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Serginho explica seu posicionamento político e se vê como um 'progressista'

Serginho Groisman explica seu posicionamento político durante o "Roda Viva" - Reprodução/TV Cultura
Serginho Groisman explica seu posicionamento político durante o "Roda Viva" Imagem: Reprodução/TV Cultura

Do UOL, em São Paulo

31/08/2020 22h46Atualizada em 01/09/2020 08h50

Sempre discreto em relação a questões políticas, Serginho Groisman disse se considerar "progressista e libertário" durante participação no programa "Roda Viva", da TV Cultura. O apresentador do "Altas Horas", no entanto, revelou não gostar de "rótulos".

"Quando a gente chega num momento do Brasil onde tem que escolher entre direita e esquerda e achar que uma pessoa de direita tem aquele estereótipo, e de esquerda também. Eu, pela história que acho coerente em toda minha vida, me considero um progressista, um homem libertário, um homem que tem nos diretos humanos uma mão e pé estendidos, onde tem um 'não' a censura muito grande, um 'não' a atitudes racistas, preconceituosas", explicou ele.

"Eu não gosto de rotular num país onde tantas pessoas vão falar a respeito do presidente. Tantas pessoas que passaram a criticar o presidente [Jair Bolsonaro] e eram favoráveis a ele, são consideradas de esquerda", acrescentou.

Questionado se pensa em aprofundar o debate político em seu programa, Groisman respondeu. "A minha história conto em programas como esse onde realmente a palavra é livre, o pensamento é livre. A gente precisa ficar absolutamente atento ao que está acontecendo, porque eu não acredito que uma canetada acabe com tudo, mas é preciso ficar de olho muito aberto porque a liberdade, às vezes, é muito ameaçada, verbalmente, ameaçada factualmente, mas acredito muito na resistência da própria sociedade."

Ataques à imprensa

Groisman se disse "estarrecido" com xingamentos direcionados a profissionais da imprensa por parte do presidente e de seus apoiadores. Para ele, o ataque ao repórter é um ataque ao jornalismo enquanto ofício, e não a um profissional específico.

Quando você atinge jornalista, chamando de bundão ou falando que vai dar porrada, ele não está se referindo especificamente a um jornalista, mas ao jornalismo, aos jornais que se manifestam contrários a ele quando julgam necessário, quando os fatos dizem isso. Quando ele ou outros xingam os jornalistas, estão xingando o jornalismo e o que foi construído
Serginho Groisman

O apresentador acrescentou que não quer ver "receitas de bolo" nos jornais, em referência a trechos censurados de matérias nas publicações durante o período da ditadura militar e que apresentavam as receitas no lugar do conteúdo original. Ele acrescentou que parte das críticas à imprensa se trata de um movimento negacionista de lidar com o noticiário.

"Quero continuar a ler aquilo que acho importante nos veículos que confio. A gente vai voltar a falar... O Caruso [Paulo Caruso, cartunista do Roda Viva] fez uma [charge] sobre fake news, acho que isso é o grande mal de hoje. As pessoas se negam em ver certos fatos, em ver a ciência, e tem gente que acredita realmente que a terra é plana. Por aí vai. São pessoas que falam e acham que não vai ter consequência nenhuma. Acho que cabe à Justiça e à sociedade realmente interromper esse desmatamento que se propõe."

Piada racista e o momento de reflexão

Em 2018, o cantor César Menotti, da dupla com Fabiano, foi ao "Altas Horas" e contou uma piada dizendo que "samba é coisa de bandido". Todos riram, inclusive o apresentador Serginho Groisman. O caso gerou repercussão nas redes sociais, e o músico veio a público para pedir desculpa.

Groisman disse que o episódio gerou reflexão interna, na produção do programa, mas admitiu que não queria "censurar" o que havia sido dito ali.

"Essa história começou a refletir de uma maneira, por um lado muito coerente, muito certa, porque as pessoas se sentiram atingidas, falando 'ah, samba é coisa de negro' e relacionar com bandido. Mas, na verdade, primeiro passou desapercebido, mas depois eu deixei na edição. Eu não iria tentar censurar ou cortar alguma coisa que foi dita", disse ele.

"Eu nunca quis ser jovem"

Apresentador que comanda programa direcionado principalmente ao público jovem, há mais de três décadas, Serginho Groisman também rechaçou a ideia de ser ou parecer um cara que sabe todas as gírias.

Não, pelo amor de Deus, o dia que falarem isso, sair isso da plateia, eu fecho a porta porque eu nunca quis parecer jovem, eu nunca quis parecer um cara que sabe todas as gírias. Eles sabem que existe uma pessoa que é apresentador e que conduz um programa. De jeito nenhum quero parecer que tenho a idade da plateia
Serginho Groisman

"No SBT, eu tinha 40 anos de idade, como eu poderia achar que tinha a mesma idade da plateia? Ao mesmo tempo, o programa que faço tem uma plateia jovem, mas sei que quem assiste são pessoas de idades diferentes, por isso a temática não é unicamente jovem. A gente tem um olhar jovem da plateia a respeito de temas relevantes para todas as idades", concluiu.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que informou a matéria, o cartunista que participa do Roda Viva é Paulo Caruso, e não Chico Caruso. A informação foi corrigida.