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Ex-BBB Angélica sobre Adrilles: um cara culto usando a voz para falar merda

Angélica e Adrilles participaram do "BBB 15" Imagem: Reprodução/Instagram

Marcela Ribeiro

Do UOL, no Rio

30/05/2020 04h00

O ex-BBB Adrilles Jorge disse, durante um debate no "Jovem Pan Morning Show", que é difícil alguém "ser considerado branco" no Brasil porque o sangue africano, do negro, escravo, está na maioria das pessoas. "As negras não foram estupradas. Elas namoravam com brancos, ou seja, a gente criou uma cultura democrática racial graças ao pouco racismo que a gente tem diante de países como África do Sul e Estados Unidos, em que você vê na pele o racismo. Em que as pessoas são muito brancas ou muito negras. Não é o caso do Brasil. A gente é uma democracia racial, sim, embora exista ainda racismo."

A fala de Adrilles causou polêmica e indignação. Os ex-BBBs Angélica Ramos e Luan Patrício, que participaram da mesma edição que ele do reality show da Globo, comentaram a posição do escritor.

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Angélica disse lamentar ouvir esse discurso, segundo ela absurdo, de um homem tão culto que conheceu na época do "BBB".

Me dói muito. É realmente inaceitável uma situação dessa. Ouvir uma pessoa que antes tinha voz para proliferar coisas boas e hoje acaba usando essa voz para falar merda. É realmente de dar nojo uma declaração dessas.

Após a repercussão negativa, ele se justificou nas redes sociais, dizendo que se referia à miscigenação racial de hoje e que transformaram em racista uma fala que, de acordo com ele, era antirracista.

Ao UOL, Adrilles repetiu que a miscigenação racial no Brasil de hoje não é fruto de estupro e justificou dizendo que ele estava numa discussão acalorada sobre o Brasil ser um país essencialmente racista ou não.

Creio que o racismo exista pontualmente no Brasil, mas não em essência. Ou seja: existem pessoas racistas no Brasil, mas não se pode dizer que o país seja essencialmente racista. E o ponto de prova que usei foi que o Brasil é o país mais miscigenado do mundo.

A questão foi deturpada, segundo ele, quando respondeu uma colocação da jornalista Alexandra Loras, que disse que "mulheres eram estupradas na escravidão".

"Respondi basicamente que a miscigenação racial no país não era fruto de estupro, mas de livre escolha afetiva das pessoas após a abolição. E isso implicaria dizer que um país essencialmente miscigenado por livre escolha não poderia ser essencialmente racista.".

Colega de Adrilles no "BBB 15", Angélica Ramos disse não acreditar que o escritor foi capaz de cometer esse "massacre" com suas palavras.

Angélica e Adrilles no "BBB 15" Imagem: Reprodução/TV Globo

"Não sei como nominar o que ele disse. Gosto do Adrilles, a gente antes compartilhava os mesmos valores em relação à aceitação e às escolhas sociais, politicamente falando. Essa declaração dele me deixou sem chão, é inaceitável. Falar que as negras escravas namoravam? Elas foram violentadas, massacradas, muitas foram mortas", desabafou.

Angélica rebate o colega e afirma que no Brasil o racismo ainda é, sim, muito forte.

Vivi minha vida inteira no Brasil e sofri racismo diariamente. Hoje, um pouco mais velado, mais disfarçado, mas sempre vivi isso. Tive uma carga muito pesada após o reality por ser negra, aí vi o peso do que é ser uma mulher negra no Brasil.

A ex-BBB diz que nunca vai concordar com a declaração do Adrilles sobre o Brasil não ser um país racista e também discorda quando ele diz que no país existe uma democracia racial.

Adrilles ganha um abraço de Angélica no "BBB 15" Imagem: Reprodução/TV Globo

"O negro não tem opção de escolher. Se a gente tenta alcançar um patamar que as pessoas julgam que não é para nós, a gente é muito linchado, caluniado e humilhado."

Costumo dizer que a mulher negra quando ela nasce, ela nasce com o super poder de ser invisível, porque a sociedade faz com que essa mulher não exista, e isso é muito triste

Treta no "BBB" e paz após confinamento

Luan e Adrilles discutem no "BBB 15" Imagem: Reprodução/Globo

Luan e Adrilles protagonizaram uma das maiores brigas do "BBB 15". Na época, o escritor se exaltou e disparou: "Seu lugar é em outro confinamento, bandidinho".

No mesmo dia, eles selaram a paz e são amigos até hoje. Luan contou que eles costumam se falar por redes sociais.

"Nossas indiferenças dentro da casa ficaram lá dentro. Fora do 'BBB', somos amigos e conversamos tranquilamente no nosso grupo de Whatsapp. Não tenho nada contra ele nem ele contra mim."

Luan não acredita que Adrilles foi racista em seu comentário na Jovem Pan.

"Acho que no calor da emoção do debate ele se colocou de maneira errada. Ele foi se referir ao passado e acabou falando coisas que não condizem com a realidade. Ele sempre me tratou otimamente bem, tanto eu quanto a Angélica, sempre rimos e brincamos. Nunca teve indiferença racial comigo. Ele é uma excelente pessoa, mas acho que se colocou errado. Quem conhece a história dos escravos sabe que tinha estupro, as mulheres eram violentadas."

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