Morre Maurício Sherman, ex-diretor da Globo e co-criador do Fantástico
Resumo da notícia
- Maurício Sherman era diretor da TV Globo e foi um dos criadores do Fantástico
- Ele tinha 88 anos e morreu em casa, na zona sul do Rio de Janeiro
- O filho de Sherman disse que o diretor era portador de uma doença renal crônica e que estava muio debilitado
- O corpo dele será cremado em cerimônia que será realizada amanhã (18) no Crematório da Penitência Caju
- O último trabalho de Maurício Sherman na Globo foi no programa Zorra Total
Morreu na manhã de hoje, aos 88 anos, Maurício Sherman, ex-diretor da TV Globo e um dos criadores do Fantástico. Ele estava em sua casa, na zona sul do Rio de Janeiro. A informação foi confirmada ao UOL pela família de Sherman.
A cerimônia de cremação terá início amanhã, às 13h, no Crematório da Penitência Caju; a cremação em si está prevista para ocorrer às 15h. Em contato com o UOL, o filho de Maurício, Alexandre Sherman, falou sobre o pai. "Ele era portador de doença renal crônica. Porém, estava muito debilitado nas últimas semanas, apesar de manter a lucidez até o final", contou.
Em nota (leia a íntegra abaixo), a Globo ressaltou as "contribuições inestimáveis" do diretor, produtor e ator em suas várias passagens pela emissora, "graças ao seu talento e à dedicação com que executava cada trabalho".
Sherman trabalhou em diversas emissoras, como Tupi, Bandeirantes e Manchete, e se destacou principalmente pelas passagens que teve na TV Globo, contribuindo na criação do Fantástico, ficando à frente do Domingão do Faustão e de programas de humor, como Faça Humor, Não Faça Guerra, Os Trapalhões"e Chico Anysio Show. Seu último trabalho na emissora foi no Zorra Total.
Também ficou conhecido por lançar as apresentadoras Xuxa e Angélica, em sua época de Manchete.
Sherman nasceu em 21 de janeiro de 1931, em Niterói, no Rio de Janeiro, e entrou para a Globo em 1965, onde também foi diretor-executivo da Central Globo de Produção.
O que deu essa dimensão à televisão brasileira, na minha opinião, foi a desmesurada ambição de fazer as coisas. Nós queríamos fazer o máximo. Não nos contentávamos, não nos limitávamos aos nossos espaços. Não. Nós fazíamos, nós crescíamos"
No Mais Você, Ana Maria Braga lamentou a morte de Sherman e fez uma homenagem: "Acabei de receber a notícia da morte de um dos maiores conhecedores da televisão brasileira e acho que do mundo. Ele tinha uma sensibilidade maravilhosa. É o Maurício Sherman", anunciou.
"Ele me recebeu muito bem aqui, 20 anos atrás, me convidou para participar de programas de humor e me fez muito feliz em testar minhas habilidades e em ter sua amizade", contou a apresentadora.
Trajetória
Sherman se formou em direito, mas já trabalhava com arte desde os 13 anos, atuando em peças amadoras no Clube da Colônia Judaica, em Niterói. Por deste trabalho, foi convidado a ser ator em rádio, onde trabalhou em diversas produções ao lado de nomes como Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg.
Depois, começou a construir uma carreira no teatro profissional. Por conta de seu trabalho na peça Massacre, Emmanoel Roblès, ganhou o prêmio de ator revelação, o que impulsionou sua trajetória de ator, agora em televisão, na TV Paulista e na Tupi.
Foi apenas em 1965 que ele começou seus trabalhos como diretor, já na Globo. Em 1966, ela comandou os humorísticos Riso Sinal Aberto e Bairro Feliz, que tinham como roteiristas Max Nunes e Haroldo Barbosa, que entraram na Globo auxiliados por Sherman.
