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Equipe de afiliada da Globo sofre assalto, e cinegrafista é mantido refém

Natalia Teodoro, apresentadora do Jornal do Amazonas 2ª edição, foi uma das vítimas do assalto - Reprodução/Rede Amazônica
Natalia Teodoro, apresentadora do Jornal do Amazonas 2ª edição, foi uma das vítimas do assalto Imagem: Reprodução/Rede Amazônica

Bruna Chagas

Colaboração para o UOL, em Manaus

03/09/2019 14h17

Uma equipe de reportagem da Rede Amazônica, afiliada da Rede Globo em Manaus, foi vítima de um assalto a mão armada na tarde de ontem, na zona norte da capital amazonense. Os suspeitos renderam os profissionais (uma produtora, um cinegrafista e uma apresentadora), levaram o carro em que eles estavam e obrigaram o cinegrafista a dirigir o veículo até outra parte da capital.

A produtora Camila Romano, 30, contou que eles estavam terminando de gravar um comercial institucional do jornalismo quando tudo aconteceu. "A entrevistada, uma moradora do bairro e a Natália (Teodoro, apresentadora do Jornal do Amazonas 2ª edição) já estavam no carro. O cinegrafista estava se preparando para entrar e eu fora, voltando com as coisas que guardaria dentro do veículo da empresa. Foi quando vi que os dois rapazes bem jovens, um deles de farda escolar, estava com uma arma de fogo e dizia: 'Calma tia. Não queremos levar nada de vocês'", relatou.

Camila afirmou que demorou a entender que se tratava de um assalto, mas quando viu a apresentadora pulando do carro com a bolsa e a entrevistada seguindo os passos dela, também correu na mesma direção. Em seguida, o trio testemunhou os suspeitos levando o cinegrafista. "Nosso desespero maior foi ter visto o Fabrício (Costa, cinegrafista) saindo cantando o pneu e com o porta-malas aberto. Eu liguei logo para 190", ressaltou.

De acordo com Fabrício, 24, os dois assaltantes eram jovens e aparentavam ter entre 16 e 18 anos. "Já tínhamos quase terminado de gravar, quando eles chegaram e mandaram a gente não correr. Vi uma arma apontada para minha cabeça. Eu fui pedindo para Camila voltar para dentro da casa e o suspeito mandou eu entrar dentro do carro. Eram provavelmente dois menores de idade. Um apenas estava com a arma e dizia: 'vai tio, deixa a gente na Grande Circular (uma avenida bem movimentada na zona Leste de Manaus)'", recordou.

O cinegrafista explicou que, a todo momento, achava que poderia morrer. "Sabia que estava sendo sequestrado e pensava toda hora na família. Mas os suspeitos começaram a conversar comigo: 'Não tio, a gente não vai fazer nada com você, não vamos levar nada, só queremos sair daqui porque querem matar a gente'", disse. Fabrício dirigiu até uma rua no bairro São José, na zona leste. Durante o trajeto, a situação foi ficando cada vez mais tensa, devido à atitude do jovem que carregava a arma.

Eu ouvia o mais novo dizer: 'Não mano. Não mano. Não mano', e isso foi me desesperando, mas mantive as duas mãos no volante sem olhar para os lados. No meio do caminho eles ainda perguntaram se o carro tinha GPS e se tivesse, eles iam me fazer de refém, caso encontrássemos com a polícia. O mais velho ficava engatilhando e desengatilhando a arma. Meu coração quase saiu pela boca
Fabrício Costa, cinegrafista da Rede Amazônica

Ao chegar no local que os suspeitos mandaram, a dupla disse ao cinegrafista para que ele não os denunciasse e ainda levaram R$ 40 do profissional. "O menor bateu no vidro e me agradeceu. Deixei eles e retornei para buscar as meninas e os equipamentos", lembrou Fabrício.

A apresentadora do Jornal do Amazonas 2ª edição, Natalia Teodoro, relatou que os suspeitos pediram para ela e para a produtora descerem do carro e obrigaram o cinegrafista a guiar o veículo. Quando elas se abrigaram na casa da entrevistada, Natália ligou para direção da empresa para informar o ocorrido.

Segundo a polícia, a mesma dupla é suspeita de ter assaltado um motorista de aplicativo horas antes, no bairro São José. A equipe da Rede Amazônica registrou um boletim de ocorrência no 27º distrito de polícia e passa bem após o ocorrido. A direção da Rede Amazônica não quis comentar o caso. Já os dois suspeitos continuam foragidos.