Ricardo Boechat criticou impunidade em tragédias três horas antes de morrer
Ricardo Boechat, que morreu nesta segunda-feira (11), falou cerca de três horas antes do acidente aéreo que sofreu sobre a sucessão de tragédias no Brasil e cobrou um posicionamento tanto da esfera pública quanto privada pelos incidentes com dezenas vítimas.
Em seu programa na Band News FM, o jornalista comentou uma notícia do jornal "O Globo", que realizou um levantamento sobre 10 casos trágicos, como o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), o incêndio no centro de treinamento do Flamengo, o incêndio da boate Kiss e o desabamento do prédio do Largo Paissandu, em São Paulo.
"A síntese desse levantamento é de que as consequências não deram em nada. Quando você vai vendo o desdobramento das reações no Estado a esses eventos, não só os agentes públicos não pagam nada por isso como os agentes privados também não. Esse é o ponto que une todas essas tragédias", disse.
Boechat disse que por trás de tais casos está a impunidade. Sobre a tragédia de Brumadinho, afirmou: "A cumplicidade está no judiciário que de Mariana para cá pouco fez para dar efetividade às punições e sanções que poderiam ter feito de Mariana um exemplo para as mineradoras de maneira geral".
"A impunidade é o que rege, comanda, a orquestra das tragédias nacionais", completou. "Quando a gente chora, lamenta, parecemos estar anestesiados ou gostar da anestesia que nos faz esquecer tão logo surge o fato de amanhã que terá o mesmo tratamento".
No campo de comentários do programa de Boechat, internautas lamentaram o acidente que culminou com a morte do jornalista. "Ele fala em tragédia e logo depois partiu", disse um internauta. "Não acredito que essa vai ser a última vez que vou poder ouvir o Boechat em algum comentário novo! Não acredito nisso! Cara... que vontade de chorar", disse outra. "Meu Deus, o cara fala de tragédia e acaba de fazer parte de uma! Não somos nada nesse mundo mesmo", falou mais uma.
O acidente
O jornalista Ricardo Boechat morreu aos 66 anos em um acidente de helicóptero na Rodovia Anhanguera, em São Paulo. O piloto da aeronave, Ronaldo Quattrucci, que tentava fazer um pouso de emergência quando foi atingido por um caminhão, também morreu no acidente.
O acidente ocorreu por volta do meio-dia, logo abaixo do quilômetro 7 do viaduto do Rodoanel, no sentido rodovia Castelo Branco, na Grande São Paulo. Segundo o Corpo de Bombeiros, os ocupantes da aeronave morreram na hora. A Força Aérea Brasileira informou em comunicado que apura as causas do acidente.
Âncora do Jornal da Band e da BandNews FM, Boechat teve passagens pelos principais jornais do país, como "O Globo", "O Dia", "O Estado de S. Paulo" e "Jornal do Brasil". Ganhou três prêmios Esso, um dos maiores reconhecimentos no jornalismo profissional, e foi o único a vencer em três categorias do Prêmio Comunique-se (Âncora de Rádio, Colunista de Notícia e Âncora de TV).
Também foi eleito o jornalista mais admirado na pesquisa do site Jornalistas&Cia em 2014, que elencou os 100 principais profissionais do mercado.
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