’. Ouvir as palavras do meu pai renovou minha confiança”, conta.

Gisele, que tinha o sonho de ser jogadora de vôlei, reforça durante o livro de que a carreira de modelo sempre foi muito difícil e que ela nunca pensou em trabalhar com moda, mas que é grata a todas as oportunidades que teve. A uber model foi descoberta por um olheiro durante um passeio num shopping com a mãe, em São Paulo.

“Por 23 anos fui aluna na escola da moda, e uma das primeiras coisas que descobri foi como ela podia ser superficial. Por muito tempo na minha carreira de modelo, me senti dividida e culpada. Trabalhar como modelo nunca foi minha paixão nem minha identidade, foi uma oportunidade que surgiu quando eu era muito jovem e eu a abracei. Mas isso não quer dizer que eu não seja extremamente grata”.

Apesar de todo o glamour ao seu redor, Gisele afirma que é uma pessoa simples, que gosta de usar calça jeans, camiseta e ficar com os pés descalços. Ela também fala de inveja e diz que o sentimento é tóxico. 

“A vida pode ser mágica, mas viver bem exige esforço, foco, paciência, compaixão, determinação e disciplina. Invejar ou se comparar com qualquer pessoa é uma receita tóxica. A inveja só gera a sensação de nunca sermos bons o suficiente”, afirma a modelo, que também cita que já ter sido dependente de estimulantes, calmantes, café e cigarro.