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Jornalista que deixou Record apoia Haddad para "exercer a profissão livre"

Luciana Barcellos, ex-chefe de redação do "Jornal da Record" - Reprodução/Facebook
Luciana Barcellos, ex-chefe de redação do "Jornal da Record" Imagem: Reprodução/Facebook

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

26/10/2018 16h40

Ex-chefe de redação do "Jornal da Record", Luciana Barcellos declarou seu voto pela primeira vez após deixar a emissora, há uma semana. Em sua rede social, a jornalista afirmou que votará em Fernando Haddad (PT) para "defender o direito de exercer livremente a profissão". A Record tem exibido entrevistas exclusivas com o adversário do petista, Jair Bolsonaro (PSL).

"O Haddad não foi o meu candidato no primeiro turno. Mas agora o que está em jogo aqui é maior do que nossas primeiras escolhas. É a democracia, é o que queremos para nossos filhos, sobrinhos, netos, amigos, para todos os nossos afetos. É o que queremos de bom também para quem a gente nem conhece pessoalmente. Ninguém é racista ou homofóbico só da boca para fora. Ninguém defende tortura só porque é 'meio doido'. Não existe fascismo 'light'", escreveu Luciana Barcellos no Facebook.

"Algumas pessoas próximas e muito queridas não querem o obscurantismo mas também não se sentem à vontade para votar no PT. Peço respeitosamente que reflitam, que reconsiderem. Não anulem, não votem em branco, não ajudem a eleger o Bolsonaro. Votar no Haddad não é assinar cheque em branco para o PT, não é isentar o PT da responsabilidade de não ter feito a autocrítica. É defender o nosso direito de seguir em frente. E para nós, jornalistas, votar no Haddad é também defender o direito de exercer livremente a profissão", concluiu.

Ex-gerente de jornalismo da Record no Rio de Janeiro e chefe de redação da emissora em São Paulo, Luciana Barcellos pediu demissão na semana passada, informou o colunista Flávio Ricco, do UOL.

Na última quinta-feira (25), a Record criticou Haddad em comunicado enviado à imprensa. Durante sabatina no jornal "O Globo", o candidato criticou o bispo Edir Macedo, dono da Record e líder da Igreja Universal do Reino de Deus, que declarou publicamente apoio a Bolsonaro.

"Um cara usar uma concessão de TV para fazer campanha aberta a um candidato. Nunca vi isso acontecer no Brasil. E ainda fazer do púlpito das igrejas lugar de comício para difamar o adversário. Falar de coisa que nunca existiu, que nunca aconteceu".

Em resposta, a Record repudiou veementemente as acusações do presidenciável: "O principal acionista Edir Macedo, ainda no primeiro turno, informou sua opinião pessoal em sua rede social particular. Um direito individual garantido pela Constituição e já exercido por ele em eleições anteriores. A decisão em nada influencia as posições da emissora, que tem um jornalismo premiado internacionalmente e reconhecido pelo público e anunciantes".