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Jéssica Ellen: Escravidão tem de ser motivo de vergonha, como o Holocausto

Jessica Ellen em foto do single "Macumbeira" - Gabriela Maria / Divulgação
Jessica Ellen em foto do single 'Macumbeira' Imagem: Gabriela Maria / Divulgação

Do UOL, em São Paulo

21/11/2020 12h45

A cantora e atriz Jéssica Ellen, estrela de "Amor de Mãe", defendeu que a escravidão que aconteceu no Brasil seja tratada como a Alemanha trata o Holocausto. Ellen lançou ontem o single "Macumbeira", que trata de intolerância religiosa, e deu sua visão sobre o passado do Brasil.

"Em qualquer esquina da Alemanha você vê referências ou museus sobre o Holocausto. É importante manter as feridas abertas. Tive um professor alemão que deu uma bronca em um aluno que fez uma piada. A escravidão tem que ser motivo de vergonha para a gente, assim como o Holocausto é para os alemães", defendeu Jéssica, em entrevista para O Globo.

"Mas hoje, no Brasil, há quem questione se houve escravidão aqui, assim como quem nega a ditadura. Enquanto não reconhecermos as chagas não há como curá-las ou revertê-las", acrescentou, enquanto o Brasil vive novo movimento de protestos, agora pela morte do homem negro João Alberto Silveira Freitas, em um mercado Carrefour de Porto Alegre, após ser agredido por um segurança e um PM provisório.

Jéssica relembrou a luta antirrascista que começou no primeiro semestre, nos EStados Unidos e disse que vê avanços.

"O assassinato de George Floyd e o isolamento social fizeram a gente perceber que não há opção, temos que olhar para essa questão. Acho que houve uma tomada de consciência das pessoas, mas não adianta fazer um projeto e ter a equipe formada só por gente branca. Tem que sair do discurso e ir para a ação", afirmou a atriz e cantora.

Outro ponto defendido dela é de que o povo preto conheça suas raízes.

"Sei pouco da história da minha família. Sempre pergunto à minha mãe e à minha avó sobre suas lembranças. Gosto dessa pesquisa familiar, e me encanta a cultura da oralidade da umbanda e do candomblé. Como somos um país colonizado, acabamos não tendo esse registro dos nossos antepassados", disse Jéssica, ao jornal.