Topo

Ex-aluno de Aguinaldo Silva entra na Justiça exigindo autoria de novela

Bruno Gagliasso e Marina Ruy Barbosa são os protagonistas de "O Sétimo Guardião" - TV Globo/Divulgação
Bruno Gagliasso e Marina Ruy Barbosa são os protagonistas de "O Sétimo Guardião" Imagem: TV Globo/Divulgação

Ana Cora Lima e Carolina Farias

Do UOL, no Rio

30/10/2018 09h12Atualizada em 30/10/2018 12h54

Perto da estreia, "O Sétimo Guardião" sofre ameaça de não ter seu primeiro capítulo exibido. Nesta segunda-feira (29), Silvio Cerceau, ex-aluno da oficina de roteiristas ministrada por Aguinaldo Silva em 2015 e que reivindica a coautoria da novela, entrou na Justiça com um pedido de liminar (decisão provisória) exigindo seu nome nos créditos da nova trama das 21h da TV Globo. Cerceau pede que a novela seja impedida de estrear com base na lei dos Direitos Autorais.

“Entrei com essa liminar para garantir que a Globo cumpra o meu direito. Ou seja que a novela tenha o meu nome nos créditos não só na estreia, no próximo dia 12, como todos os dias do período em que ela for exibida. Se isso não acontecer, ela pode até não estrear ou pode também ser suspensa a qualquer momento porque eu vou entrar com todos os recursos necessários para que a Justiça seja feita. O Aguinaldo continua dizendo que a novela é dele, mas não é. Os autores são os 26 alunos que participaram de um curso que ele deu para roteiristas há três anos”, explica Cerceau.

"Uma novela só existe a partir de uma sinopse e de "O Sétimo Guardião" não foi escrita por Aguinaldo Silva", garante Silvio - Arquivo Pessoal/Silvio Cerceau - Arquivo Pessoal/Silvio Cerceau
"Uma novela só existe a partir de uma sinopse e de "O Sétimo Guardião" não foi escrita por Aguinaldo Silva", garante Silvio
Imagem: Arquivo Pessoal/Silvio Cerceau

Aguinaldo Silva disse que não sabe quais os créditos aparecerão na abertura da próxima novela das nove. "A novela não é minha, é da rede Globo. Quem decide o que vai ou não sair nos créditos é a Globo e eu acatarei o que a emissora decidir. Não sou eu que decido", comentou na coletiva, nesta terça (30) nos estúdios Globo, no Rio.

O imbróglio sobre a autoria de “O Sétimo Guardião” começou em novembro do ano passado quando surgiram as primeiras notícias sobre a aprovação da obra de Aguinaldo Silva para o calendário de 2018. O autor teria apresentado a ideia para a direção da Globo, que aprovou e deu carta branca para prosseguir com a trama.

Na época, segundo Silvio Cerceau, a assessoria do autor entrou em contato com os ex-alunos para informar que todos receberiam a devolução da taxa de inscrição - na época R$ 4 mil reais - paga com juros e que isso só aconteceria se as pessoas assinassem um novo contrato cedendo gratuita, total, irrevogável e exclusivamente os diretos. A maioria aceitou, mas ele se negou.

"Não existe uma novela sem a sinopse. A dinâmica funciona com a emissora primeiro lendo a sinopse de uma novela e aí ela compra os direitos e a novela passar a ser escrita. O autor da novela pode ser também o autor da sinopse, mas a direção pode comprar e passar para outro roteirista desenvolver. No caso de 'O Sétimo Guardião', quem escreveu as tramas, os 50 personagens, os cenários, o mistério do gato e da fonte foram nós, os alunos. A única coisa que o Aguinaldo Silva fez foi ditar a escaleta do primeiro capítulo", entrega o roteirista mineiro.

Já Aguinaldo Silva diz que foi ele que moveu um processo contra o aluno por causa de quebra de uma cláusula de confidencialidade.

"Isso é um caso que esta sub judice. Na verdade, não existe nenhum processo de nenhum aluno contra mim. Eu é que estou processando um aluno. Eu não posso falar sobre isso, porque é um caso que está na Justiça. Mas, queria deixar bem claro isso. Não existe nenhum aluno me processando", disse na coletiva de "Sétimo Guardião", nesta terça (20) nos estúdios Globo, no Rio.

Além do nome nos créditos da novela, Cerceau assume que também briga pelos direitos patrimoniais. "Estamos falando do produto mais caro da televisão brasileira, o de maior audiência e de maior valor publicitário por conta dos anúncios. Também quero tudo isso porque antes havia a dúvida de quem estaria falando a verdade e eu sofri muito com essa história e hoje, além de mim, mais seis alunos já vieram a público para reivindicar também a coautoria da novela. Ou seja, afirmando tudo o que eu venho falando. E eu tenho tudo documentado, eu tenho todas as provas."

Nome da cidade 

Silvio Cerceau contou que a escolha do nome de Serro Azul para cidade fictícia da trama foi uma homenagem que a turma do curso de Aguinaldo Silva quis fazer. Segundo ele, esta é a prova que deveria estar garantido seu nome na assinatura da novela.

"Batizamos o nome da cidade em homenagem a ele porque Serro Azul era só citada nas outras novelas, nunca serviu de cenário de uma história e o Aguinaldo ainda usa isso para justificar como autor sozinho. Ele ainda trouxe dois personagens de 'A Indomada' para reforçar essa teoria", observa o ex-aluno que jura não gostar nada dessa briga.

"O correto seria ele ter falado a verdade quando vendeu a sinopse, apresentar todos os alunos como coautores. Ele omitiu essa informação e vendeu para a Globo sendo uma novela só dele e isso não foi justo."

Procurada pela reportagem, a Comunicação da Globo informou que a data de estreia da novela está confirmada e complementou em nota que “a Globo não faz parte da ação judicial mencionada e não comenta casos pendentes de avaliação do judiciário”.

Aguinaldo Silva dirige carrinho durante uma visita aos sets de gravações de "O Sétimo Guardião" - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Aguinaldo Silva dirige carrinho durante uma visita aos sets de gravações de "O Sétimo Guardião"
Imagem: Reprodução/Facebook