Topo

AM: Cantora do Boi Garantido morre com covid-19 dias após ter bebê

Roci Mendonça, cantora do Boi Garantido - Reprodução
Roci Mendonça, cantora do Boi Garantido Imagem: Reprodução

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Macapá

10/01/2021 16h10Atualizada em 11/01/2021 07h28

Morreu na noite de ontem, em Manaus, a cantora Roci Mendonça, 39 anos, backing vocal do grupo do Boi-Bumbá Garantido, uma das duas agremiações do tradicional Festival de Parintins, no Amazonas. Ela não resistiu às complicações da covid-19 e sofreu três paradas cardíacas dias depois de dar à luz o primeiro filho, de acordo com a família.

A morte da cantora também foi confirmada pelo Garantido na manhã de hoje, em publicação nas redes sociais. É a segunda morte de um membro do grupo amazonense em poucos dias. O compositor Rafael Marupiara também perdeu a vida em razão da covid-19, na sexta-feira (8).

Roci estava grávida de seu primeiro filho, que nasceu de sete meses. O parto aconteceu enquanto a cantora estava internada em tratamento da doença causada pelo novo coronavírus, em 31 de dezembro.

O bebê está internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da maternidade Ana Braga, em Manaus, em processo de ganho de peso para receber alta e não corre risco de morte, informou a família ao UOL.

O enterro da cantora aconteceu por volta das 11h (horário de Brasília) de hoje no cemitério Recanto da Paz, em Manaus.

"Ela com certeza está na glória ao lado de Deus, pois cumpriu o propósito com sua voz, que ainda ecoará em muitos corações. Nos últimos dias, ela teve experiências profundas e divinas e tenho certeza de que agora está cantando nos céus", comentou Louse Riger, irmã da cantora.

Em nota, o Garantido homenageou a cantora, chamada entre os membros do grupo de "rouxinol" —pássaro conhecido pela afinação de seu canto na floresta.

"Canta rouxinol na porteira. Canta rouxinol na ribeira. Canta a Roci no céu. Aplausos pedimos agora, a quem o Supremo escolheu. Não cabe ao Boi Garantido selecionar a voz de Deus. Canta Roci. Canta no 'bem querer'. Canta para sempre: teu boi Garantido nunca vai te esquecer", diz um trecho da publicação.

Garantido em surto de covid-19

Além de Roci e Rafael, o Boi Garantido está em alerta por causa de outros membros do grupo que também foram diagnosticados com covid-19. Um deles é o levantador de toada David Assayag, 52 anos, um dos principais nomes do festival folclórico. Ele está internado em Manaus, informou ao UOL a assessoria de comunicação do artista, e seu quadro é estável.

Além dele, ainda estão com covid-19 Márcia Siqueira, levantadora de toadas; Enéas Dias, diretor geral musical, e Rubens Alves, colaborador e compositor.

"A Associação Folclórica Boi Bumbá Garantido reitera que acompanha de perto o desenrolar de cada situação e faz de tudo para ajudar a solucionar o que é possível e ao alcance de nossas ações. No mais, seguimos em oração para a plena recuperação de todos", disse a entidade em nota.

Zezinho Correa vocalista do grupo Carrapicho - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Zezinho Correa vocalista do grupo Carrapicho
Imagem: Reprodução/Instagram

Zezinho, do Carrapicho, segue na UTI

Zezinho Corrêa, vocalista do grupo de toada amazonense Carrapicho, também está com covid-19 e permanece internado na UTI, em Manaus, confirmou a assessoria de comunicação do cantor ao UOL.

O artista está no hospital desde 5 de janeiro, e seu quadro clínico é estável, apesar de intubado para respirar com ajuda de aparelhos. Não há previsão de alta.

Amazonas vive novo surto

O Amazonas enfrenta um novo caso de surto de covid-19. Na primeira semana de janeiro, o governo decretou estado de calamidade pública pelo período de seis meses, e o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), estabeleceu "situação de emergência" na capital.

Segundo o boletim divulgado ontem pela Superintendência de Vigilância em Saúde, 43 pessoas com o novo coronavírus morreram nas últimas 24 horas e outras 11 de dias anteriores.

O estado tem 1.920 pacientes internados e outros 396 à espera de um leito clínico ou de UTI, o que forçou o governo amazonense a requisitar a abertura de 103 leitos no hospital Nilton Lins, em Manaus. A unidade atendeu com estrutura de campanha entre abril e julho de 2020, quando o estado teve seus sistemas de saúde e funerário em colapso pela pandemia.

Já são 5.569 pessoas que perderam a vida para a covid-19 de um total de 212.996 infectados desde o início da pandemia no Amazonas.