Família de Marielle no "Encontro" levou a lágrimas e pedidos por justiça
O "Encontro com Fátima Bernardes" de hoje debateu o massacre de Suzano, que aconteceu ontem na cidade da Grande São Paulo e deixou dez mortos, e também lembrou um ano da morte da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, ambos assassinados no Rio de Janeiro.
Durante o programa, com entradas ao vivo de Suzano, onde ocorre o velório das vítimas, psicólogos e os convidados discutiam os possíveis que levaram a dupla a praticar a chacina. "É muito difícil entender o motivo", disse Fátima.
O programa ainda relembrou do massacre ocorrido em 2011 na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro. Um ex-aluno invadiu a unidade e matou 12 adolescentes e vários feridos, entre eles, Thayane Tavares, que ficou paraplégica. Atualmente com 20 anos, a jovem foi ao "Encontro" falar sobre como superou o trauma e como vive em sua atual condição.
"Escolhi não ficar me vitimizando, segui minha vida, estou aqui ainda tenho planos", afirmou Thayane, hoje estudante de direito.
Da família de Marielle o programa recebeu Anielle Franco, irmã da vereadora, e Luyara Franco, a filha da parlamentar, de 20 anos. Também estiveram no programa a viúva de Anderson, Agatha Arnaus, e as irmãs do motorista, Agatha e Andréa Gomes. Elas repercutiram as prisões do policial reformado Ronnie Lessa, 48, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, 46, acusados pelos assassinatos.
"Tem pouco mais de esperança para que paguem pelo crime. Todo dia me surpreendo em tudo o que [minha mãe] se transformou. Famosos que conhecem e falam de minha mãe. A gente tenta se reerguer aos poucos", disse Luyara, muito emocionada, deixando também todos do palco comovidos.
Um dos mais emocionados foi o ator Ícaro Silva, um dos convidados do programa. "Marielle é mulher periférica, negra, homossexual, engajada, [morreu] fazendo seu papel. Era uma parlamentar, não uma anônima. Era importante na politica carioca e do Brasil. Quando silenciam a voz dela vejo a tentativa de nos silenciar, de me silenciar. É como se dissessem que eu não tinha que existir, ataca minha ancestralidade. Hoje Marielle floresceu em todo lugar, em todos nós".
A irmã da vereadora lembrou que ainda não há muito o que comemorar, já que os familiares esperam que seja descoberto quem mandou matar a parlamentar. "Não há o que comemorar, mas deu alívio quando recebemos [a notícia], um pouco de esperança, um pouco de justiça. Marielle virou um movimento que não volta atrás. Estamos escrevendo um livro. Não dá para parar diante da dor".
A viúva do motorista também concordou que ainda falta esclarecer o motivo dos assassinatos. Agatha falou sobre o fato de o nome de Marielle ter mais destaque nas notícias sobre as mortes do que Anderson.
"A dor é igual. Sei que a representatividade dela era muito maior pelo cargo que ela ocupava, não é aquele discurso que as mortes são diferentes, não são. [As prisões] deram um alívio. Vamos começar a entender o que aconteceu, não temos a mínima noção. Falar que é pela atuação da Marielle é muito genérico ainda, embora isso já acalme um pouco", afirmou.
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