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Regiane Alves dá adeus a nova megera em novelas: "Pessoas amam me ver vilã"

Regiane Alves já interpretou diversas vilãs pérfidas na TV - Reprodução/Viva/Reprodução/twitter/Globo/João Miguel Júnior/Montagem UOL
Regiane Alves já interpretou diversas vilãs pérfidas na TV Imagem: Reprodução/Viva/Reprodução/twitter/Globo/João Miguel Júnior/Montagem UOL

Guilherme Machado

Do UOL, em São Paulo

27/01/2019 04h00

Regiane Alves uma das personagens mais detestadas da TV brasileira. Dóris, a menina mimada de "Mulheres Apaixonadas" (2003), que maltratava os avós, rendeu momentos tensos para a intérprete. Ela foi agredida com um jornal no elevador e perseguida por uma mulher com dois cachorros. Apesar disso, a atriz não se intimida em viver megeras na televisão, pelo contrário.

"Como atriz, tenho que me reinventar a cada papel. As pessoas nas ruas me param muito para falar: 'Sou sua fã, amo ver você de vilã'. Eu acho engraçado e às vezes tento fazer um outro papel. Até brinquei que no cinema fiz a freira Joanna de Angelis, grande mentora do Divaldo [Franco, médium]. Estava num evento e falei: 'Agora chegou minha redenção' [risos]. Mas eu gosto, acho que essa é minha função, não vou relutar, falar: 'Não quero fazer', até porque são os melhores papéis", comemora Regiane.

Atualmente, ela está na pele de outra malvada: a calculista e ardilosa Mariacarla, de "O Tempo Não Para", que termina nesta segunda-feira (28). Uma verdadeira "camaleoa", a personagem formou alianças com diversos personagens, mudando de time quando lhe convinha e pensando sempre em seu sucesso pessoal.

Dóris apanha do pai em "Mulheres Apaixonadas" - Globo/Gianne Carvalho - Globo/Gianne Carvalho
Dóris apanha do pai em "Mulheres Apaixonadas"
Imagem: Globo/Gianne Carvalho

"É engraçado que parece que a gente só sabe o personagem de novela no último dia. Porque você acaba trabalhando muito no escuro, na intuição. Acho que o Mário [Teixeira, autor da novela] colocou muito que eu realmente não podia estar do lado direto nem esquerdo. É difícil, você não pode jogar muito para um lado, jogar muito para o outro", relata a atriz.

A vilã fez ofensas racistas contra a advogada Wanda (Lucy Ramos), dizendo que ela só chegou onde chegou por causa do sistema de cotas. Ela compara a situação com a violência com idosos em "Mulheres Apaixonadas" e ressalta a importância da abordagem do tema para o combate ao preconceito.

"Na hora que chegou a cena, a primeira coisa que fiz foi ligar para a Lucy. Eu falei: 'Nossa, como faremos uma cena dessa?'. Em 'Mulheres Apaixonadas', quando eu maltratava os avós era uma coisa calada. Ninguém falava. Mas de repente o Manoel Carlos coloca uma adolescente [maltratando-os], por isso repercutiu tanto. Agora, qualquer coisa que você fale é muito presente. Nas redes sociais, temos que tomar cuidado com o que falamos. Não sei o que as pessoas passam. É cruel. Eu, Regiane, penso: 'Não é possível que alguém fale isso [xingamentos]'. E há quem fale. As pessoas passam por isso não de agora, de muito tempo. Ainda continua, o ponto triste é isso."

Exercício e maternidade

Regiane Alves abraça os filhos: João Gabriel e Antônio - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Regiane Alves abraça os filhos: João Gabriel e Antônio
Imagem: Reprodução/Instagram
Para a atriz, as novelas continuam sendo um grande aprendizado. "Fazer novela é o grande exercício da frustração. Você sai de casa com 15 cenas para serem feitas. Aí se você conseguir uma cena bem-feita você fala: 'Ok, meu dia foi bom'. Porque às vezes você não consegue fazer tão bem, às vezes, você está em todas as cenas e outro dia você está em uma ceninha só. Você tem que saber lidar."

Para Regiane, o exercício é ainda maior. João Gabriel, de 4 anos, e Antônio, de 3, frutos de seu relacionamento com João Gomez, filho da atriz Regina Duarte, de quem Regiane se separou em 2018, após sete anos.

"É muita correria. A gente se desdobra, não só eu como atriz mas qualquer mulher brasileira que trabalhe e que tenha filho, a gente tenta fazer tudo no tempo que puder. Aprendemos a ter qualidade de tempo. Se eu fico uma hora com eles, eu fico mesmo uma hora com eles. Se vou trabalhar explico para eles que faço o que eu gosto, que com isso ajuda a gente. Eles vão entendendo, crio eles mais independentes. É difícil, mas é isso. É importante também pra mulher depois da maternidade voltar a trabalhar, acho que a gente desconecta assim e volta, só que a gente se desdobra mais", conta ela.