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Da política ao STF, língua afiada de Boechat não poupava ninguém; relembre

Do UOL, em São Paulo

11/02/2019 17h58

Políticos de todos os partidos, autoridades religiosas, ministros do STF, não importava ao jornalista Ricardo Boechat, morto nesta segunda-feira (11) em um acidente de helicóptero, o cargo ou a posição de quem ele considerava merecedor de reparos. Eventualmente agressivo, até, Boechat dizia o que pensava. 

Abaixo, alguns exemplos recentes, de comentários na Band ou na BandNews FM.

Malafaia, vai procurar uma rola! Não me enche o saco. Isso é um idiota, um paspalhão, um pilantra, tomador de grana de fiel".
Em resposta a Silas Malafaia, que o desafiou a debater ao vivo no rádio e "parar de falar asneira", em 2015

Nós, brasileiros, infelizmente, conhecemos há muitas décadas o padrão da classe política que nos governa. O nível é tão deplorável que ninguém espera muita coisa. Atitudes como essa não são uma exceção entre os políticos brasileiros, lamentavelmente. Mas eles não se envergonham de ser assim. Nem sentem constrangimento, como foi o caso, quando agridem a inteligência dos cidadãos. A leviandade do ex-presidente Lula neste episódio é apenas padrão na política brasileira. As exceções são tão poucas que não justificam nenhuma ressalva."
Ao mostrar como o ex-presidente Lula mudou de opinião sobre a importância da nota de investimento do Brasil dada pela agência Standard & Poor´s

Aqui, a gente elege um deputado por quatro anos e um senador por oito. O desgraçado pode se revelar o maior ladrão do quarteirão no dia seguinte que você não consegue se livrar dele por oito anos. O deputado se revela um assaltante de banco, traficante, estuprador, assassino e você não consegue se livrar desse vagabundo por quatro anos. Como se o voto representasse algo inalterável".
Em 2014, criticando a imunidade parlamentar

Meu compromisso é o mesmo do secretário - com a sociedade. Essa sociedade viu uma cena lamentável à porta da 103ª DP, cercada por policiais militares, fardados e não, em atitude hostil ao delegado que prendera um sargento acusado de tortura. Ao negar fato tão notório e tão grave, o secretário também me ofende como cidadão, como contribuinte e como jornalista. Atribuo à conduta do Sr. Moraes como homem público, neste episódio, a mesma baixa qualidade que ele imputou à minha crítica. O ilustre servidor público está tão desobrigado de atender às 'expectativas de comentaristas de estúdio' quanto eu, como tal, de dar relevância às suas reações."
Respondendo a Alexandre de Moraes, então secretário de Segurança de São Paulo, que criticou um comentário do jornalista, em 2015

O presidente Temer, em decisão monocrática, individual, aprovou o aumento salarial dos ministros do STF. Setes deles, e não os onze, quatro se recusaram a embarcar nessa orgia com dinheiro público, sete deles deram-se um aumento de quase 17%".
Em novembro de 2018

O Gilmar Mendes aumentou ontem a sua lista de liberados. Na sua ofensiva jurídica libertária, ele libertou Anthony Matheus Garotinho, que dispensa apresentações. Dei uma rápida pesquisada, olha que interessante. O Gilmar Mendes liberou o Roger Abdelmassih. O Gilmar Mendes libreou o Eike Batista. Já tinha libertado o José Riva, político mais ficha-suja do país. Soltou a Adriana Ancelmo. Soltou o Garotinho... Diante desta lista que pessoas que o Gilmar Mendes solta historicamente, eu queria fazer um pedido ao ministro: me prende. Porque pega mal ter sido solto pelo senhor". 
Sobre o ministro do STF, em 2017

Uma das grandes hipocrisias da área pública no Brasil, do Estado brasileiro, é esse tal de ponto facultivo. Facultar é permitir a escolha. Jamais vi um ponto facultativo em que suas excelências, os servidores públicos, trabalhassem. Portanto, facultativo não é. É feriado. Dê-se esse nome para que as pessoas possam se programar. Outra coisa: se era facultativo, por que fecharam as clínicas de atendimento à população para vacinação contra a gripe H1N1? Com uma epidemia comendo solta no país, matando gente, este tipo de 'folga', imoral, inaceitável, é quase que um assassinato em potencial". Em abril de 2016

Nas democracias que possam merecer esse nome, sérias, o Estado está nas mãos da sociedade. Nas democracis que não têm para onde ir, a sociedade está nas mãos do Estado. O Brasil, nós, está nas mãos desta gente."

Em 2018, criticando o reajuste de salários dos ministros

Ricardo Boechat morre em queda de helicóptero

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