Regina Duarte, 73 anos: 4 papéis que não seriam aceitos por Bolsonaro
Regina Duarte, a nova chefe da secretaria de Cultura do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), tem uma carreira impressionante na dramaturgia e no cinema.
Considerada uma das melhores atrizes do Brasil, Regina completa hoje 73 anos. Mas, alguns papéis dela no passado poderiam não ser tão bem vistos assim pelo atual governo.
Relembre a seguir 4 papéis da "namoradinha do Brasil" que causariam polêmica no governo Bolsonaro:
Malu Mulher (1979)
Provavelmente a personagem mais feminista que Regina já interpretou na televisão, Maria Lúcia Fonseca enfrenta um processo de divórcio com agressões físicas e verbais. A protagonista tem uma filha de 12 anos e precisa lutar para conseguir cuidar da adolescente enquanto reergue sua vida.
Assim que arranja um emprego, a socióloga, mais amadurecida, segue para uma nova fase na vida e recomeça a vida amorosa. A série ainda discutiu sobre aborto, prazer feminino, método anticoncepcional e independência.
Desde o início de seu mandato, Bolsonaro vem criticando o feminismo e a "lacração". O deputado federal Eduardo Bolsonaro, seu filho, já pediu via Twitter para os professores evitarem abordar "feminismo, linguagens outras que não a língua portuguesa ou história conforme a esquerda".
Roque Santeiro (1985)
A novela, que chegou com um atraso de 10 anos na televisão brasileira, foi censurada inicialmente pela ditadura militar —que Bolsonaro diz nunca ter existido. O projeto era para ter estreado em 1975, numa tentativa de Dias Gomes de reviver sua peça O Berço do Herói.
Porém, o autor teve seu telefone grampeado pelos militares na época, que descobriram qual era a fonte original. O Berço do Herói, de 1963, explorava a ideia de falsos mitos. Na trama, o protagonista era um militar que virou uma lenda na cidade, mas que na verdade era um mentiroso e desertor.
Em Roque Santeiro, Dias Gomes tirou a parte militar e transformou o protagonista em um escultor que teria morrido para defender a cidade. Mesmo com a ditadura no fim, a novela ainda incomodou muita gente, que a acusava de ferir a moral e os bons costumes.
Regina interpretou Viúva Porcina, a ex de Roque Santeiro (José Wilker), que mantém uma relação com Sinhozinho Malta (Lima Duarte). Chegando ao ar logo após a redemocratização, a novela é uma sátira sobre como as pessoas conseguem ganhar dinheiro e poder graças à fé popular.
Além da Paixão (1985)
O filme, dirigido por Bruno Barreto, contou com a única cena de nudez que Regina Duarte fez na carreira. A trama mostra a atriz como Fernanda, uma mulher que se apaixona por um garoto de programa, interpretado por Paulo Castelli.
O casal começa, então, um amor proibido, já que ela era casada e com dois filhos. Porém, nem tudo são flores. Em uma viagem, Fernanda descobre que seu amante está envolvido com drogas e decide largar tudo para voltar para sua família.
Com a destruição da família "tradicional" que prega o governo, romance em que um garoto de programa está envolvido e nudez, o filme não seria recebido com uma visão positiva.
Sete Vidas (2015)
Na novela, Regina viveu a homossexual Esther. Na época, a atriz disse que ficou chocada com a reação positiva do público, já que um casamento LGBTQ não deveria impressionar tanto assim. "É como se ela fosse uma marciana, né?", disse Regina ao Extra.
Esther criou os dois filhos ao lado de Vivian, sua mulher. Ao ficar viúva, a personagem entra em uma nova fase de sua vida. "Vou ficar muito feliz se essa abordagem puder contribuir contra a homofobia. Mas é aquilo que eu digo: existe uma infinidade de qualidades que você poderia enumerar, antes de chamá-la de homossexual", declarou a atriz na época, também ao Extra.
Bolsonaro já declarou em entrevistas que é "homofóbico, com muito orgulho" para defender as crianças do projeto "Escola sem Homofobia", que preferiria ter um filho morto do que ele ser homossexual e até afirmou que um jornalista tinha "cara de homossexual".
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