Bienal: Atores criam meme com arte "proibida" para apontar problemas no Rio

A Bienal do Livro do Rio de Janeiro ainda continua sendo uma dos assuntos mais comentados na web, após a tentativa do prefeito do município, Marcelo Crivella, enviar um mandado de busca e apreensão da história em quadrinhos "Vingadores: A Cruzada das Crianças", por conter uma cena de beijo gay, considerada pelo político religioso e conservador como "imprópria para crianças". Neste domingo (8), atores se uniram à população em uma campanha de memes com uma montagem da arte "censurada" apontando problemas reais na Cidade Maravilhosa.

Daniel Rangel publicou um clique de uma rua com um buraco enorme no Instagram e disse: "Será que assim o Marcelo Crivella consegue se importar com o que realmente importa?". Johnny Massaro mostrou pessoas sofrendo com as enchentes, no Jardim Botânico.

Já João Vitti, além de apoiar a ação, incentivou os moradores da capital fluminense a entrarem na causa. "Excelente meio para chamar atenção desse senhor. Tem problemas na sua rua, em seu bairro? Fotografe, cole os meninos se beijando e marque o Crivella, que a prefeitura aparece rapidinho (risos)", induziu.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitou na manhã de hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão da decisão judicial que permitiu a apreensão de obras que tenham temática LGBT na Bienal do Livro no Rio de Janeiro.

Ontem, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em decisão tomada pelo seu presidente Claudio de Mello Tavares, fez com que a ordem do prefeito Marcelo Crivella de fiscalização e apreensão de publicações com "conteúdos impróprios" voltasse a valer. No dia anterior, uma liminar do mesmo tribunal havia suspendido temporariamente a possibilidade de recolhimento de obras.

No texto, Tavares usa o Estatuto da Criança e Adolescente para justificar que a liminar fosse cassada. "Na hipótese em tela, chegou ao conhecimento da Administração Municipal o fato de que, em ao menos um dos stands expositores da prestigiada feira (Bienal do Livro), se comercializava sem qualquer proteção, esclarecimento ou embalagem apropriada, publicação destinada ao público infanto-juvenil contendo material impróprio e inadequado ao manuseio por crianças e adolescentes, sem os cuidados previstos nos artigos 78 e 79 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)", afirmou na decisão.

Neste sábado (7), o youtuber e empresário Felipe Neto comprou 14 mil livros com a temática LGBTQ+ e distribuiu na feira, com plástico preto com o seguinte aviso: "Este livro é impróprio para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas. Felipe Neto agradece a sua luta pelo amor, pela inclusão e pela diversidade".