Quem é o influencer de 15 anos que conseguiu ser bloqueado por Bolsonaro
O que seria motivo de tristeza ou raiva para muitos acabou sendo comemorado por Kaique Brito. O jovem de 15 anos, morador de Salvador, na Bahia, festejou ter sido bloqueado pelo presidente Jair Bolsonaro no Twitter na última semana e acabou ganhando ainda mais visibilidade on-line.
Seguido por quase 200 mil pessoas no Twitter e mais de 100 mil no Instagram, o estudante e influenciador faz sucesso nas redes sociais compartilhando dublagens divertidas de políticos e anônimos, tentando fazer provocações sobre racismo e política por meio do humor.
Entre os nomes famosos que acompanham Kaique na internet estão Maísa Silva, Felipe Castanhari e Bruno Gagliasso. Todos viraram fãs do garoto depois que seu vídeo, ironizando o racismo reverso, viralizou em junho do ano passado.
Em papo com o UOL, Kaique contou sobre sua relação com os haters, falou sobre os planos para o futuro e ainda deu um recadinho para Jair Bolsonaro.
UOL: Como reagiu após ser bloqueado por Bolsonaro? O que diria para ele?
Kaique: "Já achava ridículo ele bloqueando outras pessoas. É a função dele como presidente informar ao povo. As pessoas têm direito de saber o que está acontecendo. Não tem razão para bloquear."
Em outra entrevista, sugeri que ele fosse trabalhar mais. Mas agora penso diferente. Renuncie. Sai logo daí!
Recebe muitas críticas e comentários de ódio? Como reage a isso?
"No início, já imaginava que receberia comentários negativos. Os youtubers que acompanho sempre disseram que se você tem haters, está no caminho certo. Não dá para agradar todo mundo. Teve um dia que eu fiquei mal, procurei meus amigos para desabafar e já esqueci na hora. As pessoas dizem que eu tenho psicológico forte para isso."
Muita gente sofre com o ódio na internet. Querendo ou não, fica um pouco no subconsciente. Por ser adolescente, a gente tem mania de ligar para tudo que as pessoas falam.
Se assusta com uma plataforma tão grande com tão pouca idade?
"Os adultos que produzem conteúdo online estão há uns cinco anos na internet e eu também. Essa quantidade de seguidores corresponde ao tempo que tenho de internet. A única mudança com essa exposição toda é que agora, quando vou ao shopping, sou reconhecido pelo menos uma vez. Continuo na mesma escola, sou tratado da mesma forma com meus amigos.
O que me assusta é se um dia eu não tiver mais vontade de gravar vídeos e as pessoas ficarem exigindo. Ou o contrário: querer gravar e as pessoas não se interessarem mais.
Como conseguiu criar essa consciência social tão jovem?
"Minha irmã sempre foi ligada em política. Com o tempo, cada geração vai se ligando mais nessas coisas. Minha mãe nunca apoiou o Bolsonaro. Mas ela é de uma geração passada, vamos tentando desconstruí-la. Aprendi muito na internet, especialmente na época das eleições."
Eu sempre me liguei nos dois lados, esquerda e direita, ouvia as duas opiniões. De direita com certeza não sou. Quanto mais longe deles tiver, melhor vou considerar
Qual a importância de usar sua influência para conscientizar outras pessoas?
Por mais que eu tenha muitos seguidores, só me segue quem concorda comigo e com os meus posicionamentos. Estou falando o que eles já sabem e acreditam. Não sei se realmente influencio uma maioria que já pensa como eu
Quais os planos para o futuro?
"A coisa que eu mais gosto de fazer é gravar. Quando era criança, gostava de desenhar, depois fazer mágica. Hoje, gosto de dançar e também comecei a fazer teatro. Mas o que eu quero mesmo é investir no Youtube. Em 2016, eu tinha um computador muito bom em casa. Na época, aprendi a amar edição. Mas esse computador quebrou. Estou esperando comprar outro para voltar para o Youtube."
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