Blogueira atrai famosos ao lançar manifesto contra a Vogue: 'Rede de apoio'
A decisão da revista "Vogue" em estampar sua capa com a top Gisele Bündchen vestida com roupas de grife e os dizeres "o novo normal", no meio da pandemia do coronavírus, não pegou bem e gerou controvérsia. Além de receber críticas em suas redes sociais, a revista acabou suscitando outras manifestações, como a carta aberta de Lelê Santhana, blogueira de moda de apenas 19 anos, que viralizou.
No vídeo, Lelê considera "inadmissível" que a maior revista de moda do Brasil escolha Gisele Bündchen como capa representando o "novo normal". "Eu tenho certeza que nessa capa não há nenhuma referência de normalidade. Tem pessoas morrendo. Muitas. E enquanto houver pessoas morrendo, todos os veículos de comunicação devem agir com responsabilidade e sensibilidade", pontua.
A mensagem foi gravada em formato de vídeo e publicada no perfil do Instagram de seu site, o Portal das Modas. Já recebeu mais de 300 mil visualizações e muitos elogios de celebridades e nomes fortes da moda, como Thalita Rebouças, Astrid Fontenelle, Carol Ribeiro, Arlindo Grund e Alexandre Herchcovitch.
"Eu nunca imaginei que tanta gente assistiria ao vídeo. Esses famosos me enviaram mensagens e acabei criando uma rede apoio. Sempre fui fã do Herchcovitch. Fico feliz de ter chegado até ele!", comemora Lelê, em papo com o UOL. "Penso que [o vídeo] não era tanto sobre mim e, sim, sobre várias pessoas da indústria da moda e que já sonharam em trabalhar na 'Vogue'."
Nascida e criada em Salvador, Lelê conta em sua mensagem que sempre sonhou em trabalhar na "Vogue", mas que viu a luz da revista se apagando com o passar dos anos. "A 'Vogue' é a bíblia da moda. Para quem está interessado no assunto, sempre foi a maior referência. Mas fui crescendo e entendendo que talvez a 'Vogue' não comunicasse a moda em que eu acreditava. Aquele encanto e fascínio que eu tinha começaram a murchar", relembra.
Nova abordagem da moda
Há um ano, Lelê criou o Portal das Modas, que propõe discussões sobre consumo, representatividade e política dentro do universo fashion. Ela conta que idealizou o portal querendo resgatar esse tom mais crítico da moda e trazer uma visão mais jovem para o debate.
"Acho que são tempos de transformação. Estamos questionando muitas coisas. Mesmo que uma marca sempre tenha tido um posicionamento conservador, não precisa continuar assim. É um pensamento tão infeliz. Tantas indústrias estão procurando mudanças. O público quer representatividade, novos formatos e mais ética. Com a internet, muitas pessoas podem ter voz e opinar", reforça Lelê, feliz com o alcance de seu vídeo.
Para ela, os moldes tradicionais da produção de conteúdo de moda e até mesmo as figuras chiques e inalcançáveis que povoam esse universo —como é mostrado no filme "O Diabo Veste Prada"— não fazem mais sentido.
Esse modelo ficou para trás. Existem muitas formas de comunicar moda, menos sobre futilidade e mais no viés político e social, refletindo seu tempo. Como este momento da pandemia vai ser lembrado? De forma alienante ou como algo que trouxe provocação e esperança?
Segundo ela, é um momento de reflexão geral para pessoas públicas e não públicas. "É preciso ter responsabilidade com o que se fala e o que se faz, pois o impacto pode ser positivo ou negativo. Espero que [a pandemia] provoque reflexões e que todos sejam mais cuidadosos no que fazem ou deixam de fazer", conclui.
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