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Alessandra Negrini sobre rótulo de símbolo sexual: 'Totalmente ridículo'

Alessandra Negrini fala sobre a chegada dos 50 anos de idade - Imagem: Reprodução/Instagram@alessandranegrini
Alessandra Negrini fala sobre a chegada dos 50 anos de idade Imagem: Imagem: Reprodução/Instagram@alessandranegrini

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/03/2021 07h32Atualizada em 29/03/2021 10h38

Alessandra Negrini aparecerá bem mais velha na série "Fim", que deve estrear ainda neste ano na Globo. A atriz passará pela caracterização para ganhar mais idade, já que a produção vai acompanhar um grupo de amigos durante vários anos de suas vidas.

Em entrevista para Patrícia Kogut, de "O Globo", ela falou sobre a série. "Já gravamos bastante, mas paramos no ano passado por causa da pandemia. Estou louca para fazer 'Fim' de novo. É uma série linda, com texto maravilhoso. A gente estava muito entrosado, parece que fomos feitos para aquilo. O elenco se deu muito bem. Começamos pela fase dos velhos, então, não terá problema de continuidade, porque está todo mundo com maquiagem de envelhecimento", explicou.

A personagem de Alessandra terá um lado cômico, segundo ela. "A personagem é engraçada, meio rabugenta na velhice. Ela lembra muito uma personagem do Tchekhov, a Macha. Ela se casa sem amar muito, porque está todo mundo se casando. É meio de mal com a vida. Mas esse mau humor acaba gerando humor. É bem legal", pontuou.

Atualmente, Alessandra está no ar em outra série, "Cidade Invisível", da Netflix, onde interpreta a Cuca, entidade que faz parte do folclore brasileiro. A atriz comemorou o sucesso da produção, que teve uma segunda temporada já confirmada pela empresa de streaming.

A repercussão é incrível, surpreendente. A gente torcia para que fosse um sucesso, mas nunca se sabe o que vai acontecer. Eu tenho recebido muitas mensagens carinhosas, amorosas. É um público muito jovem, que talvez não conhecesse tanto meu trabalho pela idade. Tem muitos memes, são muito engraçados.

Em seguida, ela relembrou um deles: "O mais engraçado que eu vi foi um que dizia: "Vou processar por propaganda enganosa porque falaram que você ia vir me pegar e até agora estou esperando, mas você não apareceu", brincou.

Outros projetos

Os trabalhos mais recentes têm impedido Alessandra de voltar para as novelas. A última da qual participou foi "Orgulho e Paixão", em 2018. "Eu curto fazer novela também, depende da novela, do personagem... Essa última foi muito feliz. Adoraria que reprisassem. E eu tenho outras coisas que faço na vida: cinema e teatro... Nunca fui uma pessoa que fez uma novela atrás da outra. Nunca quis, meu objetivo de vida não era esse. Mas nunca recusei personagens legais. Jamais recusaria", frisou.

Fora dos folhetins, Alessandra pode acompanhar a estreia seu filho, Antonio Benício (de sua relação com Murilo Benício) em "Amor de Mãe". E como boa mãe coruja, foi só elogios ao rapaz.

Antonio é muito talentoso, sincero, verdadeiro. Não é um ator que fica fazendo caras e bocas. Ele é profundo. Isso me deixou muito satisfeita. O resto é adquirir experiência. A gente só adquire fazendo. Chato é que a pandemia parou tudo, bem quando ele estava começando. Espero que volte logo.

A atriz relembrou que sempre procurou proteger seus filhos da exposição na mídia. Além de Antonio, ela é mãe de Betina, de sua relaçaõ com o cantor Otto. "Nenhum deles gostava de aparecer. O Antonio agora expõe o que ele quer expor enquanto adulto. Enquanto crianças e adolescentes, eles sempre foram muito preservados. Nunca gostaram de ficar aparecendo, e eu respeito e entendo".

Privacidade e redes sociais

Alessandra revelou que saiu do Rio de Janeiro, onde morava, em busca de mais privacidade. "Quando tinha muito paparazzi, eu já não aguentava mais. Em São Paulo era bem mais tranquilo. Então, quando me mudei, a coisa acalmou. Mas isso também é algo do passado. Agora tudo mudou. Depois das redes, você é que dá o tom da sua privacidade e diz até aonde quer ir. Antigamente, o assédio era maior mesmo, e São Paulo foi uma saída para mim", lembrou.

As redes sociais foram um ponto de mudança na relação da atriz com seu público. "Fui descobrindo aos poucos. No começo, eu tinha vergonha de ficar postando, fazendo cara de linda, me enaltecendo. Tinha muita vergonha. Dizia: 'Meu Deus, que coisa ridícula. Como posso fazer isso?'. Aí eu fui me acostumando, vendo que o jogo é este e que eu tinha que fazer parte dele".

Descobri um lado que acho legal, que não é só ficar postando foto de linda, mas também brincar. É importante para as pessoas me conhecerem e terem acesso. E elas gostam. Comecei a encarar aquilo como algo legal, não só de vaidade, mas de comunicação. Só que até hoje às vezes vou postar uma foto e fico num dilema: 'Será que posto isso? Que vergonha. Com a situação terrível que estamos vivendo, vou fazer uma cara aqui tomando sol, de linda?'.

Alessandra prosseguiu: "Fico constrangida, confesso. Não é tão simples para mim, mas hoje me divirto mais. Vejo que as pessoas gostam, algumas me agradecem e dizem que meu Instagram dá esperança. Então, penso: 'Opa, serve para alguma coisa'".

Por fim, Alessandra garantiu que tenta não reforçar nas redes sociais o estigma de "símbolo sexual" que recebeu durante sua carreira. "Vejo outras pessoas que fazem isso muito mais. As pessoas gostam de mim pela minha... Não sei dizer. Acho que é além disso, mais uma coisa no olhar", explicou.

"Pelo menos eu quero acreditar, acho que é mais profundo do que isso, do que essa superficialidade. Ainda bem que não existe mais esse negócio de símbolo sexual, isso é totalmente ridículo. Estamos em tempos melhores. As pessoas gostam de mim pelo que sou. Eu sou um conjunto de coisas, sou várias coisas, não só isso. E eu nem sou assim. Tem atrizes muito mais bonitas. Eu sou eu", ponderou.