Entre idas e vindas à Rede Globo, passou ainda pela Excelsior e Tupi. Voltou à emissora em 1972, mais uma vez no humor, no comando do Faça Humor, Não Faça Guerra, protagonizado por Jô Soares.
Alguns dos humorísticos mais importantes da TV Globo estiveram sobre o comando de Sherman, como Chico Anyisio Show (1981), Os Trapalhões (1981), e o Zorra Total, onde teve aquela que talvez tenha sido sua passagem mais marcante, à frente da atração de 1999 até 2014.
Em 1983, Sherman foi convidado a dirigir a programação da TV Manchete e convidou Xuxa Meneghel, então com 20 anos, para o Clube da Criança. Ele lançou a Rainha dos Baixinhos, intercalando programa de auditório, música e desenhos.
Três anos depois, colocou no ar Angélica no lugar de Xuxa, que estava a caminho da Globo, se tornando responsável por mais uma carreira de sucesso.
Em 1973, fez parte da equipe que criou o Fantástico. Dirigiu ainda diversos programas de auditório, como Noite de Gala (1966) e Moacyr Franco Show (1977).
Após ter trabalhado como supervisor do Vídeo Show, foi diretor do Domingão do Faustão, em 2001. Estava aposentado desde 2017.
Leia a nota da Globo
"Morre aos 88 anos Muaricio Shermann
Pioneiro da TV no Brasil, Maurício Shermann - ator, produtor e diretor - morreu na manhã de hoje, aos 88 anos, em casa. Ele deixa um filho, Alexandre Shermann.
Formado em Direito na Universidade Federal Fluminense, Shermann dedicou a vida à televisão. Nascido em Niterói, em 21 de janeiro de 1931, aos 13 anos já participava de peças amadoras para logo atuar em espetáculos com atores como Alberto Perez e Nathália Timberg. Em 1949, conheceu Fernanda Montenegro, Chico Anysio e Fernando Torres ao entrar para a equipe da Rádio Guanabara, de onde sairia dois anos depois para dar início à trajetória televisiva na TV Tupi. Foi em 1954, depois de dois anos na TV Paulista, onde representou clássicos de escritores nacionais e internacionais, como William Shakespeare e Guimarães, que ele voltou à TV Tupi no Rio de Janeiro, onde ficou por uma década: uma de suas atuações mais memoráveis foi no "Sítio do Pica-pau Amarelo".
Sua jornada na TV Globo começou em 1965, com a estreia na direção do "Espetáculo Tonelux", musical que contava com Marília Pêra e Gracindo Jr, entre outros, e recebia cantores da Jovem Guarda. No currículo, ainda estão sucessos como os humorísticos "Riso Sinal Aberto" e "Bairro Feliz". Entre outras breves passagens pela TV Tupi, Shermann retornou à Globo e participou da criação do "Fantástico" e dirigiu programas históricos, como "Chico Anysio Show" e "Os Trapalhões" por dois anos. Em 1988, depois de outras experiências profissionais, retornou à emissora, onde ficou por 12 anos e ocupou diversas funções. Foi diretor de núcleo, diretor musical, diretor de Projetos Especiais e diretor da área de controle de qualidade.
Ao longo deste período, esteve no comando de atrações marcantes, como o especial de 25 anos dos Trapalhões, com duração de 25 horas e participação do elenco completo da emissora. Foi ainda responsável pela direção das vinhetas de fim de ano da Globo, tendo sido premiado no ano de 1992, com os vídeos que mostravam atores, apresentadores, comediantes e jornalistas passando a mensagem "Tente e invente, faça um 92 diferente". Nas décadas seguintes, foi supervisor do Vídeo Show, transformando o programa em uma atração diária. Também foi diretor do humorístico Zorra Total e do Domingão do Faustão.
Shermann se aposentou em 2017, depois de dirigir por 16 anos o "Zorra Total", um de seus últimos trabalhos na TV. Suas várias passagens pela TV Globo foram contribuições inestimáveis graças ao seu talento e à dedicação com que executava cada trabalho.
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