Dourado rejeita paralelo com Prior no BBB e diz: 'Ganha o menos hipócrita'
Destaque do BBB 20 há algumas semanas, Felipe Prior vem conquistando muitos fãs e seguidores nas redes sociais com seu jeito 'sincerão' de ser. Porém, como boa parte dos espectadores do programa também gosta de lembrar, o brother já foi pego em inúmeras situações controversas, disparando comentários machistas e se mostrando ignorante a questões relacionadas a gênero.
Diante dessa pose de anti-herói, Prior foi imediatamente comparado a dois outros vencedores do programa: Paula Von Sperling, campeã do BBB 19, e Marcelo Dourado, do BBB 10. Os dois saíram milionários da casa, mas causaram polêmica por terem sido considerados preconceituosos na época de suas vitórias. Para analisar o impacto desse comportamento na casa mais vigiada do Brasil, o UOL procurou Paula, que preferiu não falar, e Dourado, que rejeita a ideia de alguém seguindo seus passos.
"Tenho certeza que ele é ele, faz a trajetória dele. Nunca concordei com 'novo Pelé', 'novo Tyson', muito menos um novo eu. Cada um faz sua jornada", explica Dourado, atualmente em Moscou, na Rússia, atuando como preparador físico. "Os erros dele são dele, os acertos são dele, assim como para cada jogador da casa. Quem tem filho grande é baleia, e quem tem clone é o Will Smith. Não torço por ninguém lá, então boa sorte a todos e todas", completou.
Jogar com a verdade
Na visão de Dourado, ganha o BBB quem conseguir ser menos hipócrita e viver sua verdade na casa. "O BBB é um jogo de hipocrisia. Alguns tentam esconder, outros tentam mascarar. E ganha quem for menos hipócrita e conseguir desmascarar os outros. Acho que foi isso que me fez ganhar. E também bons adversários que mais erravam do que acertavam. Eu mais esperei eles errarem do que outra coisa", conta.
Prior é elogiado nas redes sociais justamente por parecer um dos mais sinceros lá dentro. Ele perde a paciência, fala algumas besteiras, vota em participantes queridinhos e se joga em todas as festas, sem pensar muito na imagem que está passando para o público.
Dourado não acredita que alguém consiga fazer uma máscara ou um personagem durar por muito tempo na casa. "Ninguém é um ator tão bom para interpretar por três meses. Cada um faz a estratégia que quiser. Tem o jogo de dentro que a pessoa faz para evitar ser votada, se dá bem com todo mundo. E tem o jogo de fora no qual o público elimina. O público que faz o campeão. Não adianta mentir lá dentro porque o público sabe", opina.
O que vale no BBB?
Dentro da casa do BBB 20, Prior foi apontado por nomes como Marcela e Daniel como alguém que joga sujo e de maneira agressiva, declarando que todos são seus alvos no confessionário e arrumando brigas com a maioria dos confinados. Dourado defende que nada é condenável no programa, a não ser as agressões físicas.
"Não acho nada condenável. As regras estão lá e são cumpridas. É proibido qualquer agressão física, então basicamente, se isso não aconteceu, não tem problema. BBB é um jogo de palavras, um jogo de desestabilizar o outro, deixar a pessoa nervosa, fazer ela mentir, gritar, perder a linha. A pessoa tem que saber lidar com isso: ser isolado, ser confrontado", explica.
"A pessoa ser politicamente correta ou incorreta não tem a ver com vencer o jogo e sim com a verdade dela. A pessoa precisa ser verdadeira com aquilo que ela acredita. Não passar uma imagem hipócrita para o público. Os grandes vencedores foram os que souberam transmitir a verdade deles. BBB não tem regras escritas, apenas regras de confinamento. Não existe fórmula. Ninguém ganhou de maneira fácil. Só quem esteve lá dentro sabe a pressão psicológica que é. Quem não ganha é pior ainda porque passa por tudo isso e sai sem o prêmio."
Vitória controversa
Neste ano, com a força das mulheres na edição, onde só uma foi eliminada até agora, não se esperava que algum homem da casa fosse conseguir tanto destaque quanto Prior. Depois de 10 anos, a vitória de Dourado ainda é questionada pelo que ele representa. Em uma edição com vários participantes LGBT, ele, visto como oposição a este grupo, triunfou. Ele discorda de ser pintado como homofóbico.
"O que me fez ganhar foi justamente não levantar bandeira e saber dialogar com todo mundo. Tentar compreender todos os grupos. Muitas pessoas tentaram levantar a história de que eu era contra os gays. Não sabem da minha história. Eram pessoas que estavam jogando sem caráter. Mentiam, tentavam dissimular, tentavam me incutir culpas que não eram minhas. Eu acho que isso foi o que mais pesou", pondera.
Na época, lá em 2010, Dourado foi criticado ao afirmar que héteros não poderiam transmitir o vírus do HIV, o que despertou a ira da comunidade LGBT. "Não me arrependo de nada que falei no programa. Não falei que hétero não pega Aids. Falei que todas as campanhas do Ministério da Saúde, desde a década de 1980, educaram as pessoas para pensar que o homem é o vetor da doença. Isso que eu botei em jogo. Isso foi um questionamento que fiz em torno do que fui mostrado pelo ministério. A patrulha da moral e dos bons costumes fez o show deles", dispara.
"Vejo a minha vitória como uma das torcidas mais heterogêneas. Consegui juntar as mais variadas tribos, pessoas de direita, pessoas de esquerda, gays, héteros, velhos, crianças. A pluralidade que ganhou", explica Dourado.
A torcida dele era conhecida como Máfia Dourado. Será que uma Máfia Prior pode estar desenhando no horizonte? "Esse lance de "máfia" em torcida só surgiu em 2010. Depois, foi tudo imitação. Máfia original em BBB? Exija só a Dourada. Não empresto e não alugo torcida e ainda por cima sou ciumento e egoísta", brinca Dourado.
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