Cacau Protásio: cena que gerou caso de racismo não será cortada de filme
Do UOL, em São Paulo
01/12/2019 21h51
A cena gravada por Cacau Protásio no último domingo, que gerou um episódio de racismo, não será cortada do filme Juntos e Enrolados, informou a produção ao Fantástico.
A atriz foi atacada em grupo do WhatsApp após filmar em um quartel de Bombeiros no Rio de Janeiro. O trecho, conforme explicou Cacau, é um sonho de um bombeiro que ama a personagem interpretada por ela.
"Ele me imagina dançando para ele, sensual e linda, é um sonho. Uma imaginação", explicou. Ela e os atores que dançaram na cena gravaram das 6h da manhã até 17h.
"Eu não mereço ser xingada. Eu mereço respeito, não só eu como qualquer ser humano. Cheguei lá e fui super bem recebida pelos bombeiros. Foi por um grupo de WhatsApp dos Bombeiros [que começou a polêmica]. E é muito doloroso ouvir", disse Cacau em entrevista ao programa da Globo.
O Fantástico divulgou o áudio de uma pessoa que diz ser "vergonhoso" o que aconteceu durante as filmagens: "Mete aquela gorda, preta, filha da p** numa farda de bombeiros".
A atriz definiu que o caso traz registros de "homofobia, gordofobia e racismo", e contou ainda que fez um Boletim de Ocorrência.
"Eu fui para a delegacia prestar um depoimento, cheguei lá e fiquei presa no elevador. O policial falou que ia ter que chamar o bombeiro para me salvar. Naquele mesmo momento, me deu uma angústia muito grande porque fiquei com medo. E se vem esse cara, será que ele vem me salvar por eu ser negra e gorda?", contou a atriz, chorando.
Por fim, Cacau opinou sobre indicação de Sérgio Nascimento de Camargo para a presidência da Fundação Palmares, um conhecido militante da direita que nega a existência do racismo no Brasil.
Uma de suas declarações é que a escravidão foi benéfica para os negros.
"Você apanha, sofrer, passar fome, ser açoitado, humilhado é benefício do quê? Ele não me representa, como acredito que ele não representa outros milhares de negros", disse Cacau.