Topo

Porta-voz, Fábio de Melo critica Vale por "doação" a vítimas de Brumadinho

Padre Fábio de Melo - Divulgação
Padre Fábio de Melo Imagem: Divulgação

Gilvan Marques

Do UOL, em São Paulo

29/01/2019 16h08

Após rompimento da barragem em Brumadinho (MG), ocorrido na última sexta-feira (29), Padre Fábio de Melo virou espécie de "porta-voz" das redes sociais e promoveu uma série de críticas contra a Vale, empresa responsável pelo gerenciamento da barragem. A tragédia provocou dezenas de mortos e centenas de desaparecidos.

"Doar? Um bandido entra na sua casa, rouba tudo o que você tem, mata pessoas da sua família, destrói o seu espaço emocional, memórias, depois ele volta e diz que vai deixar um dinheirinho para você recomeçar a vida. Que bandido caridoso", ironizou ele, em resposta à matéria publicada pelo site da revista "Veja": "Vale anuncia que irá doar R$ 100 mil a cada família de morto em tragédia".

A crítica do padre viralizou rapidamente e recebeu mais de 75 mil curtidas em poucas horas.

Referindo-se ao trabalho realizado pelos bombeiros, Fábio de Melo usou trecho da música "Disparada", de Geraldo Vandré e Theo de Barros, para homenageá-los. 

"Aprendi a dizer não/ ver a morte sem chorar/ E a morte, o destino, tudo, a morte e o destino, tudo estava fora do lugar/ eu vivo pra consertar!" (Ouça a música aqui).

Fábio de Melo também usou o espaço no Twitter para fazer reflexão em relação aos "poderosos", "oligarquias políticas" e "currais eleitorais".

"Alguns poderosos tendem a se interpretar como se interpretavam no passado os senhores de engenho. Carregam a pretensão de que são de uma casta superior, e consideram as pessoas que trabalham para gerar suas riquezas como escravas. Distribuem migalhas e se acham caridosos", afirma.

"As oligarquias políticas também não fogem à regra. Pais corruptos que se mantiveram a vida inteira no poder, fazem de seus filhos sucessores. Sempre a partir de seus currais eleitorais. Eles também se acham e agem como senhores de engenho. E é lamentável ver que tem dado certo", prossegue.

"Durante muito tempo essas oligarquias foram cortejadas em seus estados. Acobertadas das imundícies que praticavam nos bastidores do poder, só saiam no meio do povo em tempo de eleições", concluiu.