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Programa de TV da Rússia usa blackface para retratar Barack Obama em sátira

Atriz russa pinta o rosto de preto para retratar Barack Obama - Reprodução/Twitter
Atriz russa pinta o rosto de preto para retratar Barack Obama Imagem: Reprodução/Twitter

De Splash, em São Paulo

01/12/2020 15h58

Um programa de televisão da emissora russa NTV está sendo criticado por exibir uma sátira a Barack Obama em que a atriz que interpretava o ex-presidente dos Estados Unidos usando blackface — que é a técnica de pintar o rosto de preto para retratar pessoas negras.

A cena foi divulgada no Twitter por Alexey Navalny — famoso opositor do Kremlin. Ele afirmou que o apresentador do programa "Mezhdunarodnaya Pilorama", enviou sua filha para estudar em Nova York.

Na sátira, o apresentador Tigran Keosayan entrevista Barack Obama. "Agora vamos ao vivo para o lado negro da história da América, Barack Obama", diz para, em seguida, entrar na tela uma atriz com o rosto pintado de preto vestida de rapper, usando uma bandana vermelha e correntes.

Obama, então, começa a cantar "Black Lives Matter" (do inglês, vidas negras importam), em referência aos protestos contra a brutalidade policial e a morte de negros nos EUA.

"Você poderia parar de gritar? Nós não temos racismo, o máximo que você conseguiria é ser confundido com uma cigana", afirmou o apresentador.

Ele pergunta se Obama considera seu livro de memórias, "Uma Terra Prometida", uma conquista porque, segundo o apresentador, nenhum parente de ex-presidente já tinha escrito um livro.

A sátira de Obama responde: "Nenhum dos meus parentes que vieram antes de mim sabia escrever".

Para concluir, o apresentador diz que Obama deveria ter sido rapper em vez de presidente dos EUA.

Resposta da esposa do apresentador

Em uma sequência de publicações feitas no Twitter, Margarita Simonyan — esposa do apresentador e editora-chefe de um canal estatal, disse que o The Times, jornal britânico que noticiou a sátira e cobrou esclarecimentos do programa, ignorou as nuances étnicas da Rússia e repetiu o "racismo imperialista" que vem de muitos séculos.

"Como alguém que faz parte de uma minoria étnica na Rússia, Tigran regularmente zomba, no ar, de seu grande nariz 'étnico' e de pertencer a uma comunidade 'negra' (pesquise se você não sabe quais são as etnias lidas como 'pretas' na Rússia)", escreveu.

"O fracasso do The Times em compreender as nuances de várias tensões étnicas em diferentes países e suas tentativas de transferir para o mundo os traumas específicos do legado do mundo anglo-saxão onde tais injustiças nunca aconteceram são as marcas registradas mais óbvias do imperialismo racista de vários séculos. O racismo simplesmente mudou de cor", concluiu.