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Tabloides britânicos reagem a entrevista de Meghan Markle a Oprah

07.mar.21 - Meghan Markle e Harry são entrevistados por Oprah - Harpo Productions/Joe Pugliese
07.mar.21 - Meghan Markle e Harry são entrevistados por Oprah Imagem: Harpo Productions/Joe Pugliese

Colaboração para o UOL*, em São Paulo

08/03/2021 08h45

A entrevista de Meghan Markle e príncipe Harry concedida à Oprah Winfrey na noite de ontem gerou muita revolta para os tabloides britânicos. Em um especial de duas horas, o duque e a duquesa de Sussex fizeram revelações polêmicas a respeito dos bastidores da família real, revelando os motivos que os fizeram se afastar da nobreza britânica.

Antes da entrevista ir ao ar, o Daily Mail considerou a conversa como um "espetáculo secundário". Hoje, o tabloide publicou mais de vinte matérias a respeito da entrevista, trazendo como uma das grandes manchetes a acusação de Meghan Markle de racismo do Palácio Real. O tabloide, assim como sua ramificação The Mail on Sunday, têm feito uma cobertura bastante incisiva a respeito da vida do casal. Meghan Markle chegou a entrar com uma ação contra os jornais pela publicação de uma carta privada que escreveu ao seu pai.

Assim como outros jornais, que fecharam suas edições antes da exibição da entrevista, o Daily Mail tem como manchete a "forte" mensagem sobre o "dever" apresentada pela rainha Elizabeth II no domingo durante um discurso exibido pela televisão britânica por ocasião do Dia da Commonwealth.

O apresentador do Good Morning Britain, Piers Morgan, iniciou o seu programa na manhã de hoje furioso com a entrevista. "Estou com raiva a ponto de ferver. Estou enojado com o que acabei de ver", afirmou.

De acordo com ele, Príncipe Harry havia "metralhado" sua família com a entrevista e que isso foi "tão desleal". "Ele tem atacado sua família inteira na TV global enquanto o Príncipe Phillip está no hospital", disse Morgan. "A América está destruindo nosso país e destruindo nossa monarquia agora", acrescentou.

Morgan ainda revelou não acreditar nas alegações de Meghan Markle. "Não acredito em uma palavra do que ela diz, Meghan Markle. Não acreditaria em um boletim meteorológico se ela lesse."

Mais tarde, o apresentador levou o tema para as redes sociais em uma série de publicações. Entre elas, Morgan defendeu que "qualquer um que critique Meghan Markle é automaticamente considerado um agressor racista, mas quando ela intimida sua funcionária ou atira contra a família de seu marido na TV global, é um pedido de ajuda de uma pobre vítima."

Na semana passada, a Duquesa de Sussex foi acusada de bullying por um ex-funcionário do Palácio de Buckingham.

Escrevendo no The Sun, Matt Wilkinson disse que "Meghan Markle pode nunca mais retornar à Grã-Bretanha depois de enfurecer a Família Real com uma entrevista bombástica da Oprah." Na publicação, o jornalista ainda cita que membros da família real estão planejando não assistir à entrevista e afirma que o casal poderia "ter queimado suas pontes" por não contar à nobreza "o que estava no bate-papo de duas horas antes de ser mostrado."

Dan Wooton, um ex-editor do The Sun e agora um apresentador de rádio, escreveu no Twitter que "Harry e Meghan explodiram seu relacionamento com a família real, especialmente Charles e William" e que "é difícil ver uma reconciliação já que eles rotularam a realeza de racistas e indiferentes. Certamente eles deveriam renunciar a seus títulos de duque e duquesa?"

Já o The Telegraph comparou a saída de Markle ao de Wallis Simpson, esposa de Eduardo VIII. "O mais triste é que Wallis e Edward, apesar de terem sido banidos, foram obedientes e patrióticos até o fim", escreveu Anna Pasternak no jornal. Antes da Segunda Guerra Mundial, Edward e Wallis Simpson eram suspeitos de serem simpatizantes do nazismo e visitaram Adolf Hitler em 1937.

Nas redes sociais, Marina Hyde, colunista do The Guardian, defendeu os tabloides, afirmando que as alegações de Meghan Markle e Príncipe Harry eram apenas uma visão dos acontecimentos. "A verdadeira dignidade é MailOnline - que encabeçou seu site com um desfile frenético, histérico e ininterrupto dos splashes de Meghan e Harry por muitos dias - explicando que é apenas um espetáculo secundário. 'Nosso veredicto: ninguém dá a mínima para a única coisa sobre a qual escrevemos'."

O jornal The Times também repercutiu as alegações de Markle."O que quer que a família real esperava desta entrevista, isto foi pior", afirmou o jornal . "Meghan teve tendências suicidas. Estava preocupada com seu bem-estar psicológico. Chorou em um ato oficial. E a família real não ajudou", completa o jornal, antes de afirmar que são "acusações prejudiciais" para a instituição monárquica.

De acordo com o jornal, eles apresentaram a "imagem de um casal vulnerável, que se sentia preso em seu papel e desprotegido pela instituição."

Na opinião do conservador Daily Telegraph a família real precisa de um "colete à prova de balas" diante de uma entrevista que contém "bombas suficientes para afundar uma flotilha". "E possivelmente, como alguns podem temer, causar danos semelhantes à monarquia britânica".

"É justo dizer que esta entrevista de duas horas sem concessões é o pior cenário para aqueles que o casal não deixou de se referir como 'a empresa' (The Firm)", completa o jornal, em alusão às reflexões racistas que Meghan e Harry denunciaram ter sofrido por parte de uma pessoa não identificada do palácio antes do nascimento de seu primeiro filho, Archie.

O canal ITV também utilizou uma metáfora militar: "O casal efetivamente carregou um bombardeiro B-52, voou sobre o Palácio de Buckingham e depois descarregou seu arsenal bem acima dele". Para a BBC, a entrevista é "devastadora" e revela "as terríveis pressões dentro do palácio", além de traçar a "imagem de indivíduos insensíveis perdidos em uma instituição tão perdida como eles".

O tabloide Daily Mirror insiste na "imensa tristeza" do príncipe herdeiro Charles, pai de Harry, e de seu irmão mais velho William, enquanto o Daily Express critica uma "conversa televisionada com Oprah que serve aos próprios interesses do casal", que mora nos Estados Unidos depois que abandonou a monarquia em 2020.

Na manhã de hoje, a hashtag AbolishTheMonarchy (Abolir a Monarquia, em tradução livre), chegou ao topo dos assuntos mais comentados do Reino Unido. Um grupo chamado "República" liderou as chamadas, rotulando a Família Real de uma "instituição podre".

"A monarquia acaba de ser atingida por sua pior crise desde a abdicação em 1936. Seja pelo bem da Grã-Bretanha ou da realeza mais jovem, essa instituição podre precisa ser eliminada", diz tuíte.

*Com informações da AFP