Ana Maria usa inexistente 'racismo reverso' para criticar fala de Lumena
A apresentadora Ana Maria Braga usou a falsa e inexistente ideia de "racismo reverso" para criticar uma fala de Lumena no "BBB 21". A sister se referiu a branquitude de Carla Diaz, que também está no reality.
Ana Maria exibiu o trecho de Lumena e perguntou se ela, que é branca, tinha culpa da branquitude — termo que fala da naturalização do branco como padrão, que passa a tratar os outros como "não-brancos" e que tira privilégios por isso.
"Não entendi esse negócio de branquitude. A gente tem culpa disso? Está acontecendo aí um reverso. Você tem que votar em alguém, não importa a cor. É um jogo, é feio isso", questionou ela.
O repórter Ivo Madoglio endossou o discurso dizendo que não pode ter uma "rivalidade entre brancos e negros" — na verdade, a população negra exige maior acesso e cumprimento dos seus direitos assegurados na Constituição Federal, o que lhe garantiria tratamento igual ao que se tem na população branca.
A apresentadora opinou:
Tem coisa melhor que a mistura, que dá o mulato, que dá o jambo maravilhoso, que é a maioria do brasileiro. Fazer um preconceito reverso nessa é uma bobagem, é uma pena perder esse tempo
O termo "mulato" é discutido por ter uma conotação racista, se referindo ao animal "mula", que nasce da junção de duas espécies. O IBGE usa os termos "pretos" e "pardos" para se referir à população que compõe a comunidade negra no Brasil.
Já o repórter também exaltou a miscigenação — que se deu por relações de violência na colonização, além da falsa ideia de democracia racial defendida por Gilberto Freyre — como argumento contra a fala de Lumena.
"E lembrar que não há um brasileiro 'brasileiro', purinho. Todo mundo por dentro tem a raiz negra", disse Ivo
Racismo reverso não existe
O racismo tem a ver com relações de poder. O Brasil teve cerca de 300 anos de escravidão até a promulgação da Lei Áurea em 13 de maio de 1888.
Contudo, não houve nenhuma forma de reparação para a população negra, ou seja, nenhuma inserção do negro na sociedade da época.
Hoje, há abismos sociais que mostram quem sofre com o racismo: no segundo trimestre de 2020, a taxa de desemprego ficou em 13,3%, com a seguinte desagregação por cor da pele: pretos (17,8%), pardos (15,4%) e brancos (10,4%); negros são mais de 70% dos jovens que abandonam a escola.
No ano passado, um estudo do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde, grupo da PUC-Rio, mostrou que pretos e pardos morrem mais de covid-19 no Brasil do que brancos.
Lumena não fez nenhum "preconceito reverso", como disse Ana Maria Braga — quem está se beneficiando da relação de poder na sociedade são os brancos, e reconhecer os privilégios da branquitude faz parte do avanço na luta antirracista.
Nas redes sociais, a fala de Ana Maria foi criticada.
